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IA da DeepMind ajuda historiadores a decifrarem o passado

Por  • Editado por Douglas Ciriaco | 

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Reprodução/DeepMind
Reprodução/DeepMind

Engenheiros da DeepMind, empresa-irmã do Google, desenvolveram uma nova ferramenta de inteligência artificial (IA) que usa redes neurais profundas para ajudar historiadores a decifrar textos danificados da Grécia antiga. O sistema, apelidado de Ithaca — uma das ilhas gregas situadas no mar Jônico — foi baseado no método de restauração conhecido como Pythia.

A ferramenta auxilia não apenas na recuperação das palavras que estão faltando nas antigas inscrições gregas, mas também oferece algumas sugestões plausíveis de quando o texto foi escrito dentro de um período de 30 anos, além de suas prováveis origens geográficas.

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“Devido à sua idade, esses textos são frequentemente danificados, tornando a restauração um desafio enorme. Eles são frequentemente inscritos em material inorgânico como pedra ou metal, isso significa que métodos como a datação por radiocarbono não podem ser usados ​​para descobrir quando foram feitos”, explica a engenheira responsável pelo sistema de IA Yannis Assael.

Aprendizagem de máquina

O novo software foi treinado em um conjunto de dados composto por 78.608 inscrições gregas antigas, cada uma delas rotulada com metadados que descrevem onde e quando foram escritas. Como todos os sistemas de aprendizagem de máquina, o Ithaca procura padrões nesses dados, codificando as informações em modelos matemáticos para sugerir textos, datas e origens.

Segundo os cientistas, o modelo desenvolvido pela DeepMind tem uma precisão de 62% para restaurar letras que estão faltando ou foram danificadas em textos escritos na antiguidade. O sistema também pode atribuir as origens geográficas de uma inscrição a uma das 84 regiões do mundo antigo com 71% de acertos.

“Estas são estatísticas promissoras, mas é importante lembrar que o Ithaca não é capaz de operar independentemente da experiência humana. Suas sugestões são baseadas em dados coletados por métodos arqueológicos tradicionais, se tornando uma ferramenta que amplia os métodos forenses, e não um historiador de IA totalmente automatizado”, acrescenta Assael.

Novas descobertas

O sistema já ajudou historiadores em um teste envolvendo conjuntos de decretos atenienses datados por especialistas humanos até 446 a.C. Ao usar o novo software com redes neurais profundas, os cientistas descobriram que as formas de letra ática correspondiam a um período anterior da história, provavelmente até 420 a.C.

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Segundo os pesquisadores, embora a diferença possa parecer pequena, essa mudança nas datas possui implicações significativas para a compreensão da história política de Atenas, tornando o trabalho dos historiadores muito mais preciso e condizente com o período que está sendo estudado.

“Embora tenha sido treinado em inscrições gregas antigas, o software pode ser facilmente configurado para trabalhar com outros idiomas. A arquitetura do Ithaca é aplicável a qualquer língua antiga, não apenas latim, mas também maia ou cuneiforme, independentemente do meio onde foi escrita, seja em papiros ou manuscritos”, encerra Yannis Assael.

Fonte: DeepMind