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A Inteligência Artificial já pode indicar como os animais estão se sentindo

Por  • Editado por Melissa Cruz Cossetti | 

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Freepik/wirestock
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A busca por reconhecer os comportamentos dos animais faz parte, há muito tempo, da vida de quem tem um pet em casa, mas também de pesquisadores que têm objetivos científicos por trás desse entendimento. E a inteligência artificial (IA) pode ter grande participação nesse avanço.

Um exemplo é um modelo de IA desenvolvido pelo pesquisador Stavros Ntalampiras que, segundo ele, pode detectar se os sons emitidos por animais expressam emoções positivas ou negativas.

Os resultados relacionados à ferramenta de aprendizado profundo foram publicados no periódico Scientific Reports (nature.com) e revelam que a IA é capaz de reconhecer os tons emocionais de espécies como porcos, cabras e vacas.

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O sistema desenvolvido pelo cientista de Milão capta características comuns dos sons emitidos por esses animais, como tom, faixa de frequência e qualidade tonal.

Frequência dos sons emitidos pelos animais

A pesquisa mostrou que os sons relacionados às emoções negativas tendiam a ter frequências médias ou altas. Enquanto isso, os chamados positivos dos animais se distribuíam mais uniformemente pelo espectro.

Além disso, as análises apontaram que, nos porcos, os chamados agudos eram especialmente informativos, enquanto em ovelhas e cavalos os chamados médios tinham mais peso — um sinal de que os animais compartilham alguns marcadores comuns de emoção, mas com variantes que dependem da espécie.

Se aplicado em larga escala, esse sistema de inteligência artificial poderia ser usado para fornecer alertas mais precoces a agricultores e pecuaristas, com o intuito de monitorar o estresse do gado, por exemplo.

Contudo, questões sobre quando o humano deve agir diante dessas informações sobre o comportamento dos animais, ou até mesmo sobre a importância de não generalizar os sinais, ainda precisam ser debatidas antes da implementação desse tipo de detecção.

Outras aplicações da IA no mundo animal

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Um trabalho semelhante ao de Ntalampiras está sendo realizado pelo Projeto Ceti (sigla em inglês para Cetacean Translation Initiative), que busca analisar sequências padronizadas de cliques em baleias, conhecidas como codas.

Essas sequências estão sendo mapeadas com a ajuda da IA para revelar padrões que correspondem à identidade, afiliação ou estado emocional de cada baleia.

Já o Insight Centre for Data Analytics da Dublin City University está desenvolvendo uma coleira de detecção usada por cães de assistência treinados para reconhecer o início de uma convulsão em pessoas que sofrem de epilepsia.

“A coleira usa sensores para captar comportamentos treinados do cão, como girar, que acionam o alarme de que seu dono está prestes a ter uma convulsão”, explicou Shelley Brady, pesquisadora de pós-doutorado em comportamento animal, tecnologias assistivas e epilepsia na Dublin City University.

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Segundo Brady, o objetivo do projeto é mostrar como a combinação entre IA e comunicação do animal pode ser usada para melhorar a segurança, apoiar intervenções oportunas e aumentar a qualidade de vida das pessoas.

“No futuro, pretendemos treinar o modelo para reconhecer comportamentos instintivos dos cães, como dar as patas, cutucar ou latir”, acrescentou a pesquisadora.

Reconhecimento de padrões é diferente de compreensão

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A cientista da Dublin City University pontua que detectar um grito de angústia de um animal, por exemplo, é diferente de entender o que esse sinal significa.

Além disso, ela destaca que classificadores emocionais correm o risco de simplificar comportamentos complexos em categorias estreitas, como “feliz ou triste” ou “calmo ou estressado”.

“Uma solução é que os pesquisadores desenvolvam modelos que integrem dados vocais com pistas visuais, como postura ou expressão facial, e até sinais fisiológicos, como frequência cardíaca, para construir indicadores mais confiáveis de como os animais estão se sentindo”, ressalta Shelley Brady.

A pesquisadora afirma que o mais importante não é o quão bem ouvimos e reconhecemos o comportamento dos animais, mas o que a ciência está disposta a fazer com essas informações. E, neste ponto, Brady alerta para o risco de esses dados serem usados apenas para explorar e controlar ainda mais os animais.

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VÍDEO | 3 USOS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO DIA A DIA

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Fonte: The Conversation