Óleo de cozinha feito em laboratório é sustentável, mas há grande um porém
Por Gustavo Minari • Editado por Douglas Ciriaco |
A startup Zero Acre Farms, nos Estados Unidos, desenvolveu um óleo de cozinha cultivado em laboratório. Segundo seus inventores, o produto é resultado de um processo de fermentação e pode, no futuro, substituir o óleo vegetal usado atualmente no preparo da maioria dos alimentos.
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O objetivo da fabricante é diminuir a pegada de carbono gerada pela produção do óleo de cozinha convencional, responsável pela liberação de gases de efeito estufa e pela perda da biodiversidade, já que no mundo inteiro, uma área quase do tamanho da Índia é usada para cultivar soja, girassol, palmeiras e outras oleaginosas.
“Depois do fogo, a fermentação é a arte culinária original. Usamos essa técnica antiga para produzir óleos e gorduras com níveis significativamente mais baixos de gorduras ruins, geralmente associadas a inflamações e doenças, tendo apenas uma fração da pegada ambiental”, explica o CEO Jeff Nobbs.
Óleo de laboratório
O óleo produzido em laboratório tem como base uma cultura de microrganismos mantidos em segredo pela empresa. Açúcares vegetais naturais, como de cana-de-açúcar e de beterraba, são adicionados à cultura e, logo em seguida, convertidos em óleos e gorduras pelos fungos e bactérias.
Segundo a empresa, mesmo com a adição dos açúcares vegetais, o óleo cultivado em laboratório usa 85% menos terra do que o óleo de canola, emite 86% menos dióxido de carbono que o produto feito de soja e requer 99% menos água do que o azeite de oliva.
“É como fazer cerveja, mas em vez de produzir etanol, micróbios como leveduras, bolores, fungos e bactérias decompõem os carboidratos e transformam tudo em óleo e gordura, de uma maneira muito mais saudável e sustentável do que os óleos tradicionais”, acrescenta Nobbs.
Sustentabilidade cara
Enquanto o óleo comum de cozinha tem um preço razoavelmente baixo, o produto fabricado em laboratório tem um grande porém: ainda é muito caro. Uma garrafa com pouco mais de 400ml custa US$ 30 (aproximadamente R$ 155 na cotação atual). Um valor muito alto que dificulta sua utilização no dia a dia.
A Zero Acre Farms afirma que o custo de produção ainda é elevado por causa da baixa demanda. A ideia é atrair novos investidores que possam bancar esse processo de implantação para baratear o produto final. Mesmo assim, a empresa diz que o principal foco da marca é a sustentabilidade.
“Se apenas 5% dos óleos de cozinha utilizados atualmente nos Estados Unidos forem substituídos pelo óleo da Zero Acre, isso liberaria 3 milhões de acres de terra todos os anos. Uma área do tamanho do estado de Connecticut que poderia ser usada no plantio de outras culturas”, encerra Jeff Nobbs.