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Oito perguntas sobre: o que são os cobots ou, se preferir, robôs colaborativos?

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Não é novidade que a robótica vem evoluindo a passos largos nos últimos anos e isso vale até mesmo por essas bandas. Uma pesquisa divulgada pela consultoria IDC em 2019 afirmou que o mercado latino-americano do setor deve crescer 21% nos próximos três anos. Esse avanço deverá ser puxado majoritariamente pela indústria de produção alimentícia, que vem apresentando alta demanda por robôs industriais capazes de atuar na área.

O estudo aponta ainda que o mercado de robôs na América Latina encerrou 2018 com um valor de US$ 1,040 bilhão, com continuidade de crescimento para 2019, quando espera-se que ele atinja a marca de US$ 1,266 bilhão — um crescimento de 21% em relação ao ano anterior, com 73% de robôs industriais, 27% de robôs de serviços e 0,09% de robôs de consumo.

Em 2022, a expectativa é de que robôs industriais sigam como os maiores representantes do setor na América Latina, com 72% de presença no mercado que, até lá, deve atingir valor de US$ 2,150 bilhões puxado por Brasil e México, os dois maiores produtores da indústria na região. Atualmente, robôs industriais estão em alta demanda devido às suas avançadas capacidades de montagem, solda, mistura, embalagem de produtos, inspeção e engarrafamento.

E uma das modalidades que lideram esse crescimento atende pelo nome de cobots - ou, se preferir robôs colaborativos. Esse tipo de robô vem se destacando por um uso mais simplificado, pela maior interação com seres humanos e, até mesmo, pela possibilidade de ser utilizado no dia a dia da população, como é o caso do maestro João Carlos Martins e o seu simpático "Joquinha".

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E para falar mais sobre a evolução dos cobots, esta nova edição do "Oito Perguntas Sobre" conversou com Denis Pineda, country manager para América Latina da Universal Robots A/S, empresa especializada no desenvolvimento deste tipo de robô. No papo, ele fala sobre a evolução desta modalidade, que tipos de empresas podem usá-los, os custos e, claro, como o "Joquinha" interage com o maestro Martins.

Confira como foi o papo:

Canaltech - Vamos do começo: o que são os cobots e como eles funcionam?

Denis Pineda: Em suma, chamamos de cobots os robôs industriais de última tecnologia com funções de segurança embarcada, o que permite que esses equipamentos sejam utilizados em um modelo híbrido, junto com seres humanos. São caracterizados por uma simples programação e instalação mais rápida do que os robôs convencionais, e como consequência, são produtos extremamente flexíveis.

CT - Em que áreas da indústria os cobots podem atuar e que funções eles podem desempenhar?

D.P.: As principais aplicações dos robôs colaborativos nas linhas de montagem são processos de empacotamento, final de linha, paletização, processos de montagem, abastecimento de máquinas de usinagem, processos de retiradas de peças de injeção e processos de parafusamento. Os cobots também podem ser equipados de câmeras para a inspeção da produção.

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Falando de áreas industriais, eles podem servir qualquer indústria. Há, hoje, aplicações inclusive na indústria pesada - que produz maquinário ou matéria prima para outros setores – o que era inesperado para nós. Foi uma inovação importante podermos ter entrado nesse meio também, esse ano.


CT - Como funciona o processo de instalação de cobots em uma empresa e quanto tempo é necessário em média? Os funcionários precisam passar por algum treinamento especial?

D.P.: Um processo de instalação de cobots leva, em linhas gerais, uns noventa dias. Alguns são mais rápidos, outros mais lentos, e depende também da forma com que esse trâmite será feito. Há o modo “Do it Yourself” (DIY), em que as empresas utilizam engenharia interna, ou com a ajuda de integradores, que são parceiros capacitados que desenvolvem a engenharia para realizar a operação nas linhas de montagem.

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Os colaboradores passam por um treinamento operacional, em geral fornecido por técnicos especializados, mas são processos rápidos de apenas algumas horas. Nesses casos, os especialistas realizam setups e realizando a operação com a linha rodando.

CT - Quais são os ganhos de eficiência e economia que uma empresa passa a ter a partir do uso dos cobots?

D.P.: Processos manuais tem uma eficiência em média de 70 a 75%, já que os colaboradores precisam realizar pausas para tomar água, usar o refeitório, dentre outras questões. Quando utilizamos cobots, a eficiência sobe para em média, para 85% a 92%, o que é um ganho bem expressivo!

Acreditamos que os processos que fornecem um ganho produtivo maior, são os processos híbridos, que combinam humanos e cobots trabalhando em conjunto. Um estudo produzido pelo Massachussets Tecnology Institute (MIT), mostrou inclusive que a colaboração entre esses dois players reduziu o tempo ocioso em 85%, o que é mais produtivo do que ter equipes puramente humanas ou mesmo linhas de produção completamente automatizadas. É o melhor dos dois mundos!

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CT - O que uma empresa precisa ter em termos de estrutura para adotar os cobots?

D.P.: Quando falamos de infraestrutura, a primeira necessidade é a mudança de mindset. É preciso que a empresa entenda que ela, de fato, precisa melhorar o seu processo produtivo, em seguida, é necessário entender qual é o problema que a automação buscará resolver e em terceiro lugar, escolher as ferramentas apropriadas. Podemos ajudar muito nesse último processo, falando com integradores, sugerindo as melhores ferramentas e entendo as necessidades de cada empresa.

Se o intuito for melhorar processos como empacotamento, paletização, abastecimento de máquina, e outras funções que são desempenhadas por pessoas, e que representariam, então, riscos de ergonomia ou falta de repetibilidade no processo, os cobots podem ser um uma ferramenta que tá agregando alto valor.

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CT - A Universal Robots tem uma linha de financiamento para a implementação dos cobots. Como isso funciona e quais são as vantagens?

D.P.: A Universal Robots tem uma parceria com o banco holandês DLL, que fornece opções de financiamento dos equipamentos com mensalidades baixas, vantagens tributárias e de créditos e juros bastante competitivos. A ideia é facilitar o acesso aos cobots para pequenas e médias indústrias.

CT - O maestro João Carlos Martins possui um cobot, o Joquinha. Como ele funciona no cotidiano do maestro? No futuro, os cobots poderão ser usados no dia a dia de uma pessoa comum?

D.P.: A ideia de desenvolvermos um cobot para o Maestro João Carlos Martins surgiu em 2018, porque ele disse em uma palestra que decorava todas as partituras, por causa da falta de mobilidade que ele tem nos dedos. Nós então, tivemos a ideia, e desenvolvemos com a ajuda da integradora SPI, de desenvolver o Joaquim, que é um robô que funciona como um assistente dele no palco, manuseando as partituras. Essa iniciativa surgiu porque acreditamos que os robôs podem ajudar muito a empoderar as pessoas, a melhorar a vida delas, e o intuito do Joquinha é justamente esse. Empoderar o maestro e melhorar a sua qualidade de vida.

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Sobre fazer parte do dia a dia das pessoas, hoje nós já começamos a ver o papel dos robôs em situações cada vez mais inusitadas. A robótica, e não apenas na modalidade colaborativa industrial, mas na robótica em geral, estará cada vez mais presente em nosso dia a dia, desde aspirador de pó, passando por uso de drones, até mesmo a aplicação de robôs médicos. Então eu diria que sim, será cada vez mais vai ser natural para as gerações mais jovens em ter contato com linguagens de programação e com diversos tipos de robôs.


CT - Falando um pouco de futurologia: qual é o futuro da robótica colaborativa? Que novas tecnologias nesse setor poderemos ver em alguns anos?

D.P.: Quando falamos de inovação logo pensamos em evolução. O mundo evolui constantemente e é um pilar fundamental da sociedade para buscarmos um mundo mais sustentável. Para que isso aconteça, temos que quebrar um paradigma: medo de novas tecnologias. De fato, antigamente era necessário que o profissional passasse por uma curva de aprendizado bastante árdua e longa para conhecer, programar ou operar novas tecnologias. Contudo, hoje temos um viés cada vez mais user friendly, requerendo menos conhecimento técnico profundo e fomentando mais a criatividade humana.

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Estamos percebendo uma nova dinâmica mercadológica que varia muito de segmento para segmento. Existe uma aversão ao risco inerente ao momento que estamos passando, e o principal assunto discutido com os executivos é como controlar fluxo de caixa e manter todos os colaboradores na operação de forma segura. Muitos segmentos tiveram suas operações naturalmente reduzidas pelo próprio comportamento de seus consumidores e isso abriu margem e oportunidade para empresários e executivos repensarem como será o processo de retomada (para alguns, ocorrerá ainda no 2o semestre de 2020 e para outros, apenas em 2021).

A automação e tecnologias habilitadoras da Industria 4.0 terão uma atenção mais especial do que nunca neste momento, podendo ser um diferencial considerável na busca de reduções de custos operacionais e diferenciação sobre a concorrência em escala global. Logo, projetamos crescimento sustentável e relativamente acelerado com o nosso modelo de negócio.