Tim Berners-Lee quer devolver o controle da internet aos usuários
Por Redação | 03 de Julho de 2018 às 07h25
Não é de hoje que Tim Berners-Leeexpressa em alto e bom som o seu desagrado em relação aos rumos que a internet tomou. Mas não fica só no discurso: o “pai” da World Wide Web tem juntado esforços a longo dos anos com várias propostas focadas na redemocratização da grande rede — e a mais nova delas foi batizada com o nome minimalista de “Solid”.
Trata-se de um projeto colaborativo de código aberto que pretende devolver o controle da internet aos usuários. Basicamente, o desenvolvedor quer reduzir a hegemonia exercida por empresas como Google, Facebook e Amazon sobre o fluxo caudaloso — e altamente rentável — de dados que compõe a rede hoje.
“Há pessoas trabalhando em laboratórios tentando imaginar como a Web poderia ser diferente; como a sociedade na Web poderia parecer diferente”, disse Berners-Lee em entrevista ao site Vanity Fair. A ideia seria devolver às pessoas a decisão sobre o que fazer com seus próprios dados, incluindo a possibilidade de poder lucrar com essas informações. “Nós estamos construindo todo um novo ecossistema", disse.
Uma injeção de fôlego
Embora o Solid já esteja em desenvolvimento há algum tempo, Lee e sua equipe parecem ter atingido algum tipo de meta recentemente, resultado de um aumento significativo dos esforços envolvidos. Quem trabalha com ele garante: a empolgação é a mesma de 30 anos atrás, momento em que a primeira versão funcional da WWW era posta para funcionar (tornando-se pública cinco anos depois).
Pode-se imaginar que, ao menos em parte, esse fôlego extra seja uma resposta a eventos recentes que deixaram o criador da internet abertamente abalado — como o escândalo envolvendo a utilização de dados sensíveis por parte da Cambridge Analítica, ou ainda as alegações envolvendo o governo russo com as eleições presidenciais dos EUA em 2016. Berners-Lee diz ter tomado diretamente as dores, sentindo-se fisicamente abalado. Talvez seja mesmo o momento para uma resposta à altura.
Fonte: Vanity Fair