Amazon teria pressionado empresas a dividirem dados de dispositivos inteligentes
Por Felipe Demartini • Editado por Jones Oliveira |
A Amazon está sendo acusada de pressionar fabricantes pequenos da indústria de dispositivos inteligentes a entregarem dados de seus aparelhos. A varejista queria ter acesso à telemetria de termostatos, câmeras, fechaduras e sensores mesmo quando não estivessem sendo utilizados pelos usuários, ameaçando as empresas que não repassassem as informações com sanções na loja online e a perda de certificações.
- Funcionários da Amazon votam contra formação de sindicato no Alabama
- Amazon nega condições desumanas de trabalho, mas denúncias se acumulam
- Mais um Jeff: depois de Bezos, Amazon perde outro de seus principais executivos
A denúncia aparece em reportagem do jornal americano The Wall Street Journal e cita nominalmente a Ecobee, fabricante de dispositivos para automação doméstica, assim como outras empresas que não quiseram ter a identidade revelada. Em todas, porém, os relatos são os mesmos: o uso de táticas anticompetitivas para forças as “parceiras” a entregarem informações sobre os usuários, para uso no desenvolvimento de sistemas ligados à assistente de voz Alexa e outras tecnologias da Amazon.
A empresa estava em busca do que chamada de “estado proativo” dos dispositivos, ou seja, a telemetria dos momentos em que eles não estivessem sendo efetivamente usados. Isso implicava em pedidos relacionados à temperatura da casa dos usuários, o estado de trancas inteligentes ou sensores de movimento, em pedidos que foram considerados pelas fabricantes como brechas na privacidade de seus clientes. A Amazon, entretanto, não teria gostado nada de ver suas solicitações sendo recusadas.
Entre as ameaças feitas à Ecobee e outras empresas estariam a exclusão de produtos da varejista ou negativas de participação em eventos de ofertas. Além disso, pelo menos uma das companhias disse que a certificação para compatibilidade com a assistente de voz Alexa foi colocada em jogo pela Amazon caso as informações não fossem repassadas à varejista.
Outras pressões para proteger os próprios negócios envolveriam o uso obrigatório de armazéns e soluções de logística da própria gigante, caso as empresas quisessem vender seus produtos na loja, ou a adoção de práticas de competição contra parceiras do mercado de dispositivos. Tais atos, assim como outros relacionados aos negócios de cloud computing e tecnologia da Amazon, já foram alvo de inquéritos por comissões antitruste do governo americano, que indicou a possível criação de um monopólio e citou instâncias de abuso de poder econômico por parte da companhia.
Em resposta, a Amazon afirmou usar as informações de “estado proativo” como uma forma de melhorar seus produtos e fazer recomendações de compras e recursos a seus clientes. Todos, afirmou a empresa, concordam com o compartilhamento destes dados no momento em que vinculam suas contas à da plataforma. Já a Ecobee, em comunicado, disse seguir nas negociações quanto ao uso dos dados de seus dispositivos e citou a varejista como uma parceira de negócios importante.
Fonte: The Wall Street Journal