Como a levitação pelo som pode revolucionar realidade virtual e aumentada
Por Renato Santino • Editado por Douglas Ciriaco |
Cientistas deram um passo importante para avançar a tecnologia de levitação acústica, que faz com que objetos permaneçam estáveis em pleno ar utilizando apenas ondas sonoras. No estudo, foi possível alcançar o efeito sem depender de um ambiente controlado, o que ampliaria significativamente as aplicações possíveis, em especial para o entretenimento e para impressão 3D.
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Sem depender de um ambiente tão controlado para utilização, seria possível desenvolver aplicações compatíveis com o mundo real, o que incluiria a geração de simulações imersivas no mundo real sem a necessidade de um visor, como os de realidade aumentada. Entre as possibilidades estariam imagens em 3D que poderiam ser vistas, ouvidas e até tocadas, como hologramas interativos.
Até então, aplicações de levitação acústica eram inviáveis sem controle total do ambiente. Bastaria que algum elemento indesejado entrasse no caminho da onda sonora para que a levitação fosse interrompida e o objeto cairia imediatamente. Com a nova técnica, no entanto, seria possível manter a flutuação com outros obstáculos próximos, como paredes e equipamentos domésticos comuns.
Como funciona?
Para conseguir levitar objetos como pedaços de tecido, gotas d’água e bolinhas de isopor, a equipe se valeu de dois novos passos. O primeiro deles foi mapear as ondas sonoras individuais de cada um dos alto-falantes em uso, para rastrear suas trajetórias mesmo conforme elas eram rebatidas pelos objetos no ambiente.
Na sequência, a técnica envolvia a utilização de um sistema capaz de ligar ou desligar rapidamente cada alto-falante para que eles conseguissem compensar o espalhamento das ondas pelo ambiente e manter o objeto em uma posição estável no ar.
Mais do que apenas aplicações na área de entretenimento, o mecanismo pode ser uma revolução para a produção dependente de impressora 3D, em especial com a mistura de múltiplos materiais.
“Estou empolgado sobre como este este trabalho abre a porta para misturar vários materiais diferentes na manufatura aditiva e na impressão 3D. A levitação acústica tem grande potencial na indústria de precisão”, diz Sri Subramanian, pesquisador da University College London, autor principal do estudo
O otimismo se deve ao fato de que atualmente, as impressoras 3D utilizam apenas um dispensador para liberar cada material que compõe o objeto final, o que torna o sistema propenso a contaminação, especialmente quando se envolve produtos químicos e materiais biológicos no sistema. A levitação acústica, por sua vez, permitiria evitar a contaminação e tornaria o processo mais flexível, já que permitiria a adição de material de qualquer direção, e não apenas produzi-los camada por camada, como é feito atualmente.
Fonte: UCL