IA da NASA e IBM pode prever o clima solar e proteger tecnologias críticas
Por João Melo • Editado por Melissa Cruz Cossetti |

Uma parceria entre a NASA e a IBM resultou no desenvolvimento de um sistema de inteligência artificial (IA) projetado para prever como a atividade solar afeta a Terra. Chamado de Surya, o modelo representa um avanço nas soluções de proteção de tecnologias críticas contra os efeitos do clima espacial.
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O modelo, de código aberto, deve ajudar cientistas a se prepararem para tempestades solares, que podem afetar serviços de GPS, forçar o desvio de voos e danificar satélites utilizados em telecomunicações.
O novo sistema busca superar as limitações da previsão tradicional do tempo espacial, que depende de observações parciais da superfície do Sol feitas por satélites, tornando as análises mais complexas.
Treinado com um grande conjunto de dados de alta resolução, o Surya tem a capacidade de prever com mais detalhes a ocorrência de erupções solares e a velocidade dos ventos solares. Além disso, consegue estimar espectros de radiação extrema ultravioleta (EUV) do Sol e identificar o surgimento de regiões ativas na estrela.
“Assim como trabalhamos para nos preparar para eventos climáticosperigosos, precisamos fazer o mesmo para tempestades solares. Surya nos dá uma capacidade sem precedentes de antecipar o que está por vir. Não é apenas uma conquista tecnológica, mas um passo crítico para proteger nossa civilização tecnológica da estrela que nos sustenta”, destacou Juan Bernabe-Moreno, diretor da IBM Research Europe no ReinoUnido e Irlanda.
Treinamento com nove anos de dados de observação
O Surya foi treinado com nove anos de dados solares de alta resolução, obtidos pelo Observatório de Dinâmica Solar (SDO) da NASA. O volume de informações utilizado é cerca de dez vezes maior do que os conjuntos de dados comumente empregados em treinamentos de IA.
Após os primeiros testes, os pesquisadores relataram uma melhora de 16% na precisão da classificação de erupções solares — considerada uma grande evolução em comparação com modelos anteriores de análise do clima espacial.
Segundo Kevin Murphy, diretor de Dados Científicos na sede da NASA, o desenvolvimento do Surya promove avanços significativos na ciência orientada por dados ao combinar a experiência da agência com modelos de IA de ponta.
“Ao desenvolver um modelo fundacional treinado com dados heliofísicos da NASA, estamos facilitando a análise das complexidades do comportamento do Sol com velocidade e precisão inéditas. Este modelo possibilita uma compreensão mais ampla de como a atividade solar impacta sistemas e tecnologias críticas das quais todos dependemos aqui na Terra”, ressaltou o pesquisador da agência espacial norte-americana.
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