Algoritmo permite identificar pessoas pela batida do coração
Por Gustavo Minari • Editado por Douglas Ciriaco |

Um estudo realizado pela Universidade Carlos III de Madrid, na Espanha, em parceria com a Universidade de Formação de Professores Shahid Rajaee, no Irã, mostra que o batimento cardíaco pode ser usado como um instrumento biométrico para identificar pessoas.
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A nova técnica é baseada em características exclusivas encontradas no ritmo cardíaco de cada indivíduo. A chamada “biometria do coração” funciona de forma semelhante a outros sistemas que usam medidas biológicas para diferenciar pessoas, como impressões digitais ou o formato da íris.
"A identificação biométrica baseada no registro cardíaco vem sendo estudada há anos. A principal novidade do nosso trabalho é que olhamos para esse registro do eletrocardiograma — que é um sinal temporário — como se fosse uma onda sonora", explica a professora de ciência da computação Carmen Cámara.
Som do coração
Para testar o novo método, os cientistas usaram eletrocardiogramas na análise de cinco qualidades musicais: dinâmica, ritmo, timbre, tom e tonalidade — fatores normalmente utilizados para avaliar arquivos de áudio — aplicando esses elementos ao som dos batimentos cardíacos.
Ao combinar as cinco qualidade musicais com as batidas do coração de pessoas diferentes, os pesquisadores conseguiram criar um algoritmo de identificação com uma taxa de acerto de 96,6%, um percentual bastante elevado em comparação com outros sistemas biométricos de identificação humana.
“A principal vantagem dessa técnica é a universalidade de sua identificação, pois certas pessoas não podem ser reconhecidas por determinados tipos de biometria — em casos de lesão, amputação ou características físicas incapacitantes —, mas o batimento cardíaco é um biossinal que está presente em todos os seres humanos, sem exceção”, acrescenta Cámara.
Mais testes
Embora o futuro da identificação cardíaca seja promissor, os pesquisadores dizem que ainda precisam de mais testes para tornar o sistema comercialmente viável. Um dos fatores a serem estudados é o comportamento do identificador em diferentes tipos de atividade, como correr, caminhar, fazer exercício físico ou estar em situação de estresse.
Além disso, fatores como o uso de marcapassos ou os efeitos de uma arritmia cardíaca devem ser levados em consideração, já que são elementos que estão presentes em uma parcela razoável da população, podendo interferir consideravelmente nos resultados de biometria.
"A idade também é um fator a ser considerado, uma vez que, devido ao nosso envelhecimento natural, o sinal cardíaco muda um pouco ao longo do tempo. Isso significa que nosso sistema deve ser atualizado, pelo menos, a cada cinco anos", encerra a professora Carmen Cámara.