Pais estão indignados com o uso de fotos de alunas em anúncios feitos pela Meta
Por João Melo • Editado por Melissa Cruz Cossetti |

Pais do Reino Unido acusam a Meta de utilizar fotos de alunas menores de idade na volta às aulas em anúncios de divulgação do Threads no Instagram — ambas as redes sociais pertencem à empresa de Mark Zuckerberg.
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Um homem de 37 anos afirmou ter recebido diversos anúncios da concorrente do X (antigo Twitter) que exibiam postagens de meninas de 13 a 15 anos em uniformes escolares, com rostos visíveis e, em alguns casos, nomes à mostra.
Em contato com o The Guardian, o usuário relatou que as postagens às quais teve acesso mostravam exclusivamente fotos de meninas em idade escolar, sem a presença de meninos uniformizados, por exemplo.
“Para mim, exibir esse tipo de conteúdo como tendência parece deliberadamente provocativo e, no fim das contas, explorador em relação às crianças e famílias envolvidas, colocando em risco sua segurança online”, declarou o homem, sob anonimato, ao jornal britânico.
As imagens foram utilizadas pela Meta para promover sua rede social a partir de publicações feitas por pais no Instagram relacionadas à volta às aulas.
Indignação dos pais
O pai de uma menina de 13 anos que aparece em uma das publicações promocionais classificou a atitude da empresa como “absolutamente ultrajante”, destacando que, na maioria dos conteúdos selecionados, as meninas aparecem de saia curta.
“Quando descobri que uma imagem dela havia sido explorada de uma forma aparentemente sexualizada por uma empresa enorme como essa para comercializar seu produto, fiquei bastante enojado”, afirmou ao The Guardian.
A mãe de uma adolescente de 15 anos considerou a prática da Meta “repugnante”, visto que não sabia que a postagem da filha estava sendo usada como promoção na plataforma.
Ela ressaltou que sua conta no Instagram, com apenas 267 seguidores, tinha alcance modesto, mas o conteúdo promocional chegou a 7 mil visualizações. Entre esses usuários, 90% não a seguiam, metade tinha mais de 44 anos e 90% eram homens.
“A Meta fez tudo isso de propósito, sem nos informar, porque eles querem gerar conteúdo. É desprezível. E quem é o responsável por criar aquele anúncio no Threads usando fotos de crianças para promover a plataforma para homens mais velhos?”, questionou outra mãe, cuja foto do filho de 13 anos também foi usada pela empresa de Zuckerberg.
Reação de ativistas
Beeban Kidron, parlamentar britânica independente e ativista pelos direitos das crianças online, classificou a Meta como “deliberadamente descuidada” ao recomendar o Threads usando fotos de estudantes.
“Em todas as oportunidades, a Meta privilegia o lucro em detrimento da segurança e o crescimento da empresa em detrimento do direito das crianças à privacidade”, afirmou Kidron.
Ela sugeriu que o Escritório de Comunicações (Ofcom, na sigla em inglês) — instituição responsável pela regulação dos setores de comunicação no Reino Unido — verifique se suas regras de combate ao aliciamento online estabelecem que empresas não podem oferecer imagens sexualizadas de crianças para adultos nas redes sociais.
Posicionamento da Meta
Em nota, a Meta afirmou que as postagens fazem parte de um recurso chamado “ferramentas de recomendação” e que publicações públicas feitas em contas de adultos podem ser utilizadas para esse objetivo.
“As imagens compartilhadas não violam nossas políticas e são fotos de volta às aulas postadas publicamente pelos pais. Temos sistemas para ajudar a garantir que não recomendemos Threads compartilhados por adolescentes ou que contrariem nossas diretrizes de recomendação, e os usuários podem controlar se a Meta sugere suas publicações públicas no Instagram”, informou a companhia.
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Fonte: The Guardian