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Deepfakes chegam ao mundo dos negócios em apresentação de projetos e reuniões

Por| Editado por Claudio Yuge | 17 de Agosto de 2021 às 14h00

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(Imagem: Reprodução/RenovaMídia)
(Imagem: Reprodução/RenovaMídia)

Depois de uma estreia polêmica com associação a conteúdo pornô, em 2017, os deepfakes (cópias digitais muito parecidas com as autênticas) começaram agora a ser adotados pelo mundo corporativo. Eles são o exemplo mais recente de comercialização de áudio e imagem criados por inteligência artificial — isso foi possível porque eles se tornaram mais convincentes, comerciais e fáceis de fazer.

Alguns sócios da consultoria EY (antiga Ernst & Young) estão entre os pioneiros: eles têm usado clipes feitos com a tecnologia em apresentações e e-mails cotidianos. O uso da técnica, com o auxílio da startup Synthesia, substitui estratégias tradicionais, prejudicadas pela pandemia. Afinal, atualmente, almoços longos são perigosos e vídeochamadas e PDFs, muito triviais.

Um sócio da EY que não fala japonês, por exemplo, usou o tradutor da ferramenta da Synthesia para falar a língua nativa de um cliente no Japão. Aparentemente, foi uma boa aposta. Jared Reeder, que atua no setor de criatividade e assistência técnica da EY, diz que os vídeos são uma forma eficiente de interação com os clientes. “É como apresentar um filhote pela câmera. Todos ficam mais receptivos.”

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Reeder conta que a tecnologia é usada como diferenciador. Nos últimos meses, o profissional de criatividade se especializou em fazer dublês dos colegas de trabalho com inteligência artificial. “Em vez de mandar um e-mail para confirmar uma reunião, o destinatário pode ver e ouvir o remetente”, explica.

Um novo nome

Além da função, o nome também mudou: na EY os avatares são chamados de identidade de realidade artificial (artificial reality identity, em inglês) em vez de deepfakes. A companhia já ajuda alguns de seus clientes de consultoria a fazerem clipes sintéticos para anúncios internos.

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A primeira ARI da EY foi criada em março para uma proposta que seria apresentada a um cliente. Quando o negócio foi fechado, o avatar ficou famoso por ter ajudado. Outros sócios, então, solicitaram dublês de si mesmos. Até o momento, Reeder e equipe fizeram ARIs para oito sócios.

O processo é simples: o indivíduo senta em frente a uma câmera por cerca de 40 minutos enquanto lê um roteiro especial. Os algoritmos da Synthesia, então, captam os movimentos e a forma como o personagem pronuncia diferentes fonemas para imitar sua aparência e sua voz. Depois, basta escrever o que o avatar tem de falar para que seu vídeo seja criado.

Segundo a EY, o acesso à ferramenta é controlado, para evitar uso não autorizado ou inadequado. A consultoria planeja continuar os experimentos com os clones digitais, mas Anita Woolley, psicóloga e professora da Universidade Carnegie Mellon, diz que os clipes com a tecnologia podem parecer estranhos.

Segundo ela, a corrida para esses vídeos pode ser um erro. Evidências sugerem que chamadas de vídeo podem tornar a comunicação e a solução de problemas mais difícil, porque o visual pode distrair. “Quando a tecnologia apresenta uma aparência humana, a distância entre aconchegante e assustador é mínima”, diz.

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Reeder avalia que os clipes sintéticos podem ampliar o toque humano, mas alguns de seus colegas se preocupam que ela possa desvalorizar o componente humano de seu trabalho. Ele argumenta que um executivo com muitos clientes não tem tempo para gravar vários vídeos pessoais, mas um avatar pode produzi-los em minutos. “O que é mais humano de eu mesmo dizer ‘Olá, bom dia’, com a minha voz, meus modos e meu rosto?”, pergunta ele.

Outras ações

A EY não é a única a testar a tecnologia. A Nvidia, que faz muitos dos chips gráficos usados em projetos de inteligência artificial, revelou, na semana passada, que uma apresentação em vídeo recente de Jensen Huang, o CEO da companhia, havia sido criada com a ajuda de aprendizado de máquina.

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A ferramenta da Synthesia facilita a criação de vídeos sintéticos. Outro cliente da startup, a agência de publicidade WPP, usou o recurso para criar mensagens corporativas internas em diferentes idiomas sem ter de gravar diversos vídeos.

A Lucasfilm recentemente contratou um criador de deepfakes, que conseguiu milhões de visualizações nos clipes de Star Wars em que adaptou alguns rostos. Todos os clientes da Synthesia precisam obter o consentimento do indivíduo antes de fazer sua versão digital.

Fonte: Wired