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Jornalista tem celular invadido após veicular matéria sobre Jair Bolsonaro

Por| 24 de Setembro de 2018 às 10h10

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Jornalista tem celular invadido após veicular matéria sobre Jair Bolsonaro
Jornalista tem celular invadido após veicular matéria sobre Jair Bolsonaro

A repórter Talyta Vespa, do site Universa, portal voltado ao público feminino e afiliado ao UOL, teve seu celular invadido e suas mensagens profissionais e pessoais, bem como suas mídias e agenda de contatos, removidas do aparelho por um invasor após escrever para o site uma matéria sobre o grupo “Mulheres Com Bolsonaro”. Na descrição de perfil do aplicativo, o invasor deixou apenas escrito “bolsonaro”.

A invasão ocorreu após o Universa veicular a matéria "Entrei no grupo 'Mulheres com Bolsonaro' e fui expulsa em dois minutos” publicada na última quarta-feira, dia 19 de setembro, contendo entrevista com três membros do grupo. No dia 21, dois dias depois, por volta de 11h30, ocorreu a invasão. Não foi informado, porém, se o invasor obteve acesso a informações mais privadas, como senhas de apps bancários e de perfis em redes sociais.

Em manifestações públicas de apoio à jornalista, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicado dos Jornalistas Profissionais de São Paulo mostraram repúdio à ação de invasão contra ela: “Para a federação, toda e qualquer forma de agressão ou tentativa de intimidação ao exercício profissional do jornalismo é um atentado à liberdade de imprensa. Por ser a primeira invasão do tipo a nos ser informada, reforçamos a necessidade de investigação das autoridades e colaboração do serviço de mensagens para que sirva de precedente para possíveis novos casos”.

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“A sociedade não pode tolerar que jornalistas sejam perseguidos pela realização de reportagens de interesse público. Naturalmente, a crítica ao trabalho jornalístico é livre e faz parte da democracia. Mas a invasão de perfis em rede social e outras agressões do tipo são crimes e devem ser investigados e punidos. Damos nosso apoio à repórter e nos colocamos, como Sindicato, à sua disposição para tomar todas as medidas cabíveis”, comentou o Sindicato dos Jornalistas.

Foi feito um boletim de ocorrência para apurar o caso.

“Matéria sobre o grupo ‘Mulheres com Bolsonaro’”

Talyta Vespa havia ingressado, dois dias antes, em um grupo de mulheres que se formou em apoio ao candidato à Presidência da República e ex-deputado federal Jair Bolsonaro (PSL). No texto, ela informa ter deixado claro desde o início tratar-se de uma profissional de comunicação e suas intenções de entrevistar membros do grupo foi especificamente informada nas perguntas de triagem, antes de ser aceita. Após ser aprovada, ela fez um pedido de entrevista, identificando-se como jornalista, em um post. Embora tenha recebido comentários de diversas mulheres aceitando o convite, Talyta conta que foi removida e banida pouco tempo depois.

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Em conversa com uma das administradas, que cedeu entrevista mesmo após a expulsão, Talyta foi informada de que poderia haver um receio de que seu perfil fosse falso: “Acho que devem tê-la confundido com um perfil falso e excluído de forma equivocada”. A matéria é parte de uma série de notícias sobre movimentação de grupos femininos no Facebook e tinha o objetivo de informar o público quanto à motivação que leva mulheres a votarem no candidato do PSL.

Segundo o Código Penal, a Lei 12737/2012 (conhecida popularmente como “Lei Carolina Dieckman”) tipifica o crime de invasão de aparato informático, conectado ou não à internet, com pena de três meses a um ano de reclusão e multa. A lei foi sancionada pela então Presidenta da República, Dilma Rousseff.

Fonte: Universa (1) (2); Planalto.gov.br