Hacker que aplicava golpes em visitantes de sites pornô é preso
Por Thaís Augusto |

Um ex-estudante de ciências da computação foi condenado nesta terça-feira (9) a seis anos de prisão por aplicar golpes em visitantes de sites pornô usando um ransomware – software que bloqueia o acesso do usuário ao sistema e cobra um resgate para que ele possa ser restabelecido.
A informação foi publicada pela BBC. De acordo com o site, Zain Qaiser ganhou mais de £ 700 mil durante o período em que aplicava os golpes. Ele usava o apelido K!NG, que significa Rei em português.
As autoridades apontam que a atividade hacker foi praticada quando Qaiser tinha de 17 a 19 anos de idade. Na época, ele ainda morava com sua família, mas atuava para uma organização criminosa global sediada na Rússia. Com o dinheiro, Qaiser gastou £ 2.000 em um hotel de luxo em Chelsea e comprou um relógio Rolex avaliado em £ 5.000. Ele regularmente gastava o dinheiro com prostitutas, drogas e até desembolsou £ 70 mil libras em apenas uma noite em um cassino localizado dentro de um shopping de luxo. As informações foram levantadas pela Agência Nacional contra o Crime (NCA), que investiga o crime organizado no Reino Unido.
Atualmente, o hacker tem 24 anos. "Este era um dos mais sofisticados, sérios e organizados grupos de crime cibernético que a Agência Nacional contra o Crime já investigou”, disse o investigador sênior da NCA, Nigel Leary, em comunicado. “A investigação foi complexa e de longa duração, na qual trabalhamos com parceiros nos Estados Unidos, Canadá, Europa e o Crown Prosecution Service (ligado ao Ministério Público da Inglaterra e do País de Gales)”.
De acordo com as autoridades, Qaiser se passava por agências de publicidade legítimas para comprar tráfego de anúncios de sites pornográficos. Assim, o grupo criminoso poderia colocar no ar anúncios vinculados a sites que hospedavam o malware. Um desses era o ransomware Reveton, que bloqueia o navegador do usuário. A operação de Qaiser exigia que as vítimas pagassem até US$ 1 mil em troca da devolução do acesso.
Outro ransomware se disfarçava de órgãos policiais e acusava o usuário de infringir a lei. A mensagem alertava que ele poderia ser preso por até três anos se não realizasse o pagamento imediato de uma multa equivalente a US$ 200 ou US$ 100.
"Por medo e vergonha de que amigos ou familiares descobrirem que acessavam pornografia, muitos usuários pagaram o resgate", disse o promotor Joel Smith.
A Agência Nacional de Crimes afirma que é impossível saber exatamente quantas pessoas pagaram pelo resgate, mas uma captura de tela do sistema de Qaiser revela que ele acumulou £ 11.000 só em julho de 2014.
Quando as agências que vendiam o espaço publicitário tentavam interferir no plano de Qaiser, ele as chantageava usando ataques cibernéticos. Ele disse ao diretor de uma das empresa: “Primeiro vou acabar com seu servidor e depois vou enviar spam de pornografia infantil”.
O julgamento de Qaiser havia sido planejado para fevereiro de 2018, mas acabou sendo adiado porque seu advogado de defesa disse que o cliente sofria de doença mental. Mais tarde, as autoridades descobriram que enquanto Qaiser esteve detido em um hospital psiquiátrico, o Wi-Fi do hospital foi usado para acessar sites de anúncios que ele havia utilizado anteriormente em seu esquema de ransomware.