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Robôs ganham espaço na agricultura; será que estamos preparados?

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 24 de Agosto de 2021 às 11h33

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Vanitjanthra/Envato
Vanitjanthra/Envato

Imagine um futuro com robôs autônomos gigantescos cultivando lavouras inteiras, produzindo grandes quantidades de alimentos com excesso de pesticidas e agrotóxicos, sem árvores ou animais por perto. Em um cenário menos Mad Max e Matrix, pense em pequenas máquinas trabalhando em harmonia com a natureza, que utilizam fontes renováveis de energia e sem produtos químicos, plantando sementes orgânicas sob um céu azul, cheio de ar puro.

De qual desses futuros você gostaria que sua comida viesse? Essa é pergunta feita pelo economista agrícola Thomas Daum da Universidade de Hohenheim, na Alemanha, em um artigo publicado no jornal Trends in Ecology & Evolution. No texto, ele apresenta visões de utopia ou distopia ecológica para discutir como a revolução tecnológica na agricultura pode moldar os próximos anos.

“A agricultura de hoje precisa mudar. As estratégias de mitigação das mudanças climáticas delineadas no Acordo de Paris não podem ser cumpridas sem transformar a forma como cultivamos alimentos. Mesmo se você mudar todos os outros setores, se não alterar a agricultura, ainda assim perderemos essas metas”, diz Daum.

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Agricultura 4.0

A agricultura 4.0 é um conjunto de tecnologias criadas para aprimorar o controle, o monitoramento e a forma de trabalhar no campo. Esse sistema se baseia na conexão em tempo real dos dados coletados por dispositivos digitais com o objetivo de otimizar a produção em todas as suas etapas.

Um dos problemas apresentados por Daum é que máquinas como tratores, colheitadeiras e drones geralmente requerem ambientes controlados para funcionarem com eficiência. Isso pode levar a um excesso de monoculturas, aumentando o custo ambiental em troca da padronização agrícola.

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Essa consistência ambiental necessária para a agricultura industrializada contribuiu para a perda de biodiversidade, diminuindo a variedade de plantas e espécies animais para manter um ecossistema em equilíbrio. A necessidade de mecanizar e digitalizar a agricultura torna esse processo nocivo a longo prazo.

“As máquinas no campo reduzem drasticamente a diversidade de insetos, da vida microbiana presente na terra, da flora e da fauna, alterando o curso natural de cultivo sustentável”, afirma o cientista de sistemas alimentares da Universidade de Rhode Island Patrick Baur, ao comentar o artigo.

Inteligência artificial

Equipamentos autônomos integrados a sistemas de inteligência artificial (IA) são inovações agrícolas que poderiam facilitar o ajuste às mudanças climáticas, restaurando a biodiversidade sem ameaçá-la. Robôs inteligentes controlados por aprendizagem de máquina poderiam aprender a trabalhar em ambientes naturais em vez de destruí-los.

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“Não poderíamos reverter algumas dessas tendências que afetaram negativamente a paisagem agrícola? Em vez de adaptar o ambiente para atender às necessidades da tecnologia como fazemos hoje, poderíamos programar essa tecnologia para atender às necessidades do ambiente”, argumenta Daum.

Algumas lavouras já utilizam robôs para colher morangos, plantar alfaces, polinizar flores ou ordenhar vacas. Segundo Daum, máquinas eficientes também poderiam realizar tarefas desgastantes, como a remoção manual de ervas daninhas, o que reduziria a necessidade de pulverização de produtos químicos. Além disso, robôs especializados poderiam ser usados para gerenciar o cultivo de várias lavouras ao mesmo tempo, incentivando práticas agrícolas mais sustentáveis.

“Alguns desses elementos tecnológicos são possíveis, mesmo para fazendas industrializadas que exigiriam robôs enormes para sustentar altos rendimentos. Nós estamos num cruzamento. Há uma grande oportunidade de mudar para melhor a maneira como a agricultura é feita e a sociedade deve ter uma palavra a dizer sobre que tipo de futuro queremos ter”, encerra Thomas Daum.

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Será que os robôs terão, cada vez mais, um papel determinante também na conservação ambiental e na produção de alimentos?

Fonte: Trends in Ecology & Evolution