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Entenda o que levou à venda do banco Credit Suisse para seu maior rival

Por  • Editado por Claudio Yuge | 

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Reprodução/Freepik
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Nesta segunda-feira (20), as ações do banco suíço UBS registraram alta após a instituição financeira anunciar a aquisição do Credit Suisse por US$ 3,25 bilhões, equivalente a R$ 17 bilhões na cotação atual. A compra é o mais novo desdobramento envolvendo a crise no mercado internacional.

O Banco Nacional da Suíça anunciou a compra no último domingo (19), após o principal acionista do Credit Suisse, o Saudi National Bank anunciar que não faria nenhum novo aporte. A desconfiança em relação à saúde financeira do banco suíço causou pânico, derrubando as bolsas em todo o mundo.

As últimas semanas foram de grande apreensão para o mercado financeiro e seus acionistas, após dois dos principais bancos norte-americanos declararem falência em um intervalo de dois dias. O Silicon Valley Bank, conhecido como o banco das startups, e o Signature Bank colapsaram após uma enxurrada de saques de seus clientes.

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O que aconteceu com o Credit Suisse?

O Credit Suisse, um dos principais bancos do mundo, já passou por diversas polêmicas, incluindo a crise de crédito de 2008. Na ocasião, o banco foi considerado culpado por manipular o valor de hipotecas para elevar os bônus durante a crise, além de incentivar a evasão fiscal de seus clientes.

A instituição financeira também já foi condenada a pagar uma multa de US$ 117 milhões, cerca de R$ 613 milhões, após ter sido acusada de lavagem de dinheiro e sonegação de impostos por meio de apólices de seguro. Os clientes do banco ainda perderam US$ 10 bilhões (R$ 52,4 bilhões), após o colapso da empresa britânica de serviços financeiros Greensill. Por último, o Credit Suisse foi condenado por ter ajudado uma quadrilha búlgara a lavar dinheiro relacionado ao tráfico de cocaína.

Neste mês, poém, veio a gota d'água, após o relatório anual a pedido da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) ter apontado questões sobre balanços de 2019 e 2020. O Credit Suisse identificou "fraquezas materiais" nos controles internos de divulgação de resultados financeiros, além de não ter conseguido impedir a saída de clientes de sua base — trazendo perdas de mais de US$ 120 bilhões (R$ 633,5 bilhões) para o banco.

O impacto no mercado foi imediato e as ações do banco suíço começaram a cair. O anúncio de que o Saudi National Bank, da Arábia Saudita, não poderia fornecer mais assistência financeira à instituição por questões regulatórias só acelerou o processo de desvalorização dos papéis em mais de 20%.

Com a crise, o governo suíço passou a intermediar as negociações para a compra do Credit Suisse pelo UBS Group AG. A compra foi confirmada no valor de US$ 3,25 bilhões (R$ 17 bilhões) e o acordo inclui uma assistência de liquidez de US$ 108 bilhões (R$ 568,86 bilhões) por parte do Banco Nacional da Suíça.

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Linha do tempo

Confira a linha do tempo da crise no mercado internacional, a seguir;

8 de março, Silicon Valley Bank pede ajuda para investidores: SVB anuncia que precisa fortalecer seu balanço e levantar US$ 2 bilhões (R$ 10,5 bilhões) em capital, sendo forçado a vender uma carteira de títulos com prejuízo de US$ 1,8 bilhão (R$ 9,44 bilhões).

9 de março, ações do SVB caem 60%: O pânico se espalhou nas redes sociais entre os investidores, provocando uma onda de retiradas de recursos de clientes, resultando numa queda de 60% nas ações do banco.

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10 de março, a quebra do SVB é decretada: Os órgãos reguladores norte-americanos tomam controle do Silicon Valley Bank e anunciam a sua falência — sendo considerada a maior queda bancária desde a crise de 2008. Cerca de US$ 175 bilhões (R$ 918 bilhões) de depósitos de clientes estão sob custódia do fundo garantidor de crédito dos EUA. A queda da entidade bancária criou uma ação em cadeia, levando investidores a se desfazer de ações de bancos de médio porte, como First Republic, Signature Bank e Western Alliance

12 de março, a quebra do Signature Bank é decretada: O Signature Bank foi vítima do pânico em torno do SVB e tem sua quebra decretada pelos reguladores. O banco central americano, o Departamento do Tesouro e o fundo garantidor de crédito anunciaram em conjunto uma série de ações e medidas para proteger os clientes e fornecer financiamento adicional aos bancos — numa tentativa de impedir que a crise se alastre.

14 de março, SEC inicia investigação contra a SVB: Após uma forte queda no dia anterior, com as ações First Republic caindo 60%, os bancos começam a recuperar parte de suas perdas.O Departamento de Justiça e a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) abriram investigações sobre o colapso do Silicon Valley Bank.

15 de março, Credit Suisse sofre forte desvalorização: Ações do Credit Suisse caem 24% após o Saudi National Bank recusar novo aporte. A desconfiança sobre a real situação do banco suíço causou a queda de bolsas ao redor do mundo. O Banco Nacional da Suíça anunciou que iria intervir dando apoio financeiro ao Credit Suisse.

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16 de março, bancos anunciam aquisição de crédito para contornar a crise: O Credit Suisse anuncia um empréstimo de US$ 53,7 bilhões (R$ 281 bilhões) do banco central suíço. Um grupo de 11 bancos americanos anuncia uma injeção de US$ 30 bilhões (R$ 157 bilhões) no First Republic Bank para tentar salvar o banco.

17 de março, ações seguem em queda em bolsas nos EUA e Europa: Apesar das tentativas, as bolsas nos EUA e na Europa continuam em queda.

19 de março, UBS anuncia compra do Credit Suisse: O banco suíço UBS fechou a compra do seu rival, o Credit Suisse, por US$ 3,25 bilhões (R$ 17 bilhões), visando evitar mais turbulências no mercado bancário global.

Fonte: Estadão; G1; G1 (2)

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