Novo material permite a criação de "marfim sintético" em impressoras 3D
Por Gustavo Minari | Editado por Douglas Ciriaco | 16 de Abril de 2021 às 17h50
Os cientistas da Universidade de Tecnologia de Viena, na Áustria, criaram o Digory, um material muito parecido com o marfim e que pode ser usado em impressoras 3D para a produção de peças de restauração de objetos antigos.
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Em 1989 o comércio do marfim foi proibido para proteger a população de elefantes que restava no mundo. Mesmo assim, segundo a WWF, cerca de 20 mil animais ainda são mortos anualmente por causa de suas presas.
Para desencorajar o comércio do marfim, os restauradores utilizam outros materiais, como ossos, conchas e plástico, para recuperar partes danificadas ou perdidas de artefatos históricos, originalmente criados com peças de marfim. Mas nenhum desses elementos consegue substituir as presas de elefante de maneira satisfatória.
Digory x Marfim
O Digory é produzido a partir de uma resina sintética e partículas de fosfato de cálcio. Ele é processado em altas temperaturas no estado líquido e depois endurecido em impressoras 3D que utilizam raios UV.
Como possui uma estrutura maleável, pode assumir qualquer formato desejado. Com a combinação certa de cores e após o polimento, fica difícil diferenciar uma peça com o "marfim sintético" de uma que usa o marfim de verdade.
Os estudos sobre o Digory começaram durante o processo de restauração das colunas do caixão do Imperador Frederico III, da Áustria. "Ele é decorado com pequenos enfeites de marfim, alguns dos quais se perderam com o tempo. A questão era se eles poderiam ser substituídos pela tecnologia de impressão 3D", disse o professor Jürgen Stampfl.
Impressão 3D
Depois de vários experimentos, os pesquisadores conseguiram encontrar a mistura certa para produzir o Digory. As partículas de fosfato de cálcio, que têm diâmetro médio de 7 micrômetros (0.007 milímetros), são incorporadas em uma resina especial com óxido de silício.
A mistura é processada em altas temperaturas, em um sistema conhecido com estereolitografia, e depois precisa ser curada com um raios UV emitidos por um laser. Para alcançar a cor desejada, os cientistas utilizaram várias substâncias diferentes.
“O marfim é translúcido. Somente se você usar a quantidade certa de fosfato de cálcio o material terá as mesmas propriedades translúcidas do marfim. Depois, pode-se retocar a cor do objeto, e a equipe conseguiu bons resultados com o chá preto”, explica o professor Thaddäa Rath.
Os pesquisadores esperam agora que o novo material seja produzido em grande escala como substituto oficial do marfim e que isso impeça que milhares de elefantes sejam mortos para fabricação de joias e objetos de arte.
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