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Inteligência Artificial no trabalho atinge profissionais jovens e vagas caem 13%

Por  • Editado por Melissa Cruz Cossetti | 

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Reprodução/Freepik (imagem gerada por IA)
Reprodução/Freepik (imagem gerada por IA)

Um relatório apresentado em 26 de agosto por pesquisadores da Universidade de Stanford aponta que a inteligência artificial (IA) já afeta o mercado de trabalho, e que vagas para trabalhadores entre 22 e 25 anos tiveram um declínio de 13%.

Esse impacto negativo foi observado em ocupações expostas à IA generativa, como engenharia de software, atendimento ao cliente e marketing. Os dados indicaram que as quedas de emprego se concentraram em funções em que a IA tende mais a automatizar tarefas do que a aumentar a capacidade humana.

Em contraste, a pesquisa mostrou que o emprego em áreas menos expostas à IA e entre profissionais mais experientes nas mesmas funções permaneceu estável ou até apresentou crescimento.

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As análises foram conduzidas por Erik Brynjolfsson, Bharat Chandar e Ruyu Chen — especialistas do Laboratório de Economia Digital da Universidade de Stanford — e levaram em conta dados administrativos da ADP, maior fornecedor de software de folha de pagamento dos Estados Unidos.

“Embora nossas estimativas principais possam ser influenciadas por fatores além da IA generativa, os resultados são consistentes com a hipótese de que a IA generativa já começou a afetar de forma significativa os empregos de nível inicial”, escreveram os pesquisadores no relatório.

Seis fatos-chave sobre o impacto da IA no emprego

As pesquisas resultaram no que os especialistas definiram como “seis fatos-chave”, elaborados após a análise dos dados. Segundo os autores, essas conclusões oferecem uma avaliação detalhada de como a IA está remodelando a força de trabalho.

Confira a seguir os seis fatos destacados pelos pesquisadores de Stanford:

1. Queda no emprego de jovens

Foram identificadas reduções substanciais nos empregos de trabalhadores em início de carreira — entre 22 e 25 anos — que ocupam posições mais expostas à IA generativa, como desenvolvimento de software e atendimento ao cliente.

Em contrapartida, as tendências de emprego para trabalhadores mais experientes nas mesmas ocupações ou em cargos menos expostos à IA — como auxiliares de enfermagem — permanecem estáveis ou em crescimento.

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2. Estagnação desde o final de 2022

Os pesquisadores mostraram que o emprego na economia, de modo geral, segue crescendo de forma robusta. No entanto, entre trabalhadores jovens, o crescimento tem sido estagnado desde o final de 2022.

“Nas ocupações mais expostas à IA, trabalhadores de 22 a 25 anos tiveram uma queda de 6% no emprego entre o final de 2022 e julho de 2025, em contraste com um aumento de 6% a 9% para os mais velhos”, destacaram os especialistas.

3. Queda no emprego depende do uso da IA

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Nem todos os usos da IA estão associados a quedas de emprego. Segundo a pesquisa, os postos de nível inicial diminuíram em aplicações de IA que automatizam tarefas, mas não naquelas em que a IA aumenta a produtividade.

Nos cargos em que a inteligência artificial teve como papel ampliar a capacidade dos profissionais, foi observado crescimento no emprego.

4. Declínio mesmo após efeitos de tempo e empresa

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As conclusões também mostraram que as quedas no emprego de jovens em ocupações expostas à IA permaneceram mesmo após controlar efeitos de tempo e empresa.

Esse fator resultou em uma redução relativa de 13% no emprego de pessoas entre 22 e 25 anos.

5. Maiores impactos no emprego do que na remuneração

Os pesquisadores de Stanford destacaram que os ajustes no mercado de trabalho afetam mais o emprego do que a remuneração.

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“Diferente dos resultados para emprego, encontramos pouca diferença nas tendências salariais anuais por idade ou nível de exposição, o que sugere possível rigidez salarial. Nesse caso, a IA pode ter efeitos mais fortes sobre o emprego do que sobre os salários, ao menos inicialmente”, explicaram os autores.

6. Padrões se mantêm em diferentes abordagens

O sexto fato-chave mostra que os padrões se mantêm mesmo em ocupações não afetadas pelo trabalho remoto e em diferentes formas de construção de amostras.

Os especialistas afirmam que os resultados não se explicam apenas por ocupações ligadas à computação ou por cargos suscetíveis ao trabalho remoto e à terceirização.

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“Também constatamos que a taxonomia de exposição à IA não previa de forma significativa os resultados de emprego de jovens trabalhadores em períodos anteriores, antes da disseminação ampla dos LLMs (modelos delinguagem de grande porte), inclusive durante o aumento do desemprego provocado pela pandemia de COVID-19”, acrescenta o relatório.

Uso estratégico da IA

Erik Brynjolfsson, um dos autores do relatório, ressalta que o fato de trabalhadores que usam a IA para ampliar suas capacidades serem menos afetados pelas mudanças mostra a importância de adotar essa tecnologia de forma estratégica.

“Acho justo dizer que a tecnologia sempre destruiu empregos e sempre criou empregos. Se quisermos gerar não apenas maior produtividade, mas também prosperidade amplamente compartilhada, usar a IA para ampliar, e não apenas automatizar, o trabalho é um bom caminho”, afirmou o pesquisador em entrevista à revista Time.
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Fonte: Universidade de Stanford