EmTech | Como Open Health e IA podem impulsionar a medicina personalizada
Por João Melo • Editado por Melissa Cruz Cossetti |

A integração de dados via Open Health — que conecta e padroniza dados de saúde de diferentes fontes — e o uso da inteligência artificial (IA) estão redefinindo os cuidados na jornada do paciente, com foco em tratamentos cada vez mais personalizados. Esses avanços já podem ser percebidos na área da saúde do Brasil.
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A digitalização no setor da medicina foi um dos pontos centrais dos debates realizados no segundo dia do EmTech Brasil 2025, nesta terça-feira (30).
Dados disponibilizados pela pesquisa TIC Saúde 2024, desenvolvida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), apontam que 90% dos hospitais públicos do país contam com ao menos um sistema eletrônico para registro das informações dos pacientes. Entre as instituições privadas, o número sobe para 93%.
Contudo, a unificação desses dados para melhorar a jornada de tratamento das pessoas e otimizar os processos dos médicos ainda é algo que os especialistas consideram que precisa ser analisado.
“Temos uma questão muito relevante a ser tratada, que é como unificar todos esses dados. Open Health é um requisito para que possamos usar inteligência artificial como próximo passo”, destacou Luiz Durão, CIO da Origin Health.
Luciana Portilho, coordenadora de projetos de pesquisas TIC do Cetic.br, afirmou que o uso desses dados na área da saúde vai além da tecnologia e depende também da especialização das pessoas que lidam com essas informações.
"Esses profissionais têm que fazer treinamento em segurança da informação, entender como usar os sistemas. Equipes multidisciplinares são essenciais para que a coleta de dados seja eficiente e segura”, ressaltou Portilho.
IA e a jornada contínua do paciente
Neste cenário de inovações, o Open Health cria a base de dados para que os sistemas de IA possam aplicar essas informações a fim de personalizar o tratamento dos pacientes. Com isso, a saúde vai além do diagnóstico pontual, permitindo acompanhar continuamente todo o histórico da pessoa.
"O grande ganho será quando nós conseguirmos conectar de fato as pessoas com uma jornada de cuidado contínuo. Porque nós nos tornamos excelentes gestores de eventos, mas ninguém faz gestão ao longo da vida das pessoas", explicou Sergio Ricardo Santos, sócio e vice-presidente da Galileu Saúde.
O executivo acrescenta que utilizar a IA na medicina de precisão é uma grande oportunidade para fazer um acompanhamento do paciente em um regime “24 por 7”, com médicos tendo acesso a dados que foram cruzados e tratados pela tecnologia.
Com os dados integrados e profissionais capacitados para lidar com essas informações, os modelos de inteligência artificial podem cada vez mais antecipar problemas de saúde e orientar decisões clínicas de forma personalizada.
Avanços dependem da qualidade dos dados
Contudo, Alexandre Chiavegatto Filho, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, ressaltou que o sucesso neste tipo de abordagem depende da qualidade dos dados, o que confere ainda mais importância à base fornecida pelo Open Health.
“Machine learning aprende via exemplos. Se os dados são mal coletados, o algoritmo não aprende. Precisamos desses dados para criar predições confiáveis”, pontuou o docente.
Os especialistas entendem que há agora uma grande oportunidade de desenvolver sistemas eficientes e integrar os avanços tecnológicos à medicina, para que a área esteja sempre alinhada com outros setores que incorporam a tecnologia aos serviços diários.
“Se não pudermos converter a IA para promover acompanhamento contínuo, teremos desperdiçado talvez uma das maiores capacidades que a tecnologia pode trazer para a saúde das pessoas”, enfatizou Sergio Ricardo Santos.
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Fonte: Pesquisa TIC Saúde