IA distorce imagens nos episódios de Chaves e gera polêmica
Por André Lourenti Magalhães | •
A IA foi o centro das atenções na reexibição das séries Chaves e Chapolin no canal SBT no último final de semana, mas não por um bom motivo: a tecnologia, usada para remasterizar os episódios, foi muito criticada pelos fãs por bagunçar texturas, gerar movimentos estranhos de câmera e criar resultados bizarros.
Logo após a transmissão dos capítulos, que foram ao ar após um hiato de quatro anos das séries na TV brasileira, muitos telespectadores reclamaram de distorções causadas pela inteligência artificial nos capítulos em posts no X (antigo Twitter) e em fóruns especializados.
Câmera tremida e mão com seis dedos
Um dos efeitos que gerou incômodo nos fãs foi o movimento de câmera criado pela própria IA — em algumas cenas, o quadro ficava tremido em uma tentativa de centralizar os personagens principais. Usuários do Fórum Chaves reuniram alguns exemplos em que isso acontece, mesmo que o episódio original não apresente essa instabilidade.
Outro problema recorrente nos capítulos foi um efeito que deixava personagens, texturas e objetos com uma aparência plastificada, um efeito colateral comum em imagens e vídeos criados por IA generativa. Em um frame, o rosto do personagem Seu Madruga parece estar mesclado com a textura da parede ao fundo, enquanto uma figurante perde toda a expressão facial durante uma cena de Chapolin.
Por fim, a IA aparenta ter gerado algumas imagens para dar movimento ou preencher cenas, o que criou algumas inconsistências bizarras. É possível notar texturas distorcidas no fundo do cenário e até nos próprios personagens, como uma visualização “quadrada” do rosto de Chaves, uma cena em que o Chapolin parece ter seis dedos em uma das mãos e quatro em outra.
Em outra cena compartilhada, a grade de uma Kombi aparece com um determinado formato em um quadro, e rapidamente muda o formato quando o personagem se movimenta.
SBT continuará usando a tecnologia
Procurado pelo Canaltech, o SBT comentou que vai manter a restauração por IA nos próximos episódios, mas também considera os feedbacks recebidos pela comunidade para melhorar a qualidade. Veja a resposta da emissora:
O uso de IA, visando a melhoria da qualidade de vídeo nos episódios de Chaves e Chapolin, tomou o cuidado de não alterar as características originais dos episódios, para melhorar a experiência da audiência. Foram utilizados recursos que permitem corrigir distorções provenientes do registro analógico em fitas, era normal na ocasião utilizar vídeo tapes que degradavam, adicionando ruídos, rotação de fase e outras instabilidades.
Estamos, através de IA, retirando os ruídos, recompondo as texturas, porém tomando o cuidado de não repintar os episódios. Porém, recebemos vários feedbacks com sugestões de melhorias no processo que serão levadas em consideração, sempre objetivando a reprodução tal como foi captada.
Uso de IA já gerou críticas em outras séries antigas
A inteligência artificial pode ser usada para o processo de upscaling — quando a resolução de um vídeo é ampliada de forma digital — em materiais antigos, mas pode trazer alguns efeitos adversos no resultado final.
Um exemplo aconteceu neste ano, quando a TV Cultura decidiu reexibir alguns programas clássicos da grade como Castelo Rá-Tim-Bum e Mundo da Lua. Os episódios estavam gravados na resolução 4:3, comum na época para as famosas “TVs de tubo”, e foram digitalmente expandidos para a resolução 16:9, o que gerou algumas distorções no corpo dos personagens.
VÍDEO: Você sabe IDENTIFICAR um DEEPFAKE?
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Atualização (15/10 - 12h42): a matéria foi atualizada com a resposta do SBT