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Novo software de código aberto ajuda a planejar cidades mais sustentáveis

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 25 de Junho de 2021 às 12h15

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Reprodução/Stanford University
Reprodução/Stanford University

Pesquisadores da Universidade Stanford, nos EUA, desenvolveram um novo software que pode ser usado para projetar cidades mais sustentáveis. O programa de código aberto criado pelo Stanford Natural Capital Project produz mapas detalhados onde é possível visualizar conexões entre a natureza e o bem-estar das pessoas.

O Urban InVEST (Integrated Valuation of Ecosystem Services and Tradeoffs) é uma ferramenta que poderá ser utilizada por arquitetos, urbanistas e engenheiros para definir onde os investimentos em parques e áreas verdes trarão mais benefícios para a população sem prejudicar a dinâmica das cidades e o meio ambiente.

"Este software ajuda a projetar cidades melhores para as pessoas e para a natureza. A ecologia urbana é um benfeitor multitarefa: as árvores podem reduzir as temperaturas ao mesmo tempo em que absorvem as emissões de carbono, tornando a cidade um lugar mais agradável para se estar", diz a diretora e cientista-chefe do Natural Capital Project, Anne Guerry.

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Urban InVEST

O programa permite a combinação de fatores ambientais, como padrões de temperatura e informações socioeconômicas relacionadas ao nível de renda da população. Também é possível inserir dados sobre as cidades e acessar fontes globais de referência, como estações meteorológicas e até satélites da NASA.

Com esse conjunto de ferramentas é possível mapear e modelar os benefícios que a natureza oferece às pessoas, fazendo com que todos possam coexistir no mesmo espaço, sem interferir no desenvolvimento de cada um. Isso ajuda no planejamento de uma infraestrutura mais verde, saudável e eficiente para todos os moradores.

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"Estamos respondendo a três perguntas cruciais com este software: onde em uma cidade a natureza está fornecendo quais benefícios às pessoas, quanto de cada benefício ela está proporcionando e quem está recebendo esses benefícios”, explica a autora principal do projeto, Perrine Hamel, professora de ciências ambientais de Stanford.

Na prática

Para testar a eficácia do software longe dos laboratórios da universidade, os pesquisadores utilizaram alguns centros urbanos ao redor do mundo como Paris, na França; Lausanne, na Suíça; Shenzhen e Guangzhou, na China e várias cidades dos EUA, incluindo San Francisco e Minneapolis.

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Em Paris, por exemplo, os cientistas analisaram bairros sem acesso a áreas naturais e sobrepuseram dados econômicos para entender quem recebia mais benefícios da natureza. Com isso foi possível determinar onde deveria haver mais investimentos em espaços verdes, parques e ciclovias para atender a todos de maneira igual.

Já em Shenzhen, na China, os pesquisadores usaram o programa para calcular como uma infraestrutura natural, com mais parques e florestas, reduziria os danos causados por uma tempestade mais severa. Eles descobriram que ao absorver a água da chuva e evitar a propagação da enchente, as áreas verdes ajudariam a evitar um prejuízo de aproximadamente US$ 25 bilhões (cerca de R$ 125 bilhões).

Na cidade de Minneapolis, nos EUA, o InVEST revelou que os urbanistas deveriam transformar antigos campos de golfe abandonados em parques em vez de construir um novo bairro no local. Essa atitude poderia diminuir a temperatura ambiental em até 3º C, manter os rios limpos e aumentar a biodiversidade da região.

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Natureza x economia

As áreas verdes são distribuídas de forma desigual na maioria das cidades, com os mais ricos tendo acesso a locais como parques e clubes privados e os mais pobres, que vivem em regiões onde os benefícios proporcionados pela natureza não chegam com a mesma frequência.

Dados apresentados pelos pesquisadores mostram que comunidades de baixa renda são marginalizadas e, ao mesmo tempo, impedidas de colher as vantagens disponibilizadas por regiões mais arborizadas e com desenvolvimento econômico sustentável, como a melhoria da saúde física e mental.

"As cidades, mais do que qualquer outro ecossistema, são projetadas por pessoas. Por que não ser mais cuidadoso sobre como projetamos os lugares onde a maioria de nós passa a maior parte do tempo? Com esse software, os governos podem lidar com as desigualdades e construir cidades mais resilientes, com melhores resultados a longo prazo para todos”, conclui Anne Guerry.

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Fonte: Stanford University