Morre Dalton Trevisan, o vampiro de Curitiba
Por Paulinha Alves |

Faleceu na segunda-feira (9) aos 99 anos, o contista brasileiro Dalton Trevisan. Conhecido popularmente como o “vampiro de Curitiba”, nome de um de seus livros, o autor foi assim apelidado por manter uma vida reservada na capital paranaense, cidade onde nasceu, cresceu e fez história.
Nascido em 14 de junho de 1925, sob o nome de Dalton Jérson Trevisan, o contista reconhecido internacionalmente chegou a formar-se em Direito na Universidade Federal do Paraná e exercer a profissão por alguns anos enquanto fazia suas primeiras incursões no mundo da escrita.
No final dos anos 1940, no entanto, influenciado pela efervescência cultural da época, deu seu primeiro grande passo no cenário artístico, lançando a revista Joaquim.
Marco cultural da cidade de Curitiba, o folhetim reuniu ensaios de alguns dos escritores mais importantes daquela geração, como Mário de Andrade e Carlos Drummond de Andrade, além de traduzir publicações de pensadores como Proust, Kafka e Sartre.
A partir daí, Trevisan lançou-se de vez no mundo literário, sempre explorando o cotidiano da cidade como linha narrativa para suas histórias, que mesmo sendo muitas vezes locais, tratavam de temas universais, capazes de conectarem-se com diferentes públicos.
Ao longo de sua carreira, o autor teve mais de 50 obras publicadas, entre elas Cemitério de Elefantes (1964), O Vampiro de Curitiba (1965), Mistérios de Curitiba (1968), A Polaquinha (1985) e 111 Ais (2000). Uma bibliografia bastante produtiva, que contou inclusive com a publicação de contos em antologias alemãs, argentina, americanas, dinamarquesas e polonesas.
Um homem premiado e recluso
Figura especialmente popular e reverenciada em Curitiba, o autor não dava entrevistas desde os anos 1970, quando também parou de frequentar o meio literário, conversar com estranhos ou receber os prêmios que ganhava.
As condecorações, inclusive, não foram poucas, com Trevisan chegando a ganhar por unanimidade o Prêmio Camões de 2012, e sendo reconhecido no mesmo ano pela Academia Brasileira de Letras com o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra.
A notícia da morte do escritor foi revelada no Instagram oficial do contista ainda na segunda-feira (9). Amigos, colegas de profissão e admiradores prestaram suas homenagens no perfil, que também chegou a republicar algumas dessas mensagens, entre elas os dizeres “Vampiros não morrem. Deixam rastros indeléveis.”