Mercado 4.0 exige equilíbrio emocional e domínio da tecnologia
Por Anaisa Catucci |

A busca por resultados consistentes e inovação está cada vez mais atrelada à forma como as empresas investem nos profissionais, utilizando a tecnologia como diferencial estratégico na gestão de pessoas. As discussões desta sexta-feira (26), do segundo dia do HJ Conference 2025, em Concórdia (SC), reuniu especialistas em gestão, neurociência e branding, que reuniram as prioridades do mercado de trabalho 4.0.
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A revolução tecnológica e a Inteligência Artificial (IA) impõem uma redefinição no perfil profissional, conforme destacou a professora Ana Paula Fiório, especialista em educação corporativa, na Arena SENAI. Para ela, o futuro do trabalho, até mesmo na área industrial, está reservado para quem consegue equilibrar o domínio técnico com uma postura mais analítica atrelada a competências emocionais.
O grande diferencial, segundo Ana Paula, é a capacidade de lidar com Big Data, transformando a coleta e o armazenamento de dados em insights práticos para o negócio, o que demanda uma sólida alfabetização tecnológica. Para ela, o modelo de ensino estático acabou e a regra é a aprendizagem contínua.
A atualização profissional e o sucesso em ambientes inovadores dependem, em grande parte, da segurança psicológica. Essa foi a tese defendida por Patrícia Gomes, CEO da Athens Gestão e Pessoas e referência em neurociência aplicada, que palestrou na Plenária Feira de Negócios. Para isso, ela citou que é crucial mudar a forma de pensar em relação ao erro, que ainda é muito focada na punição.
"Mudar essa mentalidade é fundamental para criar a segurança psicológica para inovar", afirmou Patrícia. A gestão de desempenho deve analisar a experimentação e incentivar a cultura de aprendizado contínuo, utilizando "perguntas norteadoras" em sistemas de check-in e avaliação.
Lucas Miguel Gnigler, doutor em administração e professor da FGV, reforçou a visão durante o mesmo debate. "Todo erro é uma oportunidade de inovar", sublinhando a necessidade de valorizar a tentativa. Patrícia ainda ressaltou que a capacidade de lidar com o inesperado se torna um diferencial. "Coloque na agenda o horário do imprevisto, para planejar a capacidade de resposta, não para evitar o inesperado," orientou.
A tecnologia, aliás, não auxilia apenas no desenvolvimento, mas começa no recrutamento e seleção. "Nada de entrevistas de cinco minutos. É preciso conhecer realmente quem será contratado, e a tecnologia deve ser uma aliada na coleta e interpretação de informações," defendeu.
Identidade, cultura e propósito como motores de crescimento
Esses insights reforçam a visão de Edu Debiasi, especialista em branding, que também participou de painel, disse que a união entre identidade, cultura e estratégia reflete diretamente na atração, retenção e receita, potencializando o crescimento por meio de ferramentas e insights tecnológicos.
A motivação que sustenta a alta performance não reside em metas puramente quantitativas ou em recompensas triviais, mas sim no vínculo humano e no sentido que se encontra nas tarefas. Essa foi a principal mensagem da especialista em saúde social e propósito, Suzana Cunha, fundadora da SPIREU e ex-executiva do LinkedIn, durante sua palestra no palco principal do evento.
Desmistificando a ideia de que a felicidade é um objetivo de chegada, a palestrante reforçou que ela está intrinsecamente ligada à necessidade humana de pertencer. "A gente quer pertencer," afirmou. Tais habilidades humanas e socioemocionais, segundo sua tese, são o verdadeiro futuro do trabalho, que será, inevitavelmente, mais humano e socialmente saudável.
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