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Pesquisadores usam cogumelo para criar chip de computador biodegradável

Por  • Editado por Douglas Ciriaco | 

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Reprodução/Universidade Johannes Kepler
Reprodução/Universidade Johannes Kepler

Pesquisadores da Universidade Johannes Kepler, na Áustria, descobriram que a pele de um determinado tipo de cogumelo pode ser utilizada como uma base biodegradável para a fabricação de chips de computador, facilitando o descarte e a decomposição desses dispositivos na natureza.

Segundo os cientistas, esse material funciona tão bem como as bases de plástico usadas atualmente na construção de equipamentos eletrônicos, com a vantagem de poder ser facilmente descartado quando os chips chegarem ao fim de sua vida útil, sem poluir o meio ambiente.

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“Infelizmente, o tipo de plástico usado atualmente na fabricação de componentes eletrônicos não é reciclável, o que significa que a maioria dos chips de computador acaba em lixões ou aterros sanitários em todo o mundo”, explica o professor de física experimental Doris Danninger, autor principal do estudo.

Ganoderma Lucidum

Depois de várias tentativas à procura de um material perfeito, os pesquisadores descobriram que o Ganoderma Lucidum — um tipo de cogumelo comum em todo o continente asiático, que cresce em árvores mortas — era uma alternativa viável ao plástico usado na fabricação de microchips.

Os cientistas observaram que a pele do micélio — parte vegetativa do fungo semelhante à raiz — possui uma estrutura que pode ser cultivada e agregada a materiais biodegradáveis e biocompatíveis para a produção de sensores vestíveis e baterias da próxima geração.

“Depois de remover parte da pele de várias amostras, nós percebemos que ela era flexível, oferecia bom isolamento e era capaz de suportar altas temperaturas. Além disso, quando mantida longe da luz e da umidade, essa pele do micélio poderia durar por muito tempo”, acrescenta Danninger.

Chip de cogumelo

Ao introduzir os componentes e circuitos eletrônicos de metal na base feita de cogumelo, usando um sistema de deposição física de vapor e um laser ablativo, os pesquisadores constaram que o dispositivo funcionava tão bem quanto os substratos feitos exclusivamente de plástico não degradável.

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Outra vantagem, segundo os cientistas, está na resistência do material. Durante os testes realizados em laboratório, o substrato de micélio foi submetido a várias condições de estresse, sendo dobrado e desdobrado por mais de duas mil vezes sem quebrar ou apresentar fissuras.

“Um dos pontos mais interessantes dessa pesquisa, é que podemos usar os cogumelos não só para fabricar microchips, mas também na construção de baterias de micélio, utilizadas para alimentar dispositivos de detecção autônomos como módulos Bluetooth e sensores de proximidade”, encerra o professor Doris Danninger.