Há 137 anos nascia Albert Einstein, um dos maiores gênios da ciência moderna
Por Patricia Gnipper | •
Nascido em 14 de março de 1879 e falecido no dia 18 de abril de 1955, Albert Einstein não foi apenas um físico teórico alemão, mas também um dos maiores gênios da ciência moderna. Apesar de sempre ser lembrado por ter elaborado a fórmula matemática de equivalência massa-energia (E=mc²), Einstein foi o responsável pelo desenvolvimento da Teoria de Relatividade Geral, além de também ter feito da mecânica quântica um dos pilares da física atual.
Em 1921, o cientista mais famoso do século XX recebeu o Prêmio Nobel de Física por suas enormes contribuições à física teórica, especialmente por ter descoberto a lei do efeito fotoelétrico, fundamental para a teoria quântica. Einstein também aplicou sua teoria da relatividade geral para modelar e estrutura do universo, tendo publicado mais de 300 trabalhos científicos, além de mais outras 150 obras não científicas.
Mural pintado pelo artista Eduardo Kobra na Rua Oscar Freire, em São Paulo, em homenagem ao cientista (Reprodução: Patricia Gnipper/Fotografia)
Da infância ao início da carreira
Einstein nasceu no Reino de Württemberg, no então Império Alemão, região que hoje se chama Baden-Württemberg, na Alemanha. Filho de um engenheiro judeu, mudou-se com sua família em 1880 para Munique, onde seu pai e tio fundaram uma empresa que fabricava equipamentos elétricos acionados por corrente contínua. A família do jovem Einstein incentivou sua curiosidade insaciável sobre o funcionamento das coisas e o presenteava com livros populares sobre ciência, como por exemplo o “Crítica da Razão Pura”, de Immanuel Kant.
Em 1884, a empresa de seu pai foi à falência após a corrente direta ter perdido a “guerra das correntes” para a corrente alternada, fato que ocasionou uma nova mudança de endereço da família Einstein - dessa vez, para a Itália -, mas o jovem Albert permaneceu em Munique para terminar seus estudos. Aos dezesseis anos de idade (1895), Albert Einstein foi admitido na Escola Politécnica Federal Suíça, mesmo estando a dois anos da idade padrão. No entanto, não conseguiu alcançar o padrão exigido em várias das disciplinas, mesmo apresentando notas excelentes em física e matemática.
A foto data de 1894, quando o jovem Einstein tinha apenas quatorze anos de idade (Reprodução: Divulgação)
Já com dezoito anos, o futuro físico teórico conseguiu evitar o serviço militar renunciando sua cidadania alemã e, em setembro do mesmo ano (1896), conseguiu notas boas o suficiente na instituição de ensino suíça para, em seguida, matricular-se no curso que permitiria obter o diploma de professor de física da ETH-Zurique, onde também estudava Mileva Marić, única mulher entre os seis estudantes de matemática e física do curso e que viria a ser sua primeira esposa.
O ano já era o de 1900 e Einstein recebeu seu diploma de ensino da Politécnica de Zurique, casando-se com Marić três anos depois. O primeiro filho do casal veio em seguida, em 1904, tendo o segundo nascido somente seis anos depois. Contudo, seu casamento não era feliz como esperado e, em 1919, veio o divórcio. Rumores dão conta de que Einstein mantinha diversos casos extraconjugais, mas essas histórias nunca foram confirmadas. Em 1919 casou-se com Elsa Löwenthal, prima materna em primeiro grau e paterna em segundo grau de Einstein. O casal mudou-se para os Estados Unidos em 1933, mas Elsa faleceu por conta de problemas cardíacos e renais em dezembro de 1936.
Após formado, Einstein conseguiu um emprego no Instituto Federal Suíço de Propriedade Intelectual como examinador assistente, onde avaliava pedidos de patentes de dispositivos eletromagnéticos. Essa atividade foi essencial para que o cientista chegasse a suas conclusões radicais sobre a natureza da luz e da conexão fundamental sobre o espaço e tempo no futuro. Junto a alguns amigos, Einstein iniciou um grupo de debates científicos chamado “Academia Olímpia”, com o qual discutia ciência e filosofia incluindo obras de Henri Poincaré, Ernst Mach e David Hume, nomes que serviram de influência para sua visão científica e filosófica.
A vida acadêmica do jovem Einstein
Poucos meses após adquirir a nacionalidade suíça, em 1901, Einstein teve seu artigo “Conclusões Retiradas dos Fenômenos da Capilaridade” publicado no prestigiado periódico acadêmico Annalen der Physik. Esse foi o primeiro artigo publicado pelo jovem cientista de apenas 22 anos de idade, tendo sido bastante elogiado pelos editores.
Em seguida, iniciou seu doutorado pela Universidade de Zurique com o professor de física experimental Alfred Kleiner como seu orientador. Sua tese chamada “Uma Nova Determinação das Dimensões Moleculares” tratava-ve de um artigo sobre as forças moleculares em gases. Einstein concluiu sua tese de mestrado em abril de 1905, ano que posteriormente foi chamado de “O Ano Miraculoso de Einstein”, já que foi nessa época que o cientista publicou quatro trabalhos revolucionários: um sobre o efeito fotoelétrico, outro sobre o movimento browniano, um terceiro a respeito da relatividade especial e mais um sobre a equivalência entre massa e energia.
Albert Einstein em 1905 (Reprodução: Divulgação)
Em 1906 o cientista, já conhecido no meio acadêmico, tornou-se doutor e finalizou um artigo fundamental sobre calor específico, além de colaborar para com o periódico Annalen der Physik elaborando resenhas de livros. No ano seguinte, traçou seus primeiros passos em direção à elaboração da sua famosa teoria da relatividade geral ao reconciliar os princípios da gravidade newtoniana com a relatividade especial, e também usou o princípio da equivalência para elaborar uma nova teoria a respeito do conceito da gravidade.
O ano já era 1909 quando o cientista, já reconhecido pela comunidade, abandonou seu emprego no escritório de patentes e passou a dar aulas de eletrodinâmica na Universidade de Zurique, sendo nomeado professor adjunto e, posteriormente, assumindo o cargo de professor de física teórica no Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH), onde lecionou mecânica analítica e termodinâmica.
Ao retornar à Alemanha, em 1914, foi nomeado diretor do Instituto Kaiser Guilherme de Física e professor da Universidade Humboldt de Berlim, tornando-se membro da Academia Prussiana de Ciências. Dois anos depois, Einstein ganhou o título de presidente da Sociedade Alemã de Física, cargo que ocupou até 1918.
A aclamação como cientista
Alguns anos antes, em 1911, Einstein calculou o seguinte: com base em sua nova teoria da relatividade geral, a luz de uma estrela seria curvada pela gravidade do Sol. Essa previsão acabou sendo confirmada durante o eclipse solar de 29 de maio de 1919 por uma expedição britânica liderada por Sir Arthur Stanley Eddington, e a notícia correu o globo se tornando destaque na mídia internacional e fazendo de Einstein um cientista famoso em todo o mundo.
Ainda em 1919, o The Times - maior jornal britânico - publicou uma matéria sobre as teorias de Einstein com o título “Revolução na Ciência - Nova Teoria do Universo - Ideias de Newton derrubadas”, manchete que fez de Einstein um cientista aclamado por toda a comunidade científica da época. Alguns anos mais tarde, Einstein recebeu o Prêmio Nobel de Física de 1921 por sua explicação do efeito fotoelétrico, também recebendo a Medalha Copley da Royal Society em 1925.
O retrato foi feito logo após Einstein receber o Prêmio Nobel de Física (Reprodução: Divulgação)
Aclamado pelos colegas de profissão e reconhecido mundialmente, o cientista viajou internacionalmente participando de palestras, convenções e conferências científicas, tendo passado pelos Estados Unidos, Singapura, Japão, Palestina, Argentina, Uruguai e também pelo Brasil, onde além de ter participado de várias conferências, visitou universidades e instituições de pesquisas. Aqui no nosso país, Einstein também concedeu entrevistas à imprensa e observou um eclipse solar na cidade cearense de Sobral junto a uma equipe de cientistas britânicos que buscavam comprovar sua teoria da relatividade - até então tida como mera especulação.
A aversão ao nazismo
Já em 1933, Einstein visitava os Estados Unidos quando decidiu que não voltaria mais à Alemanha, uma vez que era completamente avesso aos ideais do partido nazista, que estava chegando ao poder sob a liderança do chanceler Adolf Hitler. Logo após renunciar sua cidadania alemã, o físico soube que o novo governo havia elaborado leis que proibiam judeus de ocupar cargos oficiais, incluindo em universidades, e as obras de Einstein fizeram parte da lista de livros a serem queimados pelos nazistas. Como se a queima de livros não fosse ruim o suficiente, o nome de Einstein esteve em uma lista de alvos de assassinato, com uma recompensa de 5 mil dólares por sua cabeça. O cientista foi então incluído em uma lista de inimigos do regime alemão, e, por conta dessa perseguição, viveu na Bélgica por alguns meses, mudando-se para a Inglaterra a convite pessoal de um oficial da marinha britânica.
No Reino Unido, Einstein foi vigiado e protegido em uma casa de campo fora da capital Londres, conseguindo retornar ao continente norte-americano em outubro de 1933, quando assumiu um cargo no Instituto de Estudos Avançados de Princeton. Dois anos depois, adquiriu a cidadania estadunidense e permaneceu no país até sua morte quase duas décadas depois.
Durante o período em que viveu e trabalhou em Princeton, Einstein completou a versão final de um artigo sobre ondas gravitacionais e escreveu, em parceria com o físico Leopold Infeld, a obra “A Evolução da Física”.
Cidadão dos Estados Unidos
O cientista tornou-se um cidadão norte-americano em outubro de 1940, pouco depois de iniciar sua carreira em Princeton. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Einstein aceitou um apelo por parte da comunidade científica para que escrevesse uma carta recomendando que cientistas de todo o mundo se recusassem a trabalhar em projetos de desenvolvimento de energia nuclear, uma vez que essa tecnologia poderia ser utilizada para gerar ainda mais guerra e trazer mais desgraça aos países envolvidos.
Retrato de Einstein em 1935 (Reprodução: Divulgação)
Em 1946, aceitou o cargo de presidente do Comitê Emergencial de Cientistas Atômicos, com a missão de promover o uso pacífico da energia nuclear, além de difundir o conhecimento e a informação a respeito da energia atômica, bem como promover a compreensão de suas consequências.
Einstein também lutou contra a discriminação racial e a favor dos direitos civis dos afro-americanos nos Estados Unidos, tendo chamado o racismo de “a pior doença da América”. O cientista também chegou a afirmar que “o preconceito de raça infelizmente se tornou uma tradição americana que é acriticamente transmitida de uma geração a outra. Os únicos remédios são a iluminação e a educação”.
Deixando a vida com elegância
Um aneurisma foi descoberto em sua aorta abdominal em 1950. Com poucas opções de tratamento na época, Einstein recusou qualquer tipo de procedimento cirúrgico dizendo: “É de mau gosto ficar prolongando a vida artificialmente. Fiz a minha parte, é hora de ir embora e eu vou fazê-lo com elegância". Naquele mesmo ano assinou seu testamento, deixando todos os seus manuscritos para a Universidade Hebraica de Jerusalém, escola que ajudou a fundar em Israel.
Albert Einstein morreu na manhã de uma segunda-feira, em 18 de abril de 1955, no Hospital de Princeton, aos 76 anos de idade. Suas últimas palavras, no entanto, foram pronunciadas em alemão e não foram compreendidas pela enfermeira que cuidava do cientista.
O físico em 1947, alguns anos antes de sua morte (Reprodução: Divulgação)
As ondas gravitacionais de Einstein
Albert Einstein revolucionou a concepção de espaço ao transformar o conceito de ondas gravitacionais em espaço-tempo quando publicou sua teoria da relatividade geral, que diz que a atração gravitacional observada entre massas resulta da curvatura do espaço e do tempo por essas massas. O conceito de relatividade geral tornou-se, futuramente, princípio essencial na astrofísica moderna, fornecendo, por exemplo, a base para o entendimento de buracos negros (corpos espaciais onde a gravidade é tão intensa que nem mesmo a luz é capaz de escapar).
Ao publicar o artigo “Sobre o Princípio da Relatividade e as Conclusões Tiradas Dela”, Einstein difundiu o princípio da equivalência. No mesmo artigo, o cientista previu o fenômeno da dilatação do tempo gravitacional, fenômeno esse que só seria devidamente comprovado recentemente (mais precisamente em fevereiro de 2016), quando cientistas confirmaram a existência das ondas gravitacionais.
A criação artística retrata a fusão de dois buracos negros que emitiram as ondas gravitacionais observadas pela equipe do LIGO (Reprodução: Divulgação)
Segundo a Teoria Geral da Relatividade, essas ondas seriam transmitidas por todos os corpos em movimento, sendo capazes de deformar o espaço ao seu redor - algo como feixes de energia que distorcem o “tecido” do espaço-tempo. Sim, mesmo corpos pequenos (como nós, seres humanos) seriam capazes de emitir essas ondas, mas em níveis tão baixos a ponto de sua percepção ser praticamente impossível. De acordo com o cientista, apenas objetos bastante massivos e com forte aceleração seriam capazes de emitir ondas impactantes o suficiente para serem identificadas. Ou seja, para que a existência das ondas gravitacionais fosse afirmada, seria necessário observar grandes eventos cósmicos, como uma colisão de estrelas superdensas, ou ainda a junção de buracos negros, ou explosões de estrelas gigantes.
Foi então que pesquisadores do Observatório de Interferometria de Ondas Gravitacionais (LIGO) observaram essas ondas em ação em um local a 1,3 bilhão de anos-luz da Terra ao detectar a interação de dois buracos negros que causou distorções observáveis no espaço. Quer entender melhor como se deu o processo para que os cientistas conseguissem comprovar a existência das ondas gravitacionais previstas por Einstein quase um século atrás? Confira nesta matéria publicada no Canaltech logo após a comunidade científica ter divulgado essa incrível descoberta que pode ter mudado radicalmente nosso entendimento da física moderna.