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Cientistas conseguem transformar plástico em proteína comestível

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 27 de Julho de 2021 às 11h56

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Fly:D/Unsplash
Fly:D/Unsplash

Pesquisadores da University of Illinois Urbana-Champaign e da Michigan Technological University, ambas nos EUA, criaram uma tecnologia capaz de converter resíduos plásticos em proteína comestível. Os cientistas ganharam o prêmio 2021 Future Insight Prize patrocinado pela Merck, empresa alemã de ciência e tecnologia.

"Os vencedores do prêmio deste ano criaram uma tecnologia inovadora com o potencial de gerar uma fonte segura, barata e sustentável de alimentos, enquanto reduzem os danos ambientais associados aos resíduos de plástico e métodos agrícolas tradicionais que agridem a natureza", afirma o CEO da Merck Belen Garijo.

Em 2019, a produção global de plásticos e seus derivados chegou a 368 milhões de toneladas métricas. Pelo menos 8 milhões de toneladas desse total foram despejadas nos oceanos ao redor do mundo de maneira indiscriminada, segundo a União Internacional para Conservação da Natureza (UICN).

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Plástico no cardápio

A tecnologia de transformação do plástico em proteína comestível depende do que os cientistas chamam de biologia sintética microbiana, que aproveita micróbios “hackeados” por circuitos genéticos para quebrar as moléculas dos polímeros e transformá-las em uma categoria de material orgânico que pode ser ingerido de forma segura.

A primeira etapa para conversão dos resíduos plásticos em proteína quebra o polímero em monômeros ou componentes individuais. Usando calor, o plástico se transforma em um composto parecido com um óleo viscoso. Alimentada por uma colônia de bactérias desenvolvidas em laboratório, essa substância produz células que são 55% proteínas comestíveis.

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Segundo a Merck, os alimentos resultantes desse processo são nutritivos, atóxicos e fazem bem à saúde. Além disso, eles podem ser personalizados conforme a necessidade de fabricação, alterando ou adaptando os genes sintéticos responsáveis pela conversão do plástico em compostos proteicos.

Proteína em pó

Após passar pelo processo de conversão em reatores, as células de proteínas são desidratadas e transformadas em pó para uso como suplemento alimentar. No futuro, os pesquisadores pretendem utilizar enzimas para despolimerizar plásticos e incluir novas bactérias para quebrar outros resíduos não comestíveis.

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A ideia é desenvolver bactérias para enriquecer a proteína em pó com aminoácidos específicos de nutrição e ácidos graxos poli-insaturados. Além disso, os cientistas querem aumentar a carga probiótica, melhorando a qualidade e a resistência dos alimentos com benefícios terapêuticos personalizados.

“Os micróbios ambientais são capazes de catalisar uma ampla gama de reações químicas, muitas das quais podem ter aplicações industriais. Nosso trabalho aqui é estudar como as comunidades microbianas complexas podem cooperar para desempenhar funções de interesse econômico, garantindo segurança alimentar enquanto ajudam a amenizar o problema da poluição de plástico no planeta”, celebra o microbiologista da Michigan Technological University Stephen Techtmann, coautor do estudo.

Ideia parecida

Seguindo um princípio parecido, pesquisadores da Universidade de Edimburgo, na Inglaterra, descobriram como transformar plástico em vanilina. Eles usaram a bactéria Escherichia coli (E. coli) para converter o plástico encontrado em garrafas PET no composto responsável pelo cheiro e sabor dos grãos de baunilha.

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Ao produzir a bactéria em laboratório, os cientistas conseguiram transformar o ácido tereftálico na mistura sintética que contém vanilina. Apesar de ter o cheiro e o sabor da baunilha de verdade, os cientistas ainda não sabem se ela pode ser usada em alimentos como bolos, sorvetes e seus derivados.

Por enquanto, os pesquisadores pretendem usar a vanilina sintética na formulação de herbicidas, agentes antiespumantes e produtos de limpeza. No futuro, a ideia é ampliar a utilização do composto, transformando o plástico descartado em aterros sanitários em alimentos seguros para o consumo humano.

Fonte: MTU