IA consegue prever doenças até 20 anos antes dos sintomas começarem a aparecer
Por Nathan Vieira • Editado por Melissa Cruz Cossetti |

Na última quarta-feira (17), um estudo publicado na revista Nature revelou um avanço inédito: um modelo de inteligência artificial (IA) chamado Delphi-2M consegue prever o risco de mais de mil doenças até 20 anos antes dos primeiros sintomas aparecerem. A tecnologia, baseada em modelos semelhantes ao GPT (que alimenta chatbots como o ChatGPT), analisa históricos médicos e hábitos de vida para calcular probabilidades futuras de saúde.
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O Delphi-2M é um modelo de IA projetado para analisar registros de saúde em larga escala e prever a chance de desenvolvimento de 1.258 doenças, incluindo câncer, problemas cardiovasculares, doenças de pele e condições autoimunes.
De acordo com Moritz Gerstung, pesquisador do Centro Alemão de Pesquisa do Câncer e coautor do estudo, a inovação está em oferecer uma visão integrada do futuro da saúde. “Um profissional de saúde teria que rodar dezenas de modelos separados para ter uma resposta abrangente. Nosso sistema reúne tudo em um só”, explica.
A pesquisa foi conduzida com dados de 400 mil participantes do UK Biobank, um dos maiores bancos biomédicos do mundo. Além do histórico de diagnósticos, o Delphi-2M incorpora variáveis como idade, sexo, índice de massa corporal, consumo de tabaco e álcool.
Os pesquisadores também testaram a IA em outro banco de dados: o Registro Nacional de Saúde da Dinamarca, com 1,9 milhão de pacientes acompanhados ao longo de quase 50 anos.
Mesmo sem treinamento prévio nesses dados, a IA manteve um nível de precisão considerado satisfatório. Para Gerstung, isso mostra que a ferramenta tem potencial para ser aplicada em diferentes países e sistemas de saúde. “Pensar em como combinar essas informações será crucial para criar algoritmos ainda mais precisos”, destacou.
Apesar dos resultados promissores, os autores ressaltam que a tecnologia ainda não está pronta para uso clínico imediato. Mas vale lembrar que o modelo de inteligência artificial considera apenas o primeiro diagnóstico de uma doença, sem contabilizar reincidências. Ainda assim, abre caminho para estratégias de medicina preventiva personalizada, possibilitando que médicos identifiquem pacientes de alto risco e adotem medidas antecipadas.
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Fonte: Nature