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"Antena" feita de garrafa PET, areia e pedra melhora o sinal do celular?

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 29 de Setembro de 2021 às 16h04

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Reprodução/Twitter
Reprodução/Twitter

Será que uma garrafa PET cheia de areia e pedras tem a capacidade de melhorar a qualidade do sinal de um telefone celular? A imagem abaixo viralizou no Twitter como sendo uma opção viável em regiões com sinal fraco de internet e trouxe à luz uma técnica que volta e meia ganha destaque nas redes sociais.

Olhando de perto, é difícil acreditar que essa gambiarra consiga captar e amplificar ondas de rádio em áreas isoladas, possibilitando um acesso melhor para dispositivos móveis e outros aparelhos com conexão convencional. E, além disso, especialistas dizem que é praticamente impossível que a combinação plástico-pedra-areia tenha alguma influência no sinal do celular.

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“Para se ter alguma influência significativa no sinal do celular é preciso que os objetos ou as suas combinações tenham algum material bom condutor de eletricidade, como metais. Os materiais dielétricos (plástico, pedra comum e areia) são maus condutores de eletricidade e praticamente são transparentes para as ondas emitidas ou recebidas pelo celular”, explica o professor responsável pelo Laboratório de Demonstrações do Instituto de Física da USP Claudio Furukawa.

Funciona ou não?

Pessoas que já se depararam com a “garrafa amplificadora” juram que o negócio funciona de verdade. No Twitter, vários comentários atestam a eficácia do gadget feito em casa, dizendo que o dispositivo “canaliza o sinal” e transfere as ondas de telefonia celular para uma região mais próxima do aparelho. Mas será?

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O Canaltech perguntou ao professor Claudio Furukawa o que realmente acontece quando alguém coloca um telefone celular dentro de uma garrafa PET com areia e algumas pedras no fundo, esperando ter uma conexão de internet veloz e estável.

“Como são materiais de baixa condutividade elétrica, eles praticamente não interferem e são inertes às ondas eletromagnéticas na faixa do celular. Portanto, são incapazes de canalizar ou concentrar essas ondas de forma significativa ao ponto de funcionarem como antenas”, acrescenta Furukawa.

Rádio de galena

Alguns usuários do Twitter levantaram a hipótese de a antena de garrafa PET ter o mesmo princípio do rádio de galena — dispositivo que utiliza propriedades semicondutoras do mineral galena como receptor de modulação. Nesses aparelhos rudimentares, apenas um pedaço de fio já é suficiente para modular e amplificar um sinal AM.

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Essa possibilidade leva a outra pergunta: será que o tipo de pedra usado dentro da garrafa pode interferir no desempenho e na captação do sinal de celular? Rochas metalizadas teriam a capacidade amplificar ondas de telefonia, melhorando a recepção e a distribuição desse sinal? Parece que não.

“O rádio de galena utiliza uma pedra mineral com a função de um semicondutor no circuito oscilante do receptor, ou seja, ele não funciona como uma antena que concentra ou canaliza as ondas eletromagnéticas. Posteriormente, este mineral foi substituído por diodos, que exercem a mesma função”, lembra Furukawa.

A cabeça interfere

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Na verdade, o que afeta e prejudica a onda eletromagnética é outro material: a água. Então, se a pessoa estiver com o aparelho muito próximo da cabeça, a tendência é que haja uma interferência no sinal causada pelo próprio corpo humano. Isso significa que basta sair de perto do celular para ajudar as ondas a se propagarem melhor.

Como explica a física, materiais de maior condutividade absorvem mais radiação eletromagnética e o corpo humano, com quase 60% de água, tem uma alta condutividade elétrica. Seguindo essa teoria, tanto faz se o celular está dentro de uma garrafa cheia de pedra e areia ou sobre uma mesa, desde que esteja longe da sua mão ou cabeça, um sinal fraco tende a melhorar.

“Estando o corpo perto do celular, ele estaria absorvendo parte das ondas. Como o sinal já estaria fraco, esta pequena interferência já seria suficiente para apagar de vez a recepção. Colocar o aparelho dentro de uma garrafa PET para melhorar o sinal de internet é ineficaz e pode proporcionar apenas um efeito placebo”, encerra o professor Claudio Furukawa.