IA já renegociou mais de R$ 500 milhões em dívidas no Brasil
Por Claudio Yuge |

No Brasil, onde mais de 78 milhões de pessoas convivem com dívidas, uma nova protagonista entrou em cena para dar um gás nas renegociações: a inteligência artificial. A fintech Monest divulgou seu Anuário Cobrança com IA 2025 e revelou que sua agente virtual Mia já conduziu mais de 6 milhões de conversas e negociou R$ 500 milhões em dívidas desde o início de 2024. Um marco que coloca a IA conversacional como peça-chave na recuperação de crédito no país.
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A Mia atende via WhatsApp e telefone, conduzindo negociações de forma automática — mas com aquele toque humano que o brasileiro valoriza. A tecnologia entende abreviações, erros de digitação, variações emocionais e até lida com situações sensíveis, como luto e desemprego, com empatia programada. Uma mudança e tanto para um setor historicamente marcado por experiências ríspidas.
A eficiência impressiona. Em algumas operações, 92% das conversas foram resolvidas sem envolvimento humano, o que reduz custos e acelera acordos. Entre janeiro de 2024 e agosto de 2025, foram mais de 25 milhões de mensagens trocadas e 700 mil acordos fechados, com o WhatsApp liderando — afinal, o app está em 99% dos celulares do país.
Nos bastidores financeiros, os números mostram por que as empresas estão apostando alto na automação. Segundo o relatório, a IA entregou um ROI 226% maior que o atendimento humano tradicional, com um custo médio de R$ 15,95 por acordo — menos da metade do custo convencional.
Lançada em agosto, a Mia Voz passou a realizar ligações com timbre natural, pausas e até sotaques. Em um teste com 70 mil chamadas, a recuperação foi 7,6% superior ao atendimento humano, chegando a 9% da carteira.
Com um montante total de dívidas acima de R$ 494 bilhões no país, o cenário é fértil para ferramentas inteligentes capazes de unir dados, empatia e escala. Uma mistura que, ao que tudo indica, pode transformar uma das experiências mais estressantes para o consumidor em algo mais transparente — e até digno de conversa.
A cobrança virou diálogo, e o robô, paradoxalmente, está deixando tudo mais humano. O campo de batalha agora é o WhatsApp, mas o jogo real está na reconstrução de confiança. E, na economia do futuro, negociar talvez soe menos como cobrança e mais como reconexão.
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