Dispositivo usa espectroscopia para revelar a composição de tecidos
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Para quem trabalha na área têxtil ou se interessa pelo mundo da moda, identificar a composição de um tecido pelo simples toque pode ser um desafio e tanto. A situação se complica ainda mais com os novos tecidos tecnológicos, como a seda à prova de balas. Pensando nisso, pesquisadores do Instituto Fraunhofer de Pesquisa em Microssistemas Fotônicos (IPMS) desenvolveram um novo dispositivo capaz de revelar os materiais de uma trama em segundos, usando Inteligência Artificial (IA), espectroscopia de infravermelho e uma câmera de celular.
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Fora do universo têxtil, os espectrômetros são bastante populares na análise de materiais orgânicos sem a necessidade de destruí-los. Por exemplo, é uma ferramenta que pode ser usada na investigação de manchas de sangue na cena de um crime ou mesmo para estudar a composição de bebidas. Também são usados em pesquisas espaciais.
Descobrindo os materiais do tecido
Para revelar os materiais usados no tecido, os cientistas usaram a técnica da espectroscopia de infravermelho próximo (NIR). “Combinamos espectroscopia NIR com imagem e IA para obter maior precisão ao reconhecer e analisar objetos”, detalha Heinrich Grüger, cientista do Fraunhofer IPMS e um dos responsáveis pelo invento, em nota.
Como explica Grüger, “a resolução óptica é de 10 nanômetros”. “Esta alta resolução significa que o espectrômetro NIR também pode usar IA para identificar tecidos mistos, como peças de roupa feitas de poliéster e algodão” , acrescenta o cientista.
Onde usar o dispositivo?
Inicialmente, o dispositivo de espectroscopia deve auxiliar no processo de reciclagem de roupas. Em muitos casos, o que as empresas recebem são retalhos de tecido ou roupas já usadas, onde identificar o material, hoje, leva tempo. No entanto, é extremamente necessário saber a composição antes que as fibras sejam separadas e reutilizadas.
Em paralelo, os pesquisadores buscam reduzir ainda mais o tamanho do dispositivo para que ele seja oportunamente integrado aos celulares. Se estivessem disponíveis na vida cotidiana, poderiam ajudar no processo de verificação de roupas ou mesmo na detecção de falsificações.
No futuro, os cientistas alemães ainda querem expandir a tecnologia de análise para outros materiais, como alimentos, o que poderia revelar os exatos ingredientes de uma mistura. Entre as possíveis aplicações, está a análise da pele humana, como pintas ou manchas, dentro de um consultório dermatológico.
Fonte: Fraunhofer