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Salas que recarregam celulares sem fios podem aposentar as tomadas no futuro

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 02 de Setembro de 2021 às 12h58

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Reprodução/Universidade de Tóquio
Reprodução/Universidade de Tóquio

O carregamento sem fio é uma das grandes invenções da humanidade nos últimos anos: basta encostar o aparelho e a bateria é preenchida como mágica. Além disso, essa tecnologia é uma aliada quando a carga do seu celular acaba no meio da noite e não é preciso acertar a tomada no escuro. Mas e se você não se preocupasse nem em colocar o aparelho sobre uma superfície? Se apenas de estar dentro de uma sala, ele já recarregasse automaticamente?

Pesquisadores da Universidade de Tóquio, no Japão, conseguiram desenvolver uma sala inteira capaz de carregar a bateria de aparelhos sem fio e fornecer energia para outros equipamentos. Telefones, relógios inteligentes, fones de ouvido e outros pequenos aparelhos eletrônicos são compatíveis e carregam sem precisar de cabos para ligá-los na tomada. A melhor parte é que, segundo o experimento, eles não precisam encostar em nenhuma superfície, o que acabaria com o chamado carregamento por indução ou contato.

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A tecnologia tem um nome bem complicado: multimode quasistatic cavity resonance (Cavidade de ressonância quasistática multímodo, em tradução livre). Na prática, o funcionamento é tão complexo quanto o nome, mas, com algum esforço, dá para entendê-lo. No artigo publicado na revista Nature Electronics, os estudiosos explicam melhor o processo.

Condensadores concentrados são embutidos em cavidades nas paredes feitas com superfícies condutoras de alumínio, o que projeta um campo magnético tridimensional na sala. Esse campo circula em torno de um poste de cobre localizado no centro do ambiente, criando uma espécie de movimento que lembra a translação da Terra em relação ao Sol — de modo horário e anti-horário simultaneamente. Esse fluxo gera energia magnética, que é convertida em eletricidade ao entrar em contato com receptores de bobinas presentes em telefones e lâmpadas.

Resultados empolgantes

Os cientistas testaram o sistema em uma sala com tamanho 3 x 3 x 2 metros e conseguiram obter uma eficiência energética de 50% em 98% do volume da sala. Ou seja, em quase todos os locais do ambiente é possível carregar aparelhos, ainda que de forma um pouco mais lenta, sem a necessidade de apoiar o objeto em algum lugar. Mesmo nos 2% restantes da sala o sinal ainda era bom e nunca caiu para menos de 37% de eficácia.

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A intensidade do sinal era mais forte quando a bobina receptora estava em ângulo reto com o campo magnético, mas também funcionava em outras posições. Por enquanto, a energia gerada chegou em cerca de 50 W, mas esse valor pode aumentar com mais otimizações, diz a equipe por trás da nova invenção.

Apesar de parecer assustador entrar em uma sala energizada, os japoneses garantem que não dá choque e o campo magnético é seguro para humanos, com níveis bem abaixo das diretrizes recomendadas pela FCC (a "Anatel dos EUA").

Esta não é a primeira experiência com sistemas de carregamento sem fio em ambientes, mas parece ser a mais bem-sucedida até agora. O "pulo do gato" estava no giro do campo magnético em duas direções simultâneas, pois isso cria um alcance maior e menos "zonas mortas" na sala. A equipe disse ter conseguido até remover o poste de cobre centralizado de alguns experimentos sem muitas perdas, mas ainda falta otimização.

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Sem paredes de metal

O objetivo agora é aprimorar a tecnologia para fazê-la em tamanho reduzido, como pequenos gabinetes, ou conseguir ajustá-la para funcionar em paredes mais comuns, afinal pouca gente toparia ter um visual de alumínio em casa e postes de cobre na sua sala. Em alguns experimentos, eles conseguiram reproduzir o modelo para alimentar um abajur, um pequeno ventilador e um celular.

Apesar disso, a tecnologia já poderia ter uso imediato em indústrias ou salas com equipamentos que necessitam de alimentação constante de energia, sem a necessidade de passar cabos ou inserir tomadas em cada esquina.

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Já pensou em como podem ser as casas no futuro: tudo carregado automaticamente, sem tomadas e em tempo real?

Fonte: Nature Eletronics, Universidade de Michigan