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“Cibersegurança é o futuro”, diz CEO do CESAR sobre IA e inovação em Recife

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Divulgação/CESAR
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O ecossistema de tecnologia e inovação de Recife, o Porto Digital, consolidou-se como um pilar essencial para a economia digital brasileira. Classificado como o maior parque tecnológico urbano e aberto da América Latina, ele registrou um faturamento de R$ 6,2 bilhões no ano passado.

À frente deste movimento está o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR), instituição âncora com quase três décadas de atuação, que agora se posiciona como Centro de Competência em Cibersegurança e detalha em entrevista exclusiva sua visão sobre o potencial da IA Generativa e os desafios para transformar o Nordeste no "Vale do Silício brasileiro".

O CESAR emprega mais de 1,4 mil colaboradores no polo, desenvolve soluções tecnológicas de ponta, atua em inovação aberta e forma talentos por meio da CESAR School, integrando tecnologia, aceleração de negócios (ventures) e educação. Diante da influência, o centro expandiu os negócios para a Europa, com sede em Aveiro, Portugal.

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Com um faturamento de R$ 400 milhões em 2024, o CESAR realiza mais de 130 projetos anuais para cerca de 80 clientes. A relevância é ainda reforçada pela parceria com o Google para fortalecer a cibersegurança e pelo credenciamento pelo MCTI/Embrapii como Centro de Competência em Cibersegurança, um projeto com investimento aproximado de R$ 60 milhões.

Em entrevista exclusiva ao Canaltech, Eduardo Peixoto, CEO do CESAR, detalhou o papel da instituição no cenário nacional, o potencial da Inteligência Artificial Generativa e os desafios para a consolidação do Nordeste como um centro global de inovação. A conversa ocorreu durante o REC'n'Play, realizado entre os dias 15 e 18 de outubro, evento de tecnologia e cultura digital que a instituição apoia anualmente.

Nesta matéria, você vai encontrar:

  • Economia digital e inovação em Recife;
  • IA Generativa e a revolução na produção de software;
  • Cibersegurança é a "área do futuro"; e
  • Capital de risco e o desafio para o Nordeste no tech.

Economia digital e inovação em Recife

Nascido em 1996, um ano após essa fase inicial de expansão da internet no Brasil, o CESAR foi idealizado com um propósito de desenvolver talentos locais.

“O propósito e o objetivo da criação da organização foi exatamente construir aqui em Recife, a partir de Recife, uma economia digital,” explica Peixoto.

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A intenção, segundo o CEO do CESAR, era reter os alunos que se graduaram nas universidades da região e que, de outra forma, sairiam para o Sudeste ou para fora do país. A tecnologia atua como um motor de mudança sistêmica, trazendo oportunidades e qualificando o capital humano.

Dados do Porto Digital indicam que o polo já é o segundo maior arrecadador de Imposto Sobre Serviços (ISS) na prefeitura de Recife, mesmo com os benefícios fiscais para as empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs).

“Passados quase 30 anos, essa mudança de matriz [econômica], está se concretizando,” afirma. Atualmente, a instituição impulsionou, nos últimos dois anos, mais de mil startups e tem mais de 2 mil empresas cadastradas na plataforma "da.tes”, que é um sistema de conexão entre startups, investidores e empresas.

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O CESAR atua em três eixos complementares: educação (graduação, mestrado, doutorado e especializações) pela CESAR School, apoio a startups e transformação de empresas maduras. Esse tripé orienta a instituição a sempre buscar a vanguarda e a “fazer melhor, fazer mais,” como descreve Peixoto, citando o DNA de “inquietude” da organização.

IA Generativa e a revolução na produção de software

Se a internet causou a primeira grande ruptura na sociedade, Peixoto enxerga na IA Generativa a próxima revolução. A IA Generativa é um tipo de inteligência artificial capaz de criar novos conteúdos, como texto, imagens, código ou áudio, a partir de dados existentes, diferentemente da IA tradicional, que foca em analisar e classificar dados.

O CEO do CESAR faz a distinção entre a IA já existente e o potencial disruptivo da IA Generativa, comparando seu impacto ao início da internet, que modificou radicalmente o cotidiano.

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“Muito provavelmente a IA Generativa, ela tem essa força como a internet teve de de novo modificar muito fortemente diversas atividades, diversos modelos de negócio de diferentes setores,” pontua Peixoto.

No CESAR, a atenção está voltada para como essa tecnologia modificará a produção de software, a educação e a interação professor-aluno.

Peixoto relata que a primeira experiência com a IA Generativa o chocou, mesmo sendo da área. A sensação foi comparada à famosa entrevista de David Bowie em que ele descreve a internet como um “alienígena”.

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"Foi a sensação que eu tive quando eu experimentei a IA generativa, eu falei: 'que absurdo, como é que ela está respondendo desse jeito?'," disse o CEO, descontraído. O executivo ressaltou que a força dessa nova tecnologia está no potencial de modificar a interação e de criar novas infraestruturas para modelos de negócios que eram, até então, inviáveis.

Cibersegurança é a "área do futuro"

A dependência cada vez maior de sistemas digitais torna a cibersegurança um tema central. Para Peixoto, é a área do futuro.

“Se eu tivesse começado agora na área de tecnologia, eu apostaria em cyber. Porque eu não vejo no curto, nem no médio, nem no longo prazo o conhecimento em cyber deixar de ser importante,” afirma.

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A cibersegurança se torna fundamental porque, com a digitalização de todos os serviços, a invasão de sistemas pode causar prejuízos incalculáveis, paralisando empresas e serviços essenciais.

Em resposta a essa necessidade global, o CESAR lançou, no ano passado, o Centro Integrado de Segurança em Sistemas Avançados (CISSA). Com um aporte de R$ 60 milhões da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), o centro foca em pesquisa, empreendedorismo e formação. O diferencial do CISSA é o foco em antecipar ataques hackers, em vez de apenas corrigir vulnerabilidades pós-ataque.

O projeto conta ainda com a parceria do Google para fortalecer a área. “É uma preocupação global. Assim como os hackers, a gente tem que atuar em rede para aprender muito rápido com outras instituições também. O CISSA ele vai ser conectado globalmente,” explica o CEO, citando a iminente delegação à Alemanha para estabelecer parcerias internacionais.

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O centro também conta com a Febraban como um parceiro estratégico em seu conselho consultivo. Além disso, desenvolve projetos em cooperação com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e mantém parcerias acadêmicas como a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Universidade do Porto e de Coimbra.

Capital de risco e o desafio para o Nordeste no tech

Apesar dos avanços e do talento humano, o principal desafio para o Nordeste se consolidar como um polo de inovação, e se tornar o "Vale do Silício brasileiro", é a falta de capital de risco.

O investimento é visto como essencial para dinamizar a economia por meio da criação de startups, que, por não terem as “amarras” das empresas maduras, são capazes de promover a inovação radical.

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“Do mesmo jeito a economia precisa de startups também,” compara. A criação de um ecossistema de risco atrai mais empresas e investidores, criando um círculo virtuoso de crescimento.

Para os próximos anos, o CESAR e seus parceiros devem concentrar em um tripé tecnológico que, na visão de Peixoto, puxará as grandes transformações: Inteligência Artificial, Computação de Alto Desempenho (com a visão de Quantum Computing no horizonte) e Segurança Cibernética.

“O que esperar do CESAR é que a gente vai estar ali na luta, na vanguarda, tentando trazer o que existe no estado da arte, compartilhando com esse ecossistema,” conclui Peixoto, reforçando a crença em um ecossistema aberto, onde conexões fortalecem a todos. O objetivo é que a instituição continue a ser um motor de transformação, utilizando a pesquisa científica e a experimentação rápida para navegar no desconhecido.

Sobre o Porto Digital

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O Porto Digital é o principal distrito de inovação da América Latina há 25 anos, com ecossistemas colaborativos que visam transformar o entorno com novas tecnologias, economia criativa e ferramentas que melhoram a vida em sociedade.

Localizado na área histórica da cidade do Recife, sua atuação abrange os setores de produção de software, serviços de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e Economia Criativa.

REC'n'Play: O Festival de Tecnologia e Cultura

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Realizado pelo Porto Digital, Ampla Comunicação e Sebrae Pernambuco, o REC'n'Play nasceu em 2017 para levar os temas de tecnologia, inovação e empreendedorismo para toda a população do Recife.

Conhecido como o "Carnaval do Conhecimento", o evento se consolidou como um dos maiores do país, promovendo debates sobre o futuro em um ambiente interativo que une conteúdo especializado com atividades artísticas e culturais.

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