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Análise | TP-Link Deco M5 é o melhor roteador mesh do mercado, mas custa caro

Por| 02 de Julho de 2020 às 10h17

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Sergio Oliveira
Sergio Oliveira
Tudo sobre TP-Link

No mercado internacional, os roteadores mesh já não são novidade há algum tempo e estão cedendo espaço para aparelhos com suporte a Wi-Fi 6 e padrão AX. No Brasil, entretanto, esses produtos ainda têm um certo frescor e praticamente fazem parte do imaginário popular — muito devido aos preços que são praticados por aqui.

Como justificativa para as cifras que facilmente passam dos R$ 1.000 nos modelos mais simples, as fabricantes alegam que eles têm alguns diferenciais. Além de ampliar o sinal Wi-Fi com qualidade, os roteadores mesh têm design diferenciado pensado para se integrar a qualquer ambiente e oferecem instalação e configuração orientadas pela experiência do usuário. Em outras palavras, eles são bem mais fáceis e simples de configurar que um dispositivo de rede padrão.

No caso do Deco M5, o principal roteador mesh da chinesa TP-Link, tudo isso é verdade, mas vem a um custo alto. Será que que o produto tem qualidade, recursos e diferenciais que justifiquem um investimento tão alto assim? É isso que vamos conferir na análise de hoje.

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O produto

Passar uma boa impressão para o consumidor é essencial e muitas vezes é fator decisivo na hora da compra. A TP-Link sabe disso e trabalhou muito bem a embalagem do Deco M5 para exibir o aparelho de uma maneira clean e ao lado de suas principais características e qualidades.

Basta olhar para ela para saber exatamente não só o que é o produto, mas qual sua proposta. Temos diante de nós um kit com três roteadores mesh capazes de cobrir até 510 m² com Wi-Fi e eliminar os chamados "pontos cegos". A indicação da companhia é de que isso é suficiente para atender casas de 3 a 5 quartos, com até 100 dispositivos conectados. É coisa para caramba!

Dentro da caixa, encontramos os três Deco M5 que compõem o kit padrão vendido pela TP-Link no Brasil. A primeira impressão é extremamente positiva, já que nem de longe os aparelhos lembram as naves espaciais que são os roteadores de médio e grande porte, grandalhões e cheios de antenas. Em vez disso, temos um dispositivo discreto, com quatro antenas internas, construído com plástico branco em formato de disco. O minimalismo visual aliado às dimensões de apenas 12 cm de diâmetro por 3,8 cm de espessura ajudam a integrar o produto a diferentes ambientes — ninguém conseguirá apontar para ele e cravar que é um roteador logo de cara, pode confiar.

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O design do Deco M5 reforça a opção da TP-Link pelo minimalismo. As luzes indicadoras de status comumente empregadas nos roteadores foram substituídas por um único LED posicionado na parte superior. Cada cor indica um estado diferente de funcionamento, o que é bem legal, mas pode ser pouco prático até aprendermos o significado de cada uma:

  • Amarelo piscante: o roteador está se reconfigurando
  • Amarelo: o roteador está iniciando
  • Azul piscante: o roteador está pronto para configuração
  • Azul: o roteador está se configurando
  • Vermelho piscante: o roteador está desconectado do Deco principal
  • Vermelho: o roteador está com um problema
  • Verde piscante: atualização de firmware
  • Verde: roteador funcionando normalmente

São muitas possibilidades e decorar tudo pode ser um problema. Por isso a TP-Link incluiu uma tabelinha explicativa na caixa.

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Na parte traseira de cada Deco M5 estão duas portas Gigabit Ethernet e a entrada para alimentação. A passagem de ar para refrigerar o roteador fica na parte inferior para não prejudicar o visual. É nessa região que também vemos o botão reset e pés de borracha que ajudam a fixar bem as unidades sobre qualquer superfície. Não há furação para instalação vertical.

Internamente, a TP-Link empregou um SoC Qualcomm Atheros IPQ4019 quad-core de 638MHz para dar poder de fogo ao roteador mesh. Além disso, ele conta com 256 MB de memória RAM, 32 MB de memória flash, transceptor dual-port Qualcomm Atheros QCA8027, Bluetooth 4.2 e amplificador de banda 5 GHz Qorvo RFMD RFPA5542.

Finalmente, além dos três roteadores, a caixa contém:

  • 3 fontes de alimentação
  • Cabo ethernet
  • Manual de instalação rápida
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Instalação e interface

Todo roteador mesh oferece um processo fácil e intuitivo de instalação, geralmente todo feito através de um app móvel. O Deco M5 não é diferente. Tanto é que o manual de instalação rápida que acompanha o produto basicamente contém apenas QR codes que levam o usuário para a página de download do aplicativo Deco na Play Store e na App Store.

Com o app instalado no celular, basta seguir as instruções exibidas na tela para instalar toda sua nova infraestrutura de rede:

  1. Conectar o Deco M5 principal à energia e ao modem
  2. Definir onde o roteador está instalado
  3. Definir um nome para a rede (SSID) e senha
  4. Adicionar outros Deco à "malha"
  5. Luz azul vai piscar até o app encontrar o Deco satélite e conectá-lo ao principal
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Seguindo esses passos, é possível criar uma rede mesh com até 10 Decos diferentes. Embora seja pouco provável que você precisará de mais de três unidades para cobrir 100% da sua casa com Wi-Fi, é importante alertar que quanto mais Decos interligados, menor será a qualidade do sinal.

Isso acontece porque o Deco M5 é um roteador dual-band, oferecendo sinal nas bandas de 2,4 GHz e 5 GHz. Comumente, ambas são utilizadas para trafegar dados numa rede, mas, no caso de uma rede mesh, também podem ser usadas para o chamado "tráfego de retorno", que é a forma que roteadores desse tipo se comunicam uns com os outros. Há alguns modelos que possuem um terceiro canal exclusivo para esse tipo de comunicação, mas isso não acontece nesse produto da TP-Link.

Em vez disso, os Decos M5 se comunicam entre si usando as bandas 2,4 GHz e 5 GHz utilizadas pelos dispositivos conectados a eles. Numa infraestrutura montada com até 3 roteadores, não há qualquer impacto; porém, à medida que expandimos a rede com mais unidades do roteador, mais congestionada ela se torna e maior a latência. O problema pode ser contornado conectando os produtos entre si usando cabo de rede, que automaticamente passa a ser o canal principal do tráfego de retorno, mas, além de ser pouco prático, isso ofusca um pouco a ideia de uma rede mesh.

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Tecnicidades a parte, o fato é que, além da instalação, toda a administração da rede é feita pelo app Deco. Com uma interface extremamente amigável, ele permite o usuário fazer praticamente qualquer coisa em até quatro ou cinco toques, nunca mais do que isso. A ideia é facilitar ao máximo a vida das pessoas, dispensando qualquer conhecimento técnico prévio numa abordagem orientada ao plug and play — basicamente, é só ligar tudo e sair usando.

Os benefícios disso são claros, mas também há alguns problemas perceptíveis e que podem incomodar quem já é velho de guerra aqui. Nesse ponto, talvez a maior ressalva seja a interface web: ela existe, mas só serve para acompanhar o status da rede e dos equipamentos online. Em outras palavras, se você não estiver com o celular nas proximidades, não conseguirá ajustar absolutamente nada, mesmo estando usando o laptop ou o desktop. Para os usuários avançados, ficar limitado a apenas uma interface é um revés considerável.

Recursos e funcionalidades

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Até aqui, vimos que o Deco M5 foi feito realmente pensando em simplificar as coisas para os usuários e isso é visto em todos seus aspectos. Todavia, isso não significa que ele é um roteador simples — pelo contrário. Por baixo da pintura e do reboco, o roteador mesh da TP-Link esconde uma série de recursos interessantes que passam despercebidos justamente porque não há manual apropriado na caixa e o app simplifica as coisas a ponto de não explicá-las adequadamente.

Um desses recursos é o seamless roaming, o principal responsável por fazer a mágica dos roteadores mesh acontecer. Em conjunto com a tecnologia de roteamento adaptativo (ART, na sigla em inglês), ele faz os Decos trabalharem juntos numa Wi-Fi de nome único e indica aos dispositivos conectados à rede qual roteador é capaz de fornecer o melhor sinal e a melhor velocidade, além de determinar qual o melhor caminho para o tráfego de dados — tudo de forma transparente, sem o usuário ter de se preocupar em ficar mudando de rede ou algo do tipo.

O Deco M5 também é compatível com beanforming. Graças a essa tecnologia, em vez de distribuir o sinal Wi-Fi de maneira uniforme para todos os cantos da casa, o roteador concentra-se em enviá-lo para as zonas onde há mais dispositivos e maior demanda. O resultado é uma experiência de uso aprimorada.

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Outro recurso bacana que retira das mãos do usuário a responsabilidade de manutenção do equipamento é o self-healing. Graças a ele, o Deco M5 é capaz de identificar automaticamente quando está com algum problema, redirecionando as conexões para outro ponto de rede antes de dar início a medidas corretivas como reinicialização e atualização de firmware, por exemplo.

Também vale mencionar o band steering, um recurso que suprimiu a possibilidade de ativar/desativar manualmente as bandas e canais que serão usados na rede. Como a ideia é automatizar a maior quantidade de configurações possíveis, o band steering fica responsável por determinar se um dispositivo se conectará à banda de 2,4 GHz ou 5 GHz de acordo com a especificação técnica dele e da qualidade do sinal.

Quanto às funcionalidades, o Deco M5 possui praticamente tudo que qualquer outro roteador, incluindo:

  • Reserva de endereço
  • Redirecionamento de porta
  • Clonagem de MAC
  • UPNP
  • VLAN
  • Modo de operação (Bridge ou Roteador)
  • WPS
  • Lista negra
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Além disso, cabe elogios à dashboard do aplicativo para celulares, que permite acompanhar em tempo real quanto cada dispositivo está consumindo de banda e a qual roteador ele está conectado. As funcionalidades de controle e segurança também merecem destaque à parte por se aproveitarem muito bem da abordagem simplista da TP-Link para este produto.

O Quality of Service (QoS), por exemplo, executa um teste de velocidade de internet e define automaticamente os limites e prioridades de cada equipamento conectado à rede com base no perfil que o usuário selecionar: Jogos, Transmitir, Navegar, Bate-Papo e Padrão. Quem quiser ter mais controle sobre isso, pode selecionar o modo Personalizado e setar os limites manualmente.

O Controle Parental é outro que tem configuração amigável, permitindo selecionar perfis preestabelecidos de bloqueio a redes sociais, mensageiros, conteúdo adulto e horários de acesso antes de atribui-los a dispositivos conectados à rede. Além disso, é possível acompanhar um relatório para saber se tudo está correndo dentro dos conformes.

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Por fim, o Deco M5 vem com proteção embutida contra ameaças e invasões fornecida pela Trend Micro gratuitamente por três anos. O funcionamento é semelhante a qualquer antivírus e antimalware no PC: o software monitora constantemente os dados trafegados e é capaz de pôr dispositivos infectados em quarentena. Nesse caso, eles ficam impedidos de enviar quaisquer dados para fora da rede doméstica até que os problemas sejam corrigidos.

Sinal e velocidade

Até aqui analisamos todos os aspectos do Deco M5, mas ainda não o submetemos ao teste de fogo para saber como ele se comporta no dia a dia. Então vamos lá!

Por duas semanas substitui toda a infraestrutura da minha casa para utilizar única e exclusivamente a rede mesh do roteador da TP-Link. Para isso, posicionei o roteador base no escritório, que fica no centro da casa de cerca de 100m², e instalei as duas unidades satélites na cozinha e no quarto ao lado do escritório — conforme mostrado no gráfico abaixo. A primeira escolha tem a ver com a distância e a quantidade de barreiras entre os dois pontos, o que acaba comprometendo a intensidade e qualidade do sinal. A segunda, foi pensando na solução de um problema curioso que ocorre aqui: o quarto de cima é uma zona morta, onde, por algum motivo, a rede sem fio chega com uma qualidade péssima. Assim, a ideia era testar a promessa da fabricante de "eliminar pontos cegos".

Dito isso, os testes foram conduzidos de duas maneiras diferentes: a primeira com o auxílio de ferramentas e a segunda focada em experiência de uso. Na primeira categoria, foram feitos testes de velocidade de conexão à internet (link de 100 / 5 Mbps) com um iPhone 7 Plus para aferir as taxas de download e upload com o Deco M5 em cada um dos principais cômodos da casa. Nesses mesmos locais, usei um notebook conectado à Wi-Fi para baixar e enviar um arquivo de 150 MB para um desktop conectado por cabo ao Deco M5 no escritório — com isso, a ideia era simular a comunicação entre estações de trabalho numa LAN doméstica.

Os resultados foram os seguintes:

Resumidamente, os números mostram que o Deco M5 distribuiu o sinal por toda a casa sem qualquer perda de qualidade ou intensidade. As diferenças de velocidade de download e upload estão dentro de uma margem de variação mais que aceitável e dentro da perda de 10% prevista pelo provedor de internet (aqui, meu plano é de 100 Mbps), então é seguro dizer que o roteador da TP-Link entregou 100% da velocidade em conexão à internet. O mesmo vale para a transferência do arquivo de 150 MB, que ficou na casa dos 25 segundos. Nesse quesito, o local mais crítico foi a região da cozinha e da lavanderia, mais distante e suscetível à depreciação do sinal. Mesmo assim, o tempo está bem abaixo dos registrados com o Cosmo, da Multilaser, e o Covr, da D-Link.

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O produto também se saiu excepcionalmente bem nos testes práticos focados na experiência do usuário. Aqui, em vez de números e ferramentas para medir o desempenho, o que conta é o comportamento do aparelho no dia-a-dia, lidando com demandas diferentes de trabalho, estudo e diversão. Durante o dia, com três pessoas em casa, o cenário era o seguinte: trabalho no Canaltech com navegação intensa na internet, trabalho de professor transmitindo videoaulas ao vivo para alunos e consumo de videoaulas ao vivo por estudante em ano de ENEM. À noite, a demanda por infraestrutura era completamente diferente e envolvia consumo de conteúdo 4K da Netflix e YouTube, mensageiros, redes sociais, downloads de filmes e séries e jogatina online com aproximadamente 10 dispositivos conectados simultaneamente à rede.

Confesso que a experiência com outros roteadores mesh me fez ter receio do teste prático. Na infraestrutura padrão da minha casa, todos os videogames são conectados à rede por cabo e isso dá uma boa aliviada ao Wi-Fi; então, sempre que testava um roteador mesh e confiava todos os dispositivos à conexão sem fios, havia congestionamento, a latência ia para as alturas e ocasionalmente rolavam algumas quedas. Felizmente, e pela primeira vez, esse cenário apocalíptico não aconteceu. Foi possível assistir à Netflix em 4K e jogar Fortnite simultaneamente com ping na casa dos 45 ms (padrão para a região de Natal, no Rio Grande Norte) enquanto o desktop servia arquivos multimídia para outros dois dispositivos da casa via Plex sem qualquer dificuldade.

O Deco M5 segurou o rojão com muita folga, dispensando até mesmo a definição de regras de QoS. No fim das contas, nem eu, nem os participantes do experimento aqui em casa passamos perrengue.

Deco M5: vale a pena?

Sendo curto e grosso: o Deco M5 é o melhor roteador mesh que testamos no Canaltech até agora. Bonito, prático, confiável, competente... São muitos os adjetivos que podemos usar para descrevê-lo. Mas tudo isso tem um preço, e ele não só é bem alto como também é o principal defeito do produto: R$ 1.900. Por esse valor, não importa quantos recursos, funcionalidades e qualidades o Deco M5 tenha... É difícil convencer qualquer pessoa a investir esse tanto no equipamento.

A situação fica mais crítica quando fazemos uma análise fria do público-alvo desse tipo de produto: usuários mais leigos que não querem ter trabalho nem para instalar, nem para configurar ou manter uma rede com um bom sinal Wi-Fi. O preço a mais cobrado pela praticidade, usabilidade e cobertura extras está muito acima do que esse tipo de consumidor pode julgar aceitável — ainda mais quando a maioria enxerga repetidores na casa dos R$ 150 como uma opção tão boa quanto (embora sejam produtos completamente diferentes). Os usuários avançados, então, esbarram justamente na simplicidade: porque pagar mais se não dá para mexer tanto assim?

Esse não é um problema exclusivo do Deco M5, mas de todos os roteadores mesh de qualidade aceitável à venda no mercado brasileiro. A maioria custa a partir dos R$ 1.300, acima dos novos modelos com suporte a Wi-Fi 6 e padrão 11ax que estão chegando ao mercado prometendo velocidades além do gigabit, mais funcionalidades e recursos novos e aprimorados e à prova de futuro — a própria TP-Link anunciou recentemente o Archer AX10, que tem preço sugerido de R$ 900.

Por mais que de um lado da balança tenhamos dezenas de aspectos positivos, o preço colocado no outro lado pesa demais, sobretudo em um mercado como o brasileiro. Por isso, mesmo que tenhamos em mãos o melhor roteador mesh que já testamos no Canaltech, é difícil indicá-lo enquanto ele continuar custando acima dos R$ 1.000 e houver soluções mais robustas e/ou mais baratas que se propõem a resolver o mesmo problema que ele, mas custando centenas de reais a menos.

*O Deco M5 utilizado nesta análise foi gentilmente cedido ao Canaltech pela TP-Link Brasil.