Acionistas processam a Volkswagen em €9 bilhões por escândalo do Dieselgate
Por Carlos Dias Ferreira |
A Volkswagen pode ter que desembolsar mais alguns bilhões de euros para reparar o estrago deixado pelo chamado “Dieselgate” – o escândalo envolvendo emissão de poluentes em carros da marca fabricados entre 2009 e 2015. Dessa vez, quem pede reparação é um grupo de acionistas institucionais que diz ter sido lesado pela tramoia feita pela Volks para enganar órgãos de regulação estadunidenses.
Liderados pela Deka Investment, os investidores encaminharam 1.670 demandas, nas quais pedem o total de €9 bilhões como reparação por danos financeiros. Segundo os queixosos, a companhia deveria ter avisado seus acionistas da manobra, a fim de que pudessem evitar o tombo financeiro. De fato, as ações da Volkswagen caíram 37% logo após o esquema ter sido revelado pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA.
“A VW deveria ter avisado o mercado que eles trapacearam e geraram um risco de bilhões”, declarou o advogado da Deka, Andreas Tilp, ao site Redaktions Netzwerk. “Nós acreditamos que a Volkswagen deveria ter emitido um alerta até o final de junho de 2008 sobre não disporem da tecnologia que precisavam para atender os requisitos dos EUA.”
Em nota, a montadora alemã afirmou que os membros do conselho não infringiram quaisquer regras de divulgação, tendo repassado aos acionistas todas as informações que possuíam na ocasião. A defesa da Volks também apontou que a EPA jamais havia processado uma fabricante em mais de US$ 100 milhões antes por fraude envolvendo emissões. No caso da VW, a multa foi de US$ 4,3 bilhões.
11 milhões de veículos afetados
O Dieselgate se tornou notório em 18 de setembro de 2015, no momento em que a EPA (US Environmental Protection Agency) emitiu uma “nota de violação”, descortinando anos de testes fraudulentos envolvendo os carros a diesel da VW. Basicamente, o software responsável pela injeção eletrônica dos veículos fabricados entre 2008 e 2015 foi deliberadamente adulterado para conter emissões de óxido de nitrogênio apenas pelo tempo em que durassem os testes do órgão de regulação estadunidense.
A companhia já havia sido processada em € 1 bilhão em junho deste ano pelo promotor do estado de Braunschweig, segundo o qual houve “brechas de supervisão no departamento de desenvolvimento de motores” – resultando em cerca de 11 milhões de veículos a diesel com softwares adulterados para trapacear em testes de emissão de poluentes.
Até o momento, a Volks já pagou aproximadamente US$ 14 bilhões a clientes afetados pelo esquema nos EUA, embora este seja o primeiro caso de um processo grande tocado em território alemão. Até recentemente, a Alemanha não permitia esse tipo de ação; mesmo assim, os queixosos em potencial têm apenas até o final de 2018 para engrossar as fileiras da Deka Investment.
Fonte: Redaktions Netzwerk