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GPT-3: será que a IA escritora mais poderosa do mundo substitui um jornalista?

Por| 28 de Janeiro de 2021 às 16h20

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Rishi/Unsplash
Rishi/Unsplash

Em meados do ano passado, o modelo de linguagem escrita por inteligência artificial (IA) GPT-3 impressionou muita gente na internet com seus textos variados e ricos em vocabulário, escritos sem qualquer intervenção do homem após os primeiros comandos.

O sistema, desenvolvido pela OpenAI, empresa de pesquisa e desenvolvimento em inteligência artificial cofundada por Elon Musk (que se afastou para cuidar melhor da Tesla e da SpaceX), tem base em machine learning e, graças a um dataset de 175 bilhões de parâmetros, pode escrever os mais variados tipos de textos, sob os mais variados gêneros e assuntos. A linguagem vem para substituir a já aclamada GPT-2, que tinha 1,5 bilhão de parametros e foi lançada em 2019.

O Canaltech entrou na fila para conseguir acesso ao GPT-3, já que depois de publicada, a pesquisa concedeu acesso apenas a membros selecionados. Ainda não conseguimos, provavelmente por estarmos no Brasil, mas com a ajuda do programador Gabriel Cantarín, CTO na GEN.shop, que conseguiu o registro e colaborou para que esta matéria chegasse até o leitor, conseguimos brincar bastante com a IA escritora.

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Como funciona?

Toda inteligência artificial funciona porque um humano "ensinou" ao algoritmo como ele deve proceder, inputando alguns comandos para que, depois de determinado tempo, ele mesmo consiga se virar e criar resultados. No caso do GPT-3, uma série de informações foi inserida por programadores humanos para "ensinar" ao algoritmo como ele deve escrever os textos.

A partir de então, a coisa anda sozinha graças ao machine learning, ou seja, o aprendizado de máquina — o próprio sistema aprende com os dados que lhe foram "ensinados" e cria, a partir de uma série de frases, termos e palavras, textos completos, cheios de sentenças, frases e períodos que facilmente passam como se tivessem sido escritos por um jornalista, redator ou escritor.

No caso do GPT-3, vale pontuar que é um sistema baseado em NLP (processamento de linguagem natural) e que, antes de ser lançado, a detentora do modelo de linguagem mais poderoso até o momento era a gigante Microsoft. Ela possuía um modelo com 17 bilhões de parâmetros e que era considerado incrível. Hoje, se comparado ao GPT-3, esse modelo tem apenas 10% de seu poder de fogo.

Conversando com Cantarin sobre o potencial dos algoritmos no GPT-3 e o número absurdo de parâmetros, questionamos como é que homens e algoritmos conseguem chegar a tantas referencias para desenvolver uma IA escritora. "Essa é a grande diferença entre um algoritmo tradicional e uma inteligência artificial", explica o programador. "Os algoritmos tradicionais funcionam para resolver alguns problemas definidos, por exemplo: se estiver com previsão, enviar notificação avisando às 8 am. Porém, para alguns tipos de problemas abstratos, isso é muito mais difícil. Como escrever um algoritmo que reconheça uma laranja (fruta)? Se tiver a cor laranja e for redondo é uma laranja? Não, pois poderia ser uma bola de basquete. Mas, e se a foto estiver em preto e branco? E se a laranja estiver cortada no meio? Literalmente, a inteligência artificial vem para resolver esses problemas com outros tipos de algoritmos que trabalham de uma forma diferente, sem que os programadores precisem ficar escrevendo cada um dos casos individualmente", continua, mencionando o aprendizado de máquina.

Se você quiser mandar a IA escrever um texto baseado em linguagem estruturada, pode dar muito certo. Isso é essencial para, por exemplo, ensinar chatbots a atenderem clientes de uma empresa, seja no Messenger, no Instagram ou até mesmo no Telegram ou WhatsApp. Dá, inclusive, para usar o GPT-3 para escrever um livro inteiro, independentemente do tema. Escrever códigos, criar sites, prototipar layouts, programar aplicativos e até mesmo compor músicas são tarefas que a IA desempenharia muito bem.

Tudo funciona, desde que o objetivo seja simples e o resultado seja revisado por um humano. "Em geral, são aplicações simples e que não precisam de um nível de confiabilidade tão alto", explica Gabriel. "Por ainda estar em fase BETA, a maior parte das aplicações são como estudo para se checar o potencial, como, por exemplo, automatizar a geração de gráficos ilustrativos ou escrever tweets para uma empresa com base em um contexto já definido", completa. Aliás, vale lembrar que a própria OpenAI descreve nos termos de uso que não se pode utilizar do serviço deles em áreas com conteúdos sensíveis, como medicina.

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Recursos linguísticos

No jornalismo, temos que nos atentar a vários recursos que tornem o texto atraente, a leitura fluida e a informação clara. Para isso, utilizamos de ferramentas gramaticais e linguística que nosso idioma nos oferece, para que a narrativa seja natural e livre de dúbias interpretações. Quando lançado, o GPT-3 impressionou pela riqueza de recursos empregados nos textos, mas achamos alguns deles um pouco exagerados.

Mesmo que a IA consiga fazer uma série de documentos textuais (e, além disso, pode inclusive programar sites, escrever roteiros e gerar códigos de programação), ela não é perfeita. Apesar de funcionar em português, é no inglês que a mágica acontece de fato, já que a maior parte do conteúdo que existe na internet está escrita em inglês. "Considerando que a principal fonte de parâmetros para treinar esse modelo foi um conjunto de artigos acadêmicos, científicos, dissertações de mestrado e teses de doutorado, e que, mesmo quando feitos por falantes de português, ainda assim escrevem esses artigos em inglês... é por isso que o número de parâmetros de português é extremamente inferior aos escritos em inglês", disserta Cantarin.

Mesmo assim, decidimos colocar o GPT-3 à prova e, como jornalistas que somos, testaremos seu potencial para saber se o algoritmo de escrita por AI mais poderoso do mundo consegue ocupar o cargo de redator. Vamos, agora, brincar um pouco com ela e ver do que ela é capaz!

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Mão na massa

Para ver a mágica acontecer, primeiramente é necessário ter uma chave de acesso. Infelizmente, a tecnologia não está disponível para todo mundo, e é preciso entrar em uma longa fila e aguardar para ser selecionado. Apesar de termos tentado muito, não conseguimos e precisamos da ajuda de um colaborador que, tendo conta nos Estados Unidos, teve acesso à ferramenta. Valeu, Gabriel!

Essa, então, é a cara da ferramenta.

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Ainda em fase beta, a API conta com um "playground" onde você pode treinar seus próprios modelos para que eles produzam textos. É possível acessar o GPT-3 aqui (e entrar na fila).

Na aba Playground, é possível digitar um texto ali mesmo, online, submeter e esperar a IA fazer o resto. Você pode ajustar alguns parâmetros, como tamanho das "respostas". Apesar de funcionar em inglês, o sistema também escreve em português — embora os resultados não sejam tão ricos quanto na linguagem original da plataforma. Infelizmente, os modelos treinados não possuem conhecimento atualizado, já que os dados foram inseridos até outubro de 2019, mas a equipe da OpenAI promete inserir mais treinamento à IA no futuro. O projeto segue firme, em outras palavras.

A API roda com base em algumas engines, e você pode escolher entre elas. São modelos treinados de machine learning para que o resultado seja o melhor possível. Ela é capaz de realizar uma variedade de tarefas diferentes. O chamado prompt é o texto que você digita e envia à API para que ela gere uma resposta. Tal resposta, chamada de “conclusão”, é o que a API pensa ser a continuação lógica do seu prompt. Um modelo bem escrito fornece informações suficientes para a API saber o que você está pedindo e como deve responder.

Segundo a plataforma, a melhor engine é a batizada de "davinci". E é com ela que vamos brincar agora.

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Importante comentar que, enquanto o texto é gerado, a plataforma pode sugerir cautela e pedir para que você não compartilhe o resultado nas redes sociais, uma vez que alguns prompts podem produzir resultados indesejados, com discursos tóxicos — afinal, a IA também erra, e erra feio.

Mas e aí, será que a IA substitui um redator humano? Será que ela sabe fazer jornalismo? Será que nossos dias na redação estão contados? Vamos gerar alguns modelos de notícias e ver como a IA se comporta.

Modelo 1 – Tema: fake news

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Aqui, nós escrevemos o título e o primeiro parágrafo (destacados em negrito) em português, para uma notinha simples. O GPT-3 fez todo o restante. Veja só:

Como evitar cair em fake news nas redes sociais Atualmente, estamos vivendo a era da informação digital. No entanto, nem tudo que aparece na tela do celular ou do computador pode ser levado a sério: precisamos estar atentos ao que é verdade, ao que foi manipulado e ao que é uma completa mentira ou desserviço. Precisamos saber reconhecer, com base em checagem de fatos e busca por fontes oficiais, o que é uma notícia falsa — ou, simplesmente, fake news. Em certos momentos, o que estamos lendo pode nos confundir, gerar dúvidas e até mesmo gerar medo dos fatos. Sem ter como identificar a veracidade, pode ser difícil saber como responder, mas a verdade é que não há motivos para ficar ansioso ou com medo: basta não acreditar em tudo que é publicado, procurar checar a veracidade das informações e, acima de tudo, não compartilhar ou alimentar o ódio. Quer saber mais sobre fake news? Veja aqui.

Modelo 2 – Tema: Elon Musk, Grimes e o bebê

Para falar de fofoca no mundo tech, o GPT-3 ainda precisa de mais treinos. Na realidade, sempre que a IA "sente" que está escrevendo alguma bobagem, ela gera um pop-up com um alerta, que pode te avisar sobre equívocos, informações inadequadas, tóxicas ou que promovam discurso de ódio. E pede para que nós, como membros beta, ajudemos a melhorar os dados para machine learning. Veja o resultado da "notícia", escrita também em português, após escrevermos o primeiro parágrafo inteiro para "ensinar" a ela o tipo de assunto a tratar:

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Depois de agitar as redes sociais, o casal Elon Musk e Claire Elise Boucher, mais conhecida como Grimes, mudaram o nome do seu filho. Antes, o menino se chamaria X Æ A-12, contudo, segundo a mãe, o estado da Califórnia obrigou que eles mudassem o nome da criança para poder registrá-lo. Assim, na certidão de nascimento o menino saiu como X Æ A-Xii. Em um post no Instagram, Grimes explicou que o estado da Califórnia obrigou que o nome da criança fosse alterado para que pudesse ser registrado. “A Califórnia está obrigando que o nosso filho tenha um nome, e ele tem que ter algum nome de família. Então, o nosso filho vai ser X Æ A-Xii. É uma pena”, declarou. O estado da irmã do bilionário Elon Musk é conhecido por seu sistema de nomes curiosos, já que em algumas cidades precisa ser registrado um nome antes de ser registrado o nome do bebê. Claire Boucher, Grimes, de 29 anos, ao lado do empresário Elon Musk, de 47, registrando filho no estado da Califórnia, EUA zoom_out_map 1 /12 Claire Boucher, Grimes, de 29 anos, ao lado do empresário Elon Musk, de 47, registrando filho no estado da Califórnia, EUA (Divulgação/Instagram/Elon Musik) Elon Musk, Grimes e filho X Æ A-Xii, de 1 ano, registrando no estado da Califórnia, EUA zoom_out_map 2 /12 Elon Musk, Grimes e filho X Æ A-Xii, de 1 ano, registrando no estado da Califórnia, EUA (Divulgação/Instagram/Elon Musik) Elon Musk e a mulher, Grimes, com o filho X Æ A-Xii, de 1 ano, em foto tirada no estado da Califórnia, EUA zoom_out_map 3

Aqui, percebemos que a IA se baseou em um dataset de notícias geradas na época do nascimento do filho do casal, e traduziu algum conteúdo em inglês para gerar o texto acima e tentou linkar alguma coisa relacionada ao mapa da Califórnia. Para os editores do Canaltech, essa notícia, escrita dessa forma, iria direto para o cesto de lixo.

Vamos ao próximo!

Modelo 3 – Tema: 5G no Brasil

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Aqui, da mesma forma que nos textos anteriores, escolhemos um tema e digitamos o título e o primeiro parágrafo, e todo o restante foi feito pelo GPT-3. Um input interessante foi colocar perguntas no texto, para testar se a IA entende aquilo como um gatilho para gerar respostas e criar parágrafos. Aparentemente, deu certo, ressaltando que alguns trechos precisam de correções. Veja o resultado:

O que podemos esperar do 5G no Brasil? A poucos passos da implementação, será que o Brasil está pronto para lidar com o 5G? Essa pergunta, que envolve tanto empresas quanto consumidores, gera muitas dúvidas. O que podemos esperar da tecnologia? É preciso comprar um smartphone novo para usá-la? Qual a velocidade do 5G? E as operadoras, vão cobrar mais caro por isso? Como já respondido anteriormente, a tecnologia é mais uma evolução que vem para aumentar a velocidade e robustez da internet. O que muda são apenas os padrões de transmissão de dados que serão implementados. Como funciona o 5G Não é possível dar uma resposta definitiva sobre como funciona o 5G, pois ele ainda está em fase de testes. Mas o que se sabe é que a tecnologia promete mais velocidade, mais capacidade, mais resiliência, maior capacidade e maior possibilidade de coexistência. A resiliência é a capacidade de enfrentar interferências e o maior desempenho possível mesmo quando há interferências. É o mesmo conceito que esperamos dos celulares sem fio, que têm maior chance de funcionar mesmo que muitas pessoas estejam usando o mesmo sinal. Diferentes operadoras estão testando a tecnologia e, inclusive, compartilhando informações com o governo brasileiro para que a implementação seja bem sucedida. A Anatel, por exemplo, já está trabalhando no desenvolvimento de um novo padrão de frequência para o 5G, que será utilizado pelas redes das operadoras. Essa frequência será usada para a transmissão de dados móveis e fixos e, em breve, a Anatel pretende iniciar um processo de licitação para que as operadoras possam utilizá-la. Muitas empresas já estão testando a tecnologia no Brasil. A Vivo, por exemplo, já está em fase avançada de testes, mas as outras operadoras também estão trabalhando nessa área. Além disso, apesar de não ser possível dar uma estimativa de preço, não há motivos para se preocupar com o 5G. Isso porque ele vai funcionar na mesma frequência do 4G e, portanto, não será necessário investir em um novo smartphone. O que será diferente na comunicação O 5G vai permitir a suspenção de comunicações de forma mais rápida, além de solucionar problemas como latência e interferência, que impedem a conexão entre o celular e a rede. A velocidade é outro ponto importante. Como as redes serão mais rápidas, as conexões serão mais rápidas, o que torna o 5G uma tecnologia que vai facilitar a vida dos brasileiros e das empresas. Muitos ainda têm dúvidas sobre a velocidade do 5G. Muitas pessoas ainda acreditam que ele vai ser mais rápido do que o 4G e que isso vai afetar o funcionamento da internet. No entanto, isso não vai acontecer. Os dados criados na internet serão os mesmos e, portanto, não haverá grandes diferenças. A velocidade do 5G não vai afetar o funcionamento do 4G, que continuará sendo utilizado normalmente. Além disso, a maior velocidade do 5G vai facilitar o trabalho das empresas, que poderão reduzir o tempo de espera para o envio de dados e aumentar o desempenho do funcionamento das empresas. Uma das coisas que mais deve mudar com o 5G é a conexão a distâncias maiores. Por conta da maior velocidade das transmissões, há uma chance maior de que a conexão seja interrompida. Porém, com o 5G, a conexão será mantida e a transmissão de dados será menos afetada. Além disso, a tecnologia vai ajudar a diminuir os problemas com latência e interferência. Isso porque, como a velocidade é maior, a tecnologia vai conseguir enfrentar esses problemas com mais facilidade. Por fim, é importante destacar que a tecnologia vai facilitar a comunicação entre pessoas e empresas de uma maneira que jamais foi vista. Com a velocidade do 5G, todas as empresas podem aumentar seu desempenho e se tornar mais competitivas.

Percebemos que a IA saca muito mais de 5G que de fofoca sobre a família Musk-Grimes, confere? Alguns ajustes de revisão e formatação poderiam transformar essa escrita em um texto bacana.

Modelo 4 – Tema: pandemia da COVID-19

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Por fim, desafiamos o GPT-3 a escrever uma notícia preditiva: quando a pandemia da COVID-19 vai acabar? Com base nesse questionamento, escrevemos apenas o título e a primeira frase do primeiro parágrafo. Todo o restante foi conduzido pela inteligência artificial — lembrando que, como o conjunto de dados que a alimenta ainda não foi atualizando em 2021, às vezes ela trata 2019 como "o ano passado", já que está usando fontes de 2020. E o interessante foi que, além de usar aspas de médicos, ela também tentou traçou um paralelo entre COVID-19 e gripe, no quesito vacinas, mas se embananou e confundiu as duas doenças. Do meio para o final do texto, não sabemos mais se o coronavírus é o causador da COVID-19 ou da gripe comum. Veja só:

COVID-19: quando a pandemia vai acabar? Mesmo com a chegada de uma vacina comprovadamente efetiva contra o novo coronavírus, pode levar meses ou anos até que a sociedade volte à normalidade. Ângela Rocha, médica e pesquisadora da Fiocruz, diz que a variação no comportamento dos surtos de gripe tem fascinado a comunidade médica. "Eles começam com uma elevação de mortalidade, mas depois vão diminuindo. A gente não sabe muito bem por que isso acontece". Nesse sentido, os cientistas se dividem. Alguns defendem o fim da pandemia até o fim deste ano, mas outros esperam até o próximo ano. É o caso de Derek Smith, pesquisador da Universidade da Califórnia. "Não há razão para pensar que a epidemia vai acabar tão rápido", diz. Para ele, a nova onda de gripe vai ficar mais agressiva no segundo semestre. "Eles [os vírus] podem ter evoluído para se tornarem mais agressivos". Smith não tem dúvida de que o surto de gripe 2009 vai levar o mundo a uma nova era de vacinação. "Uma vez que a vacina mostrou que é efetiva, e que o vírus não escolhe quem vai infectar, acho que mais de 80% da população mundial vai ser vacinada." É uma aposta. Os surtos de gripe da última década mostraram que a vacinação contra a doença pode, sim, reduzir significativamente os casos de gripe. Mas não é o bastante para eliminar a doença. Como tudo na medicina, a vacinação é uma questão de equilíbrio. Se as pessoas não estiverem vacinadas, o vírus pode se tornar mais agressivo, porque não há um grande número de infectados para impedir o seu crescimento. Mas se a população for excessivamente imunizada, a vacina não vai funcionar e o vírus vai se espalhar facilmente. Vacinação contra o novo coronavírus Cientistas e governos agora têm uma segunda chance para encontrar uma vacina eficaz contra a gripe. A primeira chance foi em 1976, quando o novo coronavírus entrou no mundo. Com um novo vírus parecido com a gripe suína, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta e se preparou para uma pandemia. Mas o surto não aconteceu. Em 2002, o vírus reapareceu na Europa. Os especialistas ficaram de alerta, mas o número de casos foi pequeno. E seu comportamento foi diferente daquele que se esperava. Ele não foi ficando mais agressivo ao longo do tempo, como a gripe suína. No ano passado, o novo coronavírus voltou a assustar a comunidade internacional de saúde. Em outubro daquele ano, a OMS declarou uma pandemia da gripe do tipo A. E no final de maio deste ano, a OMS reduziu a importância do surto e retirou as medidas de controle e prevenção da gripe do ano passado. Apesar da semelhança com a gripe suína, o novo coronavírus tem uma característica peculiar: ele parece infectar muito mais os idosos do que os mais jovens. O Brasil tem registrado ocorrências muito mais graves em idosos do que em crianças e adolescentes. Além disso, a maioria dos casos de surtos de gripe no mundo, incluindo o Brasil, não teve nenhum caso de morte. "Parece que o vírus causa uma gripe mais grave e piora mais rápido os doentes", afirma a médica. O comportamento diferente do surto da gripe 2009 torna mais difícil prever quando ele vai acabar. "Eu acho que isso vai acabar quando o vírus se tornar apenas uma ameaça e não um perigo real", diz Smith. O vírus pode não ser a única causa dos surtos de gripe. Segundo Smith, os surtos de gripe podem ser acompanhados por outras doenças. "Eu acho que vai acabar quando a gripe não for mais matar muitas pessoas." Se o surto de gripe vai acabar este ano ou não, não há como saber. Mas uma coisa é certa: o novo coronavírus vai se tornar uma ameaça permanente para a humanidade. "O vírus vai continuar circulando e a gente vai ter que nos prevenir contra ele por muitos anos", diz Smith. Vírus e vacinas Há pouco tempo, a vacina era a única opção para se proteger contra a gripe. Mas agora que o mundo tem uma vacina eficaz contra o novo coronavírus da gripe, as coisas mudaram. Agora, dizem os especialistas, a melhor proteção contra o novo coronavírus é a vacina. No ano passado, a OMS aprovou uma vacina contra a gripe. Ela agora pode ser usada para impedir que as pessoas se infectem com o novo coronavírus. Quando o surto de gripe começou no ano passado, a vacina era importada dos Estados Unidos e custava US$ 150 (R$ 300). Agora, a vacina está sendo produzida no mundo inteiro, inclusive no Brasil, onde a Sanofi Pasteur é a única empresa fabricante. A vacina contra o novo coronavírus vai proteger a população contra a gripe por três anos. E a OMS diz que a vacina é eficaz contra a gripe, mas não contra o novo coronavírus. A vacina reduziu a mortalidade em 10% e a hospitalização em 30%. Mas nem todas as vacinas são iguais. Existem duas vacinas: uma que segura só a gripe, e outra que protege contra a gripe e o novo coronavírus. A primeira reduzia a mortalidade em 20% e a hospitalização em 50%. A segunda protege contra a gripe, mas não o novo coronavírus. A OMS e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) recomendam a segunda, porque a primeira não previne a gripe do novo coronavírus. "Se a gente não tivesse a vacina, como a gente ia fazer para se proteger?", pergunta.

E então, será que a IA está pronta para substituir o homem? 

Pelo que pudemos brincar, dadas as limitações da ferramenta, como o fato de operar em português (e não em inglês) e não ter tido atualizações recentes pode ter colaborado para que os textos não tenham saídos com uma dose boa de precisão.

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No nosso bate-papo com Gabriel Cantarin, questionamos o que ele acha disso, se a IA da OpenAI está pronta para ser redatora de um site de tecnologia. "Definitivamente não. Eu acredito que as tecnologias, em geral, tendem a continuar modificando as profissões, como já tem feito. Por exemplo A televisão não substituiu o rádio, a internet não substituiu a televisão. Novas profissões foram criadas e várias das antigas foram atualizadas utilizando novos recursos. Muito provavelmente, jornalistas vão utilizar dessas tecnologias para ganhar mais produtividade no dia a dia e conseguir redigir mais textos e de uma forma melhor", opina.

Quando foi lançada, a ferramenta foi ovacionada por ser precisa demais, ou quase perfeita. Isso por parte de falantes da língua inglesa. Descobrimos que não é bem assim: ainda que estejamos tratando de um super modelo de machine learning e IA que pode gerar textos, códigos, scripts e até programar jogos e escrever poesias, ficou claro que a máquina ainda não conseguiu sobrepor o potencial do homem — pelo menos no jornalismo. Aqui na redação do Canaltech, nós brincamos com o GPT-3 nos dois idiomas, mas publicamos os resultados em português para fazer mais sentido e dar entendimento.

Quando criamos modelos de texto em inglês, os resultados foram muito mais ricos e satisfatórios, muito embora também não tenham convencido tanto quanto a escrita feita por um ser humano. A API está em fase beta e vem sendo alimentada e cuidada por programadores e colaboradores, e com um conjunto monstruoso de dados que passa de 170 bilhões de parâmetros, não é difícil de acreditar que ela possa fazer muito mais do que quebrar um simples galho. Tem gente gerando jogos com ela. Há programadores brasileiros fazendo uso do algoritmo para criar desafios de palavra-cruzada.

Só para não fazer desfeita, a gente brincou de poeminha ao traduzir ridiculamente para o inglês a música Fogo e Paixão, do Wando, para ver o que a IA faria com o restante da letra. Eis o resultado:

you are light, ray, star and moonlightsunny morningmy iaia, my ioioand with your iaiawe will goand with your ioiowe will go. you are dewdropyou are lightyou are iaiayou are ioioyou are starlightyou are moonlightyou are sunlightyou are the dewdrop your house, your door, your bed, your windowyou are the one who comesto my dooryou are the onethat makes me happythe one who wantsto have me.

Que poético, não? E assim, percebemos que o GPT-3 não é lá um grande jornalista, mas pode te ajudar a criar poemas, poesias e até compor músicas.

O que falta para a IA conseguir substituir um profissional?

O que será da IA no futuro? O que falta para ela amadurecer a ponto de trabalhar lado a lado com jornalistas em uma redação de site, jornal ou revista? Para Gabriel Cantarin, "a primeira variável é tempo, se considerarmos que em fevereiro de 2019 foi lançado o GPT-2 com 1,2 bilhão de parâmetros e em março de 2020 for lançado o GPT-3 com 175 bilhões de parâmetros, podemos facilmente presumir que em algum lugar no ano que vem uma possível nova GPT-4 pode surgir com algo na casa de trilhões de parâmetros e fazendo um trabalho absurdamente melhor".

Outra consideração importante, segundo Cantarin: é esse tipo de tecnologia que realmente precisaria se tornar acessível. Apesar de a GPT-3 ser real e estar lançada, ainda são pouquíssimas pessoas que têm acesso a esse tipo de recurso, e menos pessoas ainda que podem e sabem utilizar desse tipo de tecnologia.

"De verdade, não acho que nenhuma tecnologia é capaz de remover os bons profissionais de nenhuma área, pois essas pessoas têm conhecimento que vai além da função de escrever um texto no dia a dia, como conseguir entender o que um entrevistado quer transmitir, ou o que o público deseja", aposta o programador. "E, por último, temos que lembrar que ela foi treinada com parâmetros que existiam no passado. Todos os dias novas coisas são criadas e novas pautas surgem, então é sempre necessário que novas pessoas criem conteúdos diariamente, e não robôs", conclui.