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Os estudantes americanos que dizem ter um “relacionamento romântico” com IAs

Por  • Editado por Melissa Cruz Cossetti | 

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Uma recente pesquisa do Center for Democracy and Technology, publicada na última quarta-feira (8), revelou que cerca de 19% dos estudantes do ensino médio afirmam que eles ou amigos já tiveram um relacionamento romântico com IAs. Com o uso constante de assistentes virtuais e chatbots, muitos adolescentes passaram a enxergar essas ferramentas como companheiras, confidentes e até parceiros sentimentais. O fenômeno levanta preocupações entre especialistas em saúde mental, que alertam para os riscos de dependência emocional e isolamento social.

De acordo com a pesquisa, 42% dos jovens disseram usar IA como amiga, para desabafar ou buscar apoio psicológico, enquanto 16% conversam com bots diariamente. Além disso, mais de um terço dos alunos afirmam que é mais fácil conversar com uma IA do que com os próprios pais, mostrando uma desconexão preocupante entre gerações.

Os terapeutas destacam que, embora esses sistemas possam oferecer conforto momentâneo, eles não substituem a empatia e o entendimento humano. Em alguns casos, chatbots já foram flagrados fornecendo conselhos perigosos sobre temas sensíveis.

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O relatório também alerta que esse envolvimento amoroso entre adolescentes e inteligências artificiais revela uma nova forma de solidão digital. Muitos jovens, em busca de compreensão e acolhimento, encontram nas IAs uma resposta imediata e sem julgamentos, algo que muitas vezes falta em suas interações humanas.

No entanto, esse tipo de vínculo pode gerar uma dependência emocional ilusória, já que as respostas dos chatbots são programadas para parecer empáticas, mas não refletem sentimentos reais. Especialistas alertam que essa confusão entre afeto e algoritmo pode distorcer a percepção de relacionamentos saudáveis, dificultando que os adolescentes desenvolvam conexões autênticas fora do ambiente virtual.

O impacto nas escolas e nas relações sociais

O estudo também aponta que 86% dos estudantes e 85% dos professores usaram IA durante o último ano letivo, e muitos colégios incentivam esse uso para promover alfabetização digital. No entanto, essa exposição precoce pode ter efeitos colaterais: quanto mais os alunos utilizam a tecnologia na escola, maior a probabilidade de desenvolverem laços pessoais com IAs, segundo os pesquisadores.

"A frequência e a variedade de usos da IA ​​continuam a crescer; ao mesmo tempo, o aumento do uso da IA ​​em ambientes educacionais está correlacionado a riscos elevados para os alunos", diz o relatório.

A pesquisa revelou que 36% dos alunos já ouviram falar de deepfakes envolvendo colegas, incluindo casos de assédio e exposição indevida de imagens geradas por IA. O fenômeno de relacionamento romântico com IAs traz à tona o desafio de educar os jovens sobre os limites éticos e emocionais da tecnologia, antes que as fronteiras entre o real e o digital se tornem ainda mais confusas.

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Fonte: Center for Democracy and Technology