Cientistas criam plástico à base de enxofre que não propaga fogo
Por Gustavo Minari | Editado por Douglas Ciriaco | 26 de Outubro de 2021 às 11h32
Pesquisadores da Universidade do Arizona, nos EUA, desenvolveram um sistema inovador que transforma o enxofre em um tipo de plástico de alta qualidade e capaz de retardar a propagação das chamas. O material utilizado é um subproduto do refino de combustíveis fósseis e cada barril de petróleo, por exemplo, contém de 1% a 5% de enxofre.
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Em refinarias convencionais, quando o petróleo e o gás são extraídos do solo, eles possuem um coquetel de produtos químicos altamente poluentes, que precisam ser removidos para poderem queimar de maneira mais limpa. Se o enxofre não for retirado, ele pode se misturar à atmosfera, causando chuva ácida.
“Essa quantidade é apenas para óleo padrão de reservas típicas. Outras reservas podem conter até 40% de enxofre por peso. Você tem que tirar todo o enxofre dessas substâncias para não ter que lidar com problemas ambientais no futuro”, explica o professor de bioquímica Jeff Pyun, autor principal do estudo.
Plástico de enxofre
O elastômero termoplástico criado pelos pesquisadores é um material emborrachado, elástico e completamente moldável. Outra característica importante é que ele é um retardante de chamas, ou seja, assim que o plástico pega fogo ele se autoextingue imediatamente em vez de queimar, produzir calor ou fumaça tóxica.
Produtos plásticos utilizados hoje pela indústria são baratos e possuem boas propriedades mecânicas, podendo ser usados em diversas aplicações, como motores de automóveis e pneus de borracha. O maior problema é que esses materiais são inflamáveis e contribuem para a propagação de incêndios.
“Os plásticos com propriedades mecânicas realmente boas e, ao mesmo tempo, retardantes de chamas, são muito caros e difíceis de produzir. O que eventualmente queremos é criar plásticos de baixo custo, eficientes e que não alastrem o fogo, independente do ambiente onde estão inseridos”, acrescenta Pyun.
Vulcanização inversa
Os polímeros feitos à base de enxofre puro não são estáveis e costumam se decompor novamente em pó, mesmo em temperatura ambiente. Utilizando um processo conhecido como vulcanização inversa, os pesquisadores aplicaram uma combinação de enxofre e outros compostos orgânicos para “amarrar” os polímeros, tornando-os mais estáveis e impedindo sua decomposição.
A adição de enxofre ao poliuretano, por exemplo, aumentou o retardamento das chamas graças ao uso em conjunto de polimerizantes covalentes dinâmicos, capazes de conter o calor resultante da queima do plástico, evitando o surgimento de focos de fumaça com alto teor de toxicidade.
“No futuro, esperamos fazer uma classe totalmente nova de plásticos retardadores de chamas acessíveis que possam ser usados em mais produtos. O próximo passo será patentear e licenciar o plástico fabricado à base de enxofre e depois levá-l ao mercado para ser comercializado”, encerra o professor Jeff Pyun.
Fonte: University of Arizona