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Tubarões testam positivo para cocaína no Brasil

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Rui/Rui.oliveira@apexdive.com/Pixabay
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No litoral do Brasil, cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) testaram tubarões para contaminação por cocaína e descobriram que os animais estavam intoxicados pela droga. Ainda não se sabe quais os riscos do consumo acidental da substância. 

Para ser mais específico, a equipe de pesquisadores analisou 13 tubarões da espécie Rhizoprionodon lalandii, popularmente conhecida como tubarão-bico-fino-brasileiro ou ainda cação-rola-rola. Encontrados na costa do Rio de Janeiro, todos os animais estavam contaminados, segundo estudo publicado na revista Science of the Total Environment.

“No Brasil, estudos já detectaram a contaminação de água e alguns poucos seres aquáticos por cocaína, como mexilhões”, explica Enrico Mendes Saggioro, ecotoxicologista do IOC/Fiocruz e autor do estudo, em nota. Entretanto, esta é a primeira vez que a droga ilícita é localizada em tubarões. 

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Consumo de cocaína no Brasil

Como aponta o mais recente relatório do escritório das Nações Unidas para drogas e crimes (Unodc), o Brasil está entre os maiores consumidores de cocaína do mundo. Por trás desse elevado consumo, está a contaminação dos tubarões, que é um efeito colateral até então desconhecido.

Os tubarões não consomem cocaína de forma proposital e nem lotes da droga são jogados no mar. Se isso ocorrer, trata-se de uma grande exceção.

Na verdade, a substância chega até esses predadores pelo esgoto não tratado. Esse resíduo pode ser liberado pelos laboratórios ilegais onde a cocaína é refinada e também pelo encanamento dos próprios usuários. 

Tubarões contaminados por cocaína

Os tubarões analisados no estudo são de uma espécie pequena, na qual os adultos chegam a medir cerca de 80 cm. Por isso, os espécimes foram comprados pelos próprios pesquisadores de pesqueiros da cidade do Rio, que os capturam por engano entre os anos de 2021 e 2023.

Em laboratório, os animais foram dissecados, e os tecidos muscular e hepático foram testados para a presença de cocaína através de uma técnica conhecida como cromatografia líquida com espectrometria de massa em tandem.

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"O resultado é impressionante”, afirma o cientista Saggioro. “Encontramos a substância [ilícita] em todos os 13 tubarões analisados e em apenas um deles não foi detectado a benzoilecgonina, que é o principal metabólito da droga”, acrescenta. 

Cocaína nas águas do Rio de Janeiro

“É necessário realizar estudos específicos para determinar as consequências exatas dessa contaminação nos animais”, afirma Rachel Ann Hauser-Davis, bióloga e autora do estudo. Possivelmente, a droga pode impactar o crescimento, a maturação e até a reprodução dos tubarões. Inclusive, pesquisas nos EUA já avaliam a questão devido ao tráfico internacional.

Também não se sabe como a cocaína pode impactar o habitat marinho das costas do Rio. Neste caso, serão necessárias análises complementares no bairro do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, onde os espécimes foram capturados.

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Fonte: Science of the Total EnvironmentFiocruz