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Wi-Fi 6 é até 40% mais veloz que o padrão atual, mas vale a pena adotá-lo agora?

Por| 02 de Agosto de 2019 às 19h30

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Wi-Fi 6 é até 40% mais veloz que o padrão atual, mas vale a pena adotá-lo agora?
Wi-Fi 6 é até 40% mais veloz que o padrão atual, mas vale a pena adotá-lo agora?

O padrão IEEE 802.11ax, popularmente veiculado na mídia como “Wi-Fi 6” pela Wi-Fi Alliance, assegura conexões sem fio muito rápidas. Bem mais rápidas que a melhor configuração que você puder imaginar dentro dos padrões atuais. Estamos falando de conexões que, dentro de condições ideais, podem chegar a velocidades de 11 Gbps, segundo alguns equipamentos certificados no novo padrão, vistos nas edições de 2018 e 2019 da Consumer Electronics Show (CES), em Las Vegas.

Quem não gosta de internet rápida? Ela nos traz streaming em maior qualidade, downloads de meros segundos ou minutos para arquivos que, hoje, poderiam levar horas, transferência de arquivos em plataformas de nuvem com maior velocidade e estabilidade no upload… As possibilidades são inúmeras.

Mas segure a emoção um pouquinho: você pode muito bem-estar, agora mesmo, abrindo uma aba com a busca do Google tentando identificar roteadores e modems que ofereçam suporte ao novo padrão, porém, segure essa ideia e nos dê um pouco de sua atenção. Pedimos isso porque, veja só, adotar o Wi-Fi 6 agora provavelmente exigirá um investimento considerável, do qual você vai despender à toa.

O que é essa meia dúzia aí?

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A primeira coisa a entender é “porque” o Wi-Fi 6 consegue entregar toda essa velocidade. Segundo testes realizados por canais da imprensa internacional, como CNET e CIO, indicam que o novo padrão de conexão sem fio pode ser até 40% mais rápido do que o Wi-Fi como conhecemos hoje.

Isso porque o padrão IEEE 802.11ax é, por design, feito para operar em todas as faixas de frequência possíveis, de 1 GHz a 7 GHz, incluindo também as faixas 2.4 GHz e 5 GHz atualmente usadas pelo sistema atual. Como essas outras faixas de frequência de rádio são, teoricamente, bem menos congestionadas, a transferência de dados feita por elas tira melhor proveito da estabilidade e oferece mais velocidade. Eliminando os números e o “tecniquês” da explicação, estamos basicamente falando de uma rodovia com todas as faixas de trânsito livre, com um ou dois carros indo e vindo; um cenário mais atraente do que as vias congestionadas que praticamos hoje.

E por que isso já não é adotado? Bom, é verdade que já existem soluções de Wi-Fi 6 disponíveis no mercado. Pela própria Amazon, você consegue comprar alguns modems, roteadores ou repetidores compatíveis por preços a partir de US$ 35 (pouco mais de R$ 135 na cotação de hoje). E também é verdade que os equipamentos com certificação Wi-Fi 6 possuem retrocompatibilidade com a prática atualmente conhecida.

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Entretanto, ainda que as tecnologias consigam conversar entre si, o novo padrão não consegue fazer nada para melhorar o que já existe. O leitor vai lembrar de um detalhe importante sobre conexões de internet: todas elas são, basicamente, ligações de um ponto A para um ponto B. O ponto A pode ser tecnologicamente mais evoluído, claro, mas isso de nada adianta se a demanda por maior velocidade não for bem recebida no ponto B.

Uma outra analogia: imagine um trabalhador da construção civil, que consegue levantar 100 sacos de cimento por minuto. É verdade que ele vai adiantar uma parte do serviço — tirar a carga do caminhão, vamos dizer —, mas e se ele tiver que passar os sacos para outro profissional que levante apenas, digamos, 50 sacos? Por causa dessa limitação, o trabalhador vai limitar-se a carregar a carga máxima que o seu próximo companheiro comportar, já que qualquer coisa que exceda isso seria excedente e mal aproveitada, estagnada.

É o mesmo com a interconexão entre os modelos de Wi-Fi atual e futuro: de nada adianta um deles propagar velocidades na marca dos gigabits por segundo (Gbps), se a outra ponta da conexão não dê suporte além dos megabits por segundo (Mbps).

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Então é cedo demais?

É. Basicamente, a conexão Wi-Fi é tão rápida quanto o link mais lento ao qual ela se conecta: no caso dos usuários finais de internet (ou seja, você), esse limitador é o seu provedor de internet. Isso, sem mencionar a necessidade de investimento mais denso em equipamentos certificados para o novo padrão. São tecnologias novas e, como toda novidade em TI, nenhuma delas vai sair barato.

Há também a questão da disponibilidade do serviço pela empresa. Não apenas na questão técnica, que depende da sua entrada em regiões específicas (vide a atual fibra ótica, que está se massificando apenas agora e antes era relegada a áreas mais centralizadas, por questões de cabeamento), mas também no aspecto comercial: o seu provedor de internet precisa criar um produto para a nova velocidade, a fim de vendê-lo. Operadoras no Brasil adoram falar no “4.5G”, por exemplo, mas quantas delas você já viu oferecer o 5G? Nenhuma, pois isso ainda não chegou aqui comercialmente (embora testes já estejam acontecendo por aí).

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A boa notícia é a de que saltos consideráveis de velocidade e estabilidade serão vistos, e eles não estão muito longe: a estimativa é de que fiquem 30% a 40% mais rápidos em comparação à maior velocidade possível dentro do Wi-Fi 5 de hoje. Mas a maioria das pessoas não atinge “a maior velocidade” do padrão atual, então os saltos serão bem mais intensos e percebidos.

Mais além, como a maioria dos casos em grandes mudanças de padrão de tecnologia, é possível que o público passe a experimentar novas velocidades de forma antecipada: aeroportos, hospitais e outros serviços de grande trânsito geralmente necessitam de maior estrutura de rede e tendem a recebê-la antes.

Ok, mas quando eu puder mudar, o que vou poder fazer?

Chegando ao que interessa ao usuário final, é bom saber que o Wi-Fi 6 traz diversas promessas que podem seduzir qualquer pessoa. Um bom exemplo dado pelo CNET serve muito bem aqui: imagine que você quer maratonar todos os filmes da Marvel já lançados, desde o primeiro Homem de Ferro até o mais recente Vingadores: Ultimato. São, ao todo, 22 filmes, compilados em 10 anos de produção cinematográfica e mais de 50 horas de exibição direta sem comerciais ou intervalos. Sim, aproximadamente dois dias e meio de maratona.

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Dentro deste cenário, vamos dizer que você terá que baixar todos os filmes, exibindo-os em uma playlist para não ter o incômodo de manusear menus de plataformas de streaming ou ficar trocando discos em um reprodutor físico. Ah, e você também quer o máximo de definição, então claramente seus downloads serão para as versões 4K de cada filme. Estamos falando de mais de 1,5 terabytes de tamanho, para tudo.

Bom, segundo o Speedtest, que costuma ditar o padrão médio de internet para vários países, a velocidade média brasileira de internet fica em 36,81 Mbps. Buscando uma calculadora rápida na internet, chegamos a um tempo de download estimado em 101 horas, 53 minutos e 33 segundos. Pouco mais de quatro dias, presumindo que não tenhamos interrupções, quedas ou falhas de qualquer espécie. E sem considerar aspectos como o gasto de energia necessário para se manter uma máquina rodando em alto desempenho por esse período.

Não vamos jogar a velocidade do Wi-Fi 6 ao máximo porque, sejamos francos, a grande maioria do público não terá acesso a ela. Chutando por baixo, vamos dizer que a velocidade média chegará a 1,5 Gbps. Dentro desse cenário, você terá as três primeiras fases do universo cinematográfico da Marvel em duas horas, 23 minutos e 10 segundos.

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Evidentemente, ainda temos tempo até lá. A tecnologia precisará ser implementada, testada, vai apresentar erros e quedas frequentes, antes de encontrar aquele ponto exato de estabilidade e velocidade média satisfatória. Para a esmagadora maioria de nós, ainda não há como adotar isso agora.

Mas já dá para sonhar com aquela maratona ultrarrápida? Bom, sonhar ainda é de graça.

Fonte: CNET; CIO; Speedtest; Projeto de Rede (calculadora)