Uso da IA já é massivo, mas ler notícias não está no comportamento do usuário
Por Nathan Vieira • Editado por Melissa Cruz Cossetti |

No último dia 7, um estudo realizado pelo Reuters Institute revelou um avanço expressivo no uso de ferramentas de inteligência artificial generativa, como o ChatGPT, em seis países (Argentina, Dinamarca, Estados Unidos, França, Japão e Reino Unido). O relatório “Generative AI and News Report 2025” mostra que, embora o uso geral dessas tecnologias tenha disparado, o hábito de utilizá-las para ler ou consumir notícias ainda é limitado.
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O levantamento mostra que o percentual de pessoas que já usaram alguma IA generativa saltou de 40% para 61% entre 2024 e 2025. O número de usuários semanais quase dobrou, passando de 18% para 34%. A ferramenta mais popular continua sendo o ChatGPT, com uso semanal de 22%, seguida por sistemas como Gemini, Copilot e Meta AI.
O relatório também aponta que o uso da IA é mais intenso entre os jovens: 59% das pessoas entre 18 e 24 anos afirmam ter usado alguma IA na última semana, contra apenas 20% entre os maiores de 55 anos.
A principal motivação, segundo o estudo, é buscar informações, atividade que mais cresceu no último ano, passando de 11% para 24% de uso semanal, superando inclusive a criação de conteúdos como textos, imagens e vídeos.
Ler notícias ainda é exceção
Apesar do avanço geral, ler notícias com ajuda de IA ainda é uma prática pouco comum. Apenas 6% dos entrevistados afirmaram usar ferramentas como o ChatGPT para obter informações jornalísticas, embora esse número tenha dobrado em relação a 2024, quando era de apenas 3%.
Os países que mais impulsionaram esse crescimento foram Japão e Argentina, onde o uso da IA para acompanhar o noticiário teve alta expressiva. Ainda assim, o percentual permanece bem abaixo de outras aplicações, como pesquisas gerais (15%) ou respostas factuais (11%).
Entre os que recorrem à IA para notícias, a função mais comum é buscar eventos recentes e resumir matérias complexas, principalmente entre os mais jovens. No entanto, o estudo ressalta que o uso ainda é limitado devido às “alucinações”, erros e imprecisões que as ferramentas apresentam ao lidar com informações muito recentes ou específicas.
Expectativa de avanço e confiança gradual
Apesar das limitações, o público mostra confiança crescente nas tecnologias generativas. O ChatGPT é o sistema mais confiável, com 29% dos entrevistados afirmando confiar nele. E a tendência é de aperfeiçoamento contínuo: os pesquisadores acreditam que, à medida que as IAs se tornem mais precisas e transparentes, o número de pessoas dispostas a usá-las para se informar sobre as notícias deve crescer.
O relatório conclui que a adoção da IA cresce três vezes mais rápido que a internet nos anos 1990, mas ainda há um longo caminho até que ela se torne uma fonte de informação tão confiável quanto os meios tradicionais.
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Fonte: Reuters Institute