O que é o workslop gerado por IA — e por que está derretendo a sua produtividade
Por Nathan Vieira • Editado por Melissa Cruz Cossetti |

Com a popularização das ferramentas de inteligência artificial, muitas empresas incentivaram seus colaboradores a adotarem essas tecnologias no dia a dia. No entanto, um efeito colateral preocupante foi destacado pelos pesquisadores de Harvard: o workslop. O termo, derivado de “AI slop” (conteúdo de baixa qualidade gerado por IA), descreve entregas que parecem bem-feitas à primeira vista, mas que carecem de profundidade, contexto ou utilidade real para o avanço de um projeto.
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Em outras palavras, trata-se de trabalho com aparência profissional, mas que transfere o esforço de revisão e correção para quem recebe, prejudicando a produtividade e criando atritos dentro das equipes.
Como o workslop afeta as empresas
Segundo pesquisa do MIT Media Lab e BetterUp Labs, 40% dos profissionais já receberam workslop no último mês. O impacto não é pequeno: cada ocorrência consome em média quase duas horas de retrabalho e custa, em termos de produtividade, cerca de US$ 186 por colaborador ao mês. Em grandes organizações, esse valor pode ultrapassar milhões por ano em perdas.
Além do tempo, existem também custos emocionais e sociais. Receber conteúdo raso gera frustração, desconfiança e até conflitos hierárquicos, já que muitas vezes gestores também enviam esse tipo de material. O resultado é uma deterioração da colaboração e da percepção de competência entre colegas.
Por que isso acontece?
O workslop surge quando a IA é usada como um atalho para evitar esforço cognitivo, em vez de ser aplicada como uma ferramenta estratégica. Alguns colaboradores utilizam a tecnologia apenas para “encher páginas”, sem analisar criticamente o resultado ou adaptar ao contexto do trabalho. Assim, o peso da tarefa recai sobre quem precisa revisar, refazer ou tomar decisões a partir de informações pouco confiáveis.
Como evitar o workslop na sua equipe
De acordo com o relatório de Harvard, líderes e gestores podem reduzir esse problema estabelecendo normas claras de uso da IA, orientando colaboradores sobre quando e como a tecnologia deve ser aplicada. A recomendação é usar a IA de forma ativa, criativa e com propósito, em vez de tratá-la como um substituto do esforço humano. Ao transformar a IA em uma parceira de colaboração e não em um atalho para procrastinação, as empresas conseguem preservar a qualidade do trabalho.
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Fonte: Harvard Business Review