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Facebook teria acesso a mensagens criptografadas no WhatsApp, acusa organização

Por  • Editado por Douglas Ciriaco | 

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Imagem: M. H./Pixabay
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Um dos trunfos do WhatsApp sempre foi o fato de garantir privacidade às mensagens em razão da criptografia de ponta a ponta, o que impede o acesso não autorizado de outras pessoas. Como também não armazena as conversas na nuvem, ninguém teria acesso ao conteúdo das mensagens, exceto os participantes. Mas um rumor divulgado na imprensa recentemente sugere que o Facebook, empresa controladora do app, é sim capaz de visualizar o conteúdo das mensagens.

A suposta falha de segurança ocorreria, segundo o site 9to5Mac, quando alguém relata uma mensagem como imprópria aos moderadores. Além do conteúdo problemático, a ferramenta enviaria também outras cinco interações anteriores, como forma de ajudar no contexto — nessa situação específica, a mensagem é descriptografada e enviada ao WhatsApp com uma nova chave. A suposta brecha foi descoberta pela ProPublica, uma organização sem fins lucrativos com sólida reputação no segmento de jornalismo investigativo.

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Segundo a ProPublica, mais de mil funcionários nos escritórios do WhatsApp teriam acesso ao conteúdo por meio de um software criado para "vasculhar fluxos em mensagens privadas, imagens e vídeos relatados". Essas pessoas não só veriam o que foi enviado — fraudes, spam, pornografia e até conspirações terroristas — como também teriam o poder de julgar o que é ou não apropriado.

Conforme o relato da organização jornalística, as mensagens chegam ao Facebook/WhatsApp de forma desordenada, mas plenamente visíveis aos avaliadores autorizados. Os sistemas automatizados da companhia então colocam as mensagens em uma fila que deve ser avaliada manualmente.

Esses profissionais ocupariam o cargo de “Revisor de Conteúdo” e não fazem menção ao Facebook ou WhatsApp, com pagamentos em torno de US$ 16,50 por hora (cerca de R$ 85). Os moderadores seriam supostamente instruídos a dizer a qualquer pessoa que trabalha para a empresa Accenture e a assinar acordos abrangentes de não divulgação.

Denúncia não apurada

Quando faz a análise de metadados para detectar falhas em mensagens, os desenvolvedores do WhatsApp conseguiriam examinar o conteúdo em texto, imagens e vídeos dos usuários. Embora essa não seja uma prática corriqueira, trata-se de um precedente que desmentiria a companhia, que já afirmou em diversas ocasiões ser impossível acessar conversas de terceiros, inclusive ao se recusar a entregar dados de criminosos à justiça de diferentes países (inclusive o Brasil).

A ProPublica alega ter tido acesso a uma denúncia feita junto à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos na qual há indício que proprietária do bate-papo teria contratantes externos, sistemas de inteligência artificial e acesso a dados das contas para examinar mensagens, imagens e vídeos do usuário. O órgão dos EUA não teria tomado nenhuma medida pública e também se recusou a comentar o assunto.

Recentemente, a organização se posicionou contra uma iniciativa do Facebook que permitiria analisar o conteúdo dos chats sem quebrar a criptografia ou fazer a "leitura" das informações, com a finalidade de direcionamento publicitário.

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ATUALIZAÇÃO 08/09: a ProPublica atualizou o artigo com alguns esclarecimentos. Segundo a agência, houve confusão no ponto sobre a quebra da criptografia das mensagens, por isso eles alteraram trechos para deixar claro que a empresa só examina mensagens denunciadas como abusivas, o que não seria quebra da segurança. A ProPublica também adicionou os dois parágrafos a seguir: 

 [Em relação à criptografia de ponta a ponta] "O WhatsApp enfatiza este ponto de forma tão consistente que um aviso com uma garantia semelhante aparece automaticamente na tela antes que os usuários enviem mensagens: “(A mensagens e as chamadas são protegidas com a criptografia de ponta a ponta e) ficam somente entre você e os participantes dessa conversa. Nem mesmo o WhatsApp pode ler ou ouvi-las.”

 "Os trabalhadores têm acesso apenas a um subconjunto de mensagens de WhatsApp — aquelas sinalizadas pelos usuários e automaticamente encaminhadas à empresa como possivelmente abusivas. A revisão é um elemento de uma operação de monitoramento mais ampla na qual a empresa também revisa material que não é criptografado, incluindo dados sobre o remetente e sua conta.”

O que afirma o Facebook

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Em resposta à matéria publicada no 9to5Mac, o Facebook emitiu um comunicado para explicar os fatos. “Construímos o WhatsApp de uma maneira que limita os dados que coletamos, ao mesmo tempo que nos fornece ferramentas para prevenir spam, investigar ameaças e banir aqueles que praticam abusos, inclusive com base em relatórios de usuários que recebemos", informou um porta-voz da companhia. "Este trabalho exige um esforço extraordinário de especialistas em segurança e uma equipe de confiança e segurança valiosa, que trabalha incansavelmente para ajudar a fornecer ao mundo uma comunicação privada”.

O porta-voz ressaltou, ainda, que o WhatsApp lançou novos recursos de privacidade, como as mensagens que desaparecem após algum tempo ou imediatamente após a visualização. Embora a empresa não tenha sido direta na resposta, parece que os analistas do WhatsApp realmente podem ter acesso a mensagens marcadas como impróprias, o que constitui uma situação atípica, mas que testemunha contra o que a companhia sempre afirmou ao longo da história.

Fonte: Propublica9to5Mac