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Cientistas fazem duas IAs conversarem entre si pela 1ª vez

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 21 de Março de 2024 às 11h35

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Brett Jordan/Unsplash
Brett Jordan/Unsplash

Uma equipe da Universidade de Genebra (UNIGE), na Suíça, conseguiu modelar uma rede neural artificial para que ela realizasse uma tarefa a partir de instruções verbais e textuais a fim de depois fornecer uma descrição linguística para outra IA — que, por sua vez, conseguiu fazer o mesmo trabalho. O feito cuja descrição é um tanto complicada fez com que duas inteligências artificiais distintas conversassem entre si. O estudo foi divulgado na revista científica Nature Neuroscience.

Quase como ser humano

O objetivo do experimento foi o de testar as habilidades mais humanas da inteligência artificial. Isso porque aprender alguma coisa e repassá-la para outra pessoa é uma capacidade cognitiva dos seres humanas não presente em máquinas — até agora.

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Segundo o professor do Departamento de Neurociências Básicas da Faculdade de Medicina da UNIGE Alexandre Pouget, não era possível alcançar tal resultado até há algum tempo.

"Atualmente, os agentes conversacionais que utilizam IA são capazes de integrar informações linguísticas para produzir um texto ou uma imagem", aponta o professor. "Mas, pelo que sabemos, eles ainda não são capazes de traduzir uma instrução verbal ou escrita numa ação sensório-motora e muito menos de explicá-la a outra inteligência artificial para que esta a possa reproduzir", finaliza.

Contudo, depois de muita pesquisa, os estudiosos tiveram êxito no desenvolvimento de um modelo neuronal artificial com esta dupla capacidade, embora com treinamento prévio. 

"Começamos com um modelo existente de neurônios artificiais, o S-Bert, que possui 300 milhões de neurônios e é pré-treinado para compreender a linguagem", afirmou um dos autores do projeto, o professor Reidar Riveland. "Nós o ‘conectamos’ a outra rede mais simples de alguns milhares de neurônios para começar a ter resultados", concluiu.

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Como funciona o papo das IAs?

Foram duas fases com foco em simular um cérebro humano para criar o cenário da conversa das inteligências artificiais. Na primeira, os neurocientistas treinaram a rede para simular a área de Wernicke, a parte do cérebro que permite perceber e interpretar a linguagem. Na segunda, a rede foi treinada para reproduzir a "área de Broca", que é responsável pela produção e articulação das palavras.

Como resultado, os estudiosos conseguiram fazer com que uma IA aprendesse um movimento específico para uma ação e, depois, ensinasse para a segunda rede neural artificial. Vale ressaltar que tudo foi feito a partir de computadores convencionais e textos escritos em inglês.

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“Uma vez aprendidas essas tarefas, a rede foi capaz de descrevê-las para uma segunda rede – uma cópia da primeira – para que pudesse reproduzi-las. Até onde sabemos, esta é a primeira vez que duas IAs conseguem conversar entre si de uma forma puramente linguística”, concluiu o professor Pouget.

Com essa nova movimentação no mundo da IA, a previsão do CEO da OpenAI, Sam Altman, de que a inteligência artificial geral chega até 2029 parece fazer mais sentido.

Fonte: Nature Neuroscience