Tudo o que você precisa saber sobre SSDs e nunca te falaram

Por Redação | 17 de Setembro de 2020 às 10h10

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Tudo o que você precisa saber sobre SSDs e nunca te falaram
Tudo o que você precisa saber sobre SSDs e nunca te falaram

Substituir um HD por um SSD é, de longe, o melhor upgrade possível em qualquer computador. Algo que dizemos com bastante frequência aqui no Canaltech — e não é à toa, já que é a atualização que mais incrementa a experiência de uso, inclusive em notebooks com Windows, Linux ou macOS.

Agora vamos lá: você está em busca de um computador novo, ou mesmo comprar um SSD para atualizar a máquina atual, e se depara com uma variedade de modelos. Aí começam os problemas. Como saber se o SSD é compatível com a minha máquina? Por que dois modelos com a mesma capacidade trazem preços tão diferentes? Melhor ainda: o que significam termos que chegam a parecer quase runas ancestrais, como “SSD M.2 2280 PCIe gen3 NVMe x4”?

Como Douglas Adams escreveu em Guia do Mochileiro das Galáxias, “não entre em pânico!”. Vamos explicar cada um deles (e muito mais!) nas próximas linhas para ajudar você a ficar craque na hora de escolher o melhor SSD para você.

Mas, antes de qualquer coisa: sabemos como é difícil escolher um notebook novo, ainda mais considerando as vantagens de ele vir com um SSD (o que você vai entender melhor a partir das próximas linhas). Por isso, nossa equipe separou uma seleção de notebooks com SSD para você não errar na hora dessa escolha tão importante. É só clicar aqui para ver diversos modelos disponíveis com preços que valem a pena!

Introdução

Começando pela sigla, SSD significa “Solid State Drive” (“Disco de Estado Sólido”, em tradução livre), significando um disco que não possui partes móveis (daí o “sólido”). O nome em si já demonstra uma grande diferença em relação aos HDs (“Hard Drives”, “discos duros” em tradução livre), que trabalham com um cabeçote para leitura/escrita de dados em um disco em rotação constante.

Isso significa que os dados podem ser acessados de forma instantânea, já que não é necessário movimentar nada. Não é necessário esperar o cabeçote achar aquela posição exata no disco, o que garante uma velocidade de acesso muito maior. Afinal, pouco importa onde está o dado no SSD: ele será acessado com a mesma velocidade. Daí vem a afirmação famosa de que SSDs são melhores por oferecerem uma capacidade de “acesso aleatório” superior.

Sistemas operacionais como o Windows e o macOS aproveitam muito mais a velocidade de acessar grandes quantidades de pequenos blocos de dados que de transferências contínuas. Ou seja, o acesso aleatório é um ponto crucial para a agilidade geral de qualquer notebook. Mas SSDs também ganham (e por uma boa margem) em transferências contínuas, garantindo uma excelente experiência de uso em qualquer tipo de máquina, dos notebooks mais simples aos mais avançados do mercado.

Formato

Temos basicamente dois formatos de SSDs (e uma menção honrosa): os de 2,5 polegadas e os M.2. Os primeiros trazem as mesmas dimensões dos discos rígidos utilizados em notebooks (assim como a mesma interface, como veremos na próxima seção), sendo mais simples, acessíveis e conhecidos. Já os M.2 estão ficando cada vez mais comuns e podem atingir velocidades de vários gigabytes por segundo (GB/s) em modelos mais avançados.

Os SSDs de 2,5 polegadas são simples de escolher, já que trazem sempre o mesmo formato e trabalham com a mesma interface (SATA). Já os modelos M.2 podem trabalhar tanto com a interface SATA quanto com o padrão NVMe. Explicando de forma simples, a interface SATA é mais antiga, inicialmente projetada para discos rígidos. Já o NVMe (Non-Volatile Memory Express) foi pensado especificamente para SSDs, o que explica o desempenho superior.

Mais do que isso, o M.2 possui diversos tamanhos, trazendo quatro números após o nome, como 2242, 2260 ou 2280. Basicamente, os dois primeiros dígitos mostram a largura, enquanto os dois últimos indicam o comprimento. Então um modelo M.2 2280 indica um modelo com 22 mm de largura e 80 mm de comprimento. Inclusive, é o formato mais comum, especialmente em notebooks.

Essa diferença nos tamanhos explica os diversos “furos” em placas-mãe mais modernas, uma forma encontrada pelos fabricantes para garantir compatibilidade com qualquer modelo. E todos eles estavam previstos nas primeiras versões do M.2, que se chamava NGFF (“Next Generation Form Factor” - “Fator de forma da próxima geração”, em tradução livre), nome criado para mostrar a diferença em relação aos SSDs e HDs de 2,5'.

Esses dois tipos são os mais comuns no mercado consumidor, mas não são os únicos. Temos também os modelos PCIe, bem mais avançados, que utilizam os conectores da placa de vídeo. São pouco comuns, geralmente voltados para desktops de altíssimo desempenho, mas vale mencioná-los aqui.

Interface

Vimos acima os principais tipos de SSDs em relação ao seu formato. Ou seja, suas dimensões físicas e padrões de mercado. O problema, porém, é que podemos ter dois formatos diferentes com a mesma interface, assim como o mesmo formato com interfaces diferentes. Confuso? Vamos por partes.

Quando dizemos que um SSD é do padrão SATA, geralmente pensamos nos modelos de 2.5’. Mas o ponto que gera muitas dúvidas é que o SATA pode ser entendido tanto como o formato físico do disco quando o padrão que ele trabalha. Pode se referir tanto ao formato quanto à interface, ainda que de forma popular.

SSDs do tipo M.2 podem ser tanto NVMe quanto SATA* em relação à interface. Essa interface é como a máquina enxerga o SSD, com qual protocolo vai trabalhar. Um disco de 2,5 polegadas sempre contará com o formato e a interface SATA. Já um SSD M.2 pode trabalhar tanto com a interface SATA quanto com a interface NVMe.

*Tecnicamente, a “interface SATA” é o AHCI (Advanced Host Controller Interface), mas é a expressão que se tornou popular com o passar dos anos.

Além do fato de serem protocolos diferentes, NVMe e SATA também contam com outra diferença crucial: o tipo de barramento que utilizam. O que explica, aliás, a diferença de desempenho de um em relação ao outro.

Barramento

Uma forma intuitiva de entender o que é um barramento é a seguinte: sabe aquelas linhas que você vê na placa-mãe tanto de um notebook quanto de um desktop? Esses são os barramentos, as trilhas físicas que conectam um componente a outro, e cada um deles trabalha de uma forma diferente.

Os dois que nos interessam aqui são os barramentos SATA e PCI Express. O primeiro é utilizado exclusivamente para discos SATA, tanto SSDs quanto HDs mecânicos, e algumas placas-mãe podem trazer nada menos do que 10 deles, enquanto o segundo é mais abrangente, além de muito mais rápido.

Sabe aquele conector utilizado pela placa de vídeo em uma placa-mãe de desktop? Este é o slot PCI Express, ou PCIe, criado para substituir o antigo AGP, e ainda que ele seja mais associado a placas de vídeo, também é bastante comum em SSDs e até mesmo adaptadores de rede mais avançados. E o motivo é simples: apenas ele é capaz de oferecer velocidades altas o suficiente para cada um desses componentes.

Em números, o padrão SATA de terceira geração (SATA 3 ou SATA III) alcança velocidades máximas de 550 MB/s, enquanto um SSD NVMe x4 (ou seja, utiliza 4 linhas PCI Express) tem um limite teórico de 3.500 MB/s. Cada linha PCIe de terceira geração (PCI Express 3.0, ou PCIe gen3, o padrão mais comum), suporta transferências teóricas de aproximadamente 875 MB/s, número que dobra com o PCI Express 4.0.

Lembram dos SSDs PCIe que mencionamos quando falamos de interface? Tanto eles quanto os M.2 NVMe utilizam o PCI Express, só que o SSD PCIe se conecta diretamente no slot da placa-mãe, como se fosse uma placa de vídeo. Mais do que isso, é bastante rápido porque pode utilizar mais linhas PCI Express. Há modelos, por exemplo, que usam 8 linhas (PCIe 3.0 x8), alcançando velocidades máximas de 7000 MB/s. E sim, esse valor também dobra com o PCI Express 4.0, chegando a 14.000 MB/s, ou 14 GB/s.

Agora já temos todas as informações necessárias para “decodificar” o termo que vimos na introdução.

Conclusão

Iniciamos este artigo com uma proposição simples: explicar o que significa cada um dos termos associados à maioria dos SSDs. Uma expressão pouco intuitiva como “SSD M.2 2280 PCIe gen3 NVMe x4” é nada mais do que uma forma condensada de escrever “armazenamento SSD com interface M.2 com tamanho 22 mm por 80 mm e protocolo NVMe que utiliza 4 linhas do barramento PCI Express de terceira geração”. Ou, em termos populares: “SSD muito, mas muito rápido”.

Priorizar uma máquina com SSD em vez do HD é a escolha que mais foca em experiência de uso, dos notebooks mais básicos aos desktops gamer mais avançados. Os notebooks contam com benefícios adicionais, inclusive, já que SSDs consomem menos energia (ou seja, contam com mais autonomia de bateria), esquentam menos e apresentam menos defeitos. Afinal, não trazem partes móveis, sendo relativamente mais resistentes a danos físicos.

Resumidamente, basta verificar se a sua máquina conta com conectores SATA ou M.2 e escolher o melhor modelo para você. Notebooks mais novos, aliás, estão trazendo ambos, sendo bastante comum utilizam um SSD M.2 para o sistema e um grande HD para arquivos maiores.

Na prática, basta utilizar um SSD para perceber de uma forma bastante intuitiva como ele é capaz de aprimorar a experiência de uso de qualquer máquina. Ações como a inicialização completa em poucos segundos, abertura praticamente instantânea de programas e mais autonomia de bateria são pontos que necessitam de poucas explicações. E depois que utilizamos uma máquina com SSD, dificilmente voltamos atrás.