As piores vagas de tecnologia no Brasil em 2025
Por Claudio Yuge |

O mercado brasileiro de tecnologia atravessa 2025 exibindo números robustos: aumento de investimentos corporativos em digitalização, aceleração de projetos de inteligência artificial (IA) e demanda firme por profissionais qualificados. Ainda assim, nem todo crachá tech abre a porta para uma carreira confortável.
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Um consenso silencioso se forma entre recrutadores, sindicatos, relatórios de clima e pesquisas de bem-estar no trabalho: algumas funções ligadas à tecnologia entraram de vez na lista das piores ocupações do país.
O levantamento reúne notícias em sites e relatos em fóruns sobre as condições de trabalho, assim como os fatos, projeções e tendências que fizeram parte do mercado brasileiro neste ano. São informações de sites especializados em novidades corporativas, ofertas de vagas, artigos sobre tendências e relatórios de grupos de Recursos Humanos; além de registros sobre o comportamento dos profissionais empregados, contratantes e candidatos.
Isso tudo veio de dezenas de fontes, como Forbes Brasil, LinkedIn, Brasscom, Glassdoor, Fundação Getúlio Vargas e até fóruns como o Reddit. Entre os padrões encontrados estão jornadas imprevisíveis, pressão constante, metas surreais, salários aquém do imaginado e apostas arriscadas em um setor que vive cenários incertos e inconsistência de bases estáveis.
Suporte técnico e Help Desk
O suporte técnico — especialmente em níveis júnior — segue como uma das posições mais árduas. Enquanto o discurso corporativo exalta “experiência do usuário”, quem atende o usuário recebe o impacto direto: filas intermináveis, problemas urgentes, metas rígidas e gestão por SLA.
A imagem glamourizada da TI dá lugar ao cotidiano de guerras de ticket e plantões com pouco reconhecimento. Não é raro encontrar profissionais migrando para outras áreas após poucos meses — quando não deixam o setor de tecnologia de vez.
Moderadores e anotadores para IA
O Brasil se tornou polo de mão de obra para rotulagem de dados e moderação de conteúdo, combustível essencial para treinar sistemas de IA generativa. Porém, a realidade desse trabalho contrasta com o brilho das big techs: jornadas fragmentadas, remuneração por volume, pouca proteção e exposição constante a material sensível.
As plataformas digitais aceleraram a demanda, mas o modelo lembra uma linha de produção emocional — repetitiva, exaustiva e invisível.
Customer Success e Suporte de Service-as- a-Service (SaaS)
No papel, CS é sobre relacionamento e retenção. Na prática, para muitas empresas, virou atendimento técnico, suporte emocional e cobrança comercial embalados na mesma função. Colete à prova de frustração incluído; adicional de insalubridade emocional, não.
Para completar, fusos horários internacionais e promessas agressivas de metas transformam jornadas em maratonas.
Dev júnior em startup acelerada
A narrativa da startup disruptiva ainda seduz, mas para muitos desenvolvedores juniores a rotina inclui deploy a cada meia batida de coração, reuniões intermináveis e plantões não remunerados. A cultura do “move rápido e quebre coisas” continua firme — com o detalhe de que, quando algo quebra, quem perde o fim de semana é o júnior de plantão.
É o clássico sonho de “fazer parte do futuro” contra a realidade de virar bombeiro digital crônico.
Testador manual de software anual (ou QA manual)
Em empresas que ainda não automatizaram seus processos de teste, o teste de software manual ocupa um limbo: trabalho crítico, porém subestimado. A função sofre com tarefas repetitivas, pressão para entregar volume e caminhos de carreira mal definidos.
Em um mundo que promete automação crescente, estar do lado mais manual da indústria pode ser como tentar remar contra uma esteira rolante.
Por que isso acontece?
Independentemente da função, empresas com metas inalcançáveis, gestão rígida por KPI, comunicação agressiva e pouca transparência transformam qualquer cargo tech em pesadelo recorrente. As avaliações em plataformas de carreira seguem escancarando o fenômeno: não é só sobre tecnologia, é sobre estrutura humana.
E além da cultura de ambiente tóxico observada nas empresas de tecnologia, há três forças principais que vêm atuando no mercado nacional:
O contraste é explicado por três forças principais:
- Polarização do mercado: falta profissional sênior, sobra júnior — pressão salarial natural;
- Automação parcial: aumenta demanda por mão de obra barata para rotular, testar e atender;
- Cultura de urgência permanente: tecnologia virou base de operações; se cai, para tudo — e alguém vira responsável automático.
No fundo, as piores vagas de tecnologia em 2025 são sintoma de uma indústria que escala mais rápido do que cuida de quem a move. Back-end, dados, segurança, governança digital, engenharia de plataforma e especializações em IA continuam oferecendo melhores trilhas de remuneração e qualidade de vida — desde que a cultura empresarial acompanhe.
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