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Reflexões sobre Telecom: história, OTT e acesso às tecnologias móveis

Por| 13 de Outubro de 2019 às 18h00

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Reflexões sobre Telecom: história, OTT e acesso às tecnologias móveis
Reflexões sobre Telecom: história, OTT e acesso às tecnologias móveis

As discussões no mundo das tecnologias da informação e das comunicações (TIC) validam qualquer conceito filosófico esboçado por múltiplas civilizações antigas sobre o ciclo da história. Se analisar bem, é possível trocar as siglas dos protagonistas e até os mercados de referência, mas no fim, as discussões, em sua essência, são praticamente idênticas.

É por esta razão que na indústria, como na memória dos países, é tão importante a história. Saber o que aconteceu, como aconteceu e sobretudo se funcionou. Do contrário, estaremos tropeçando com a mesma pedra toda vez. Falar do desaparecimento de cotas móvel deveria ser um requisito para qualquer adepto do mundo das operadoras móveis virtuais, pois sua venda de usuários não acontece sem antes apresentar uma forte batalha ante distintos atores. Como caso de estudo é fascinante, sobretudo se uma das partes estudadas for o contrato de proporções bíblicas que teve que assinar.

Visitar a história itinerante da América Latina e do Caribe serve para explicar muitas das posições adotadas pelos governos, como também a evolução na postura das operadoras sobre este tema em pouco mais de uma década. A evolução do tema, especialmente em mercados da Bacia e do Caribe servem para entender o porquê dos picos de investimento em multiplicidade de redes, e uma política pública de administração de espectro com abordagem híbrida das bandas que alocava, cumprindo com as recomendações dadas tanto para região 1 como para região 2 de tecnologias sem fio, que geograficamente determinou a União Internacional de Telecomunicações (UIT).

Outra característica intrínseca do mundo das TIC é que trimestralmente todo o diálogo referente aos avanços entre atores é lento e repleto de repetições. Assim como foi observado com a gerações móveis anteriores, agora encontramos os que vivem endeusando a 5G, que promete muitas possibilidades que serão aproveitadas pelos governos para acelerar a chegada da inovação tecnológica aos seus mercados por meio da internet das coisas.

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O problema é que o ímpeto da indústria privada parece chocar com uma mordaça, pois os servidores públicos não parecem inclinados a perceber, ou a identificar um empreendimento com este fim. Os resultados são provas, protótipos e lançamentos com mais promessas postergadas dos reais. Incluindo alguns, que julgam impertinente o jogo de recordar, mencionam que algumas promessas são incrivelmente parecidas com as do início do século, quando o mundo estava com a expectativa da 3G, que simplesmente não cumpriu com o esperado.

Ainda que o ruído de ocasiões fomente vendedores inescrupulosos que querem converter a nova geração tecnológica em um Velo de Ouro com a capacidade de saciar até os gostos mais excêntricos das pessoas, novamente a velha guarda recorda do acontecido com o WiMax e sua parente do sul coreana WiBro na região. Experiências que permitem a todo especialista sério criar um resumo no qual a descrição das tecnologias mais próximas do mundo real é limitada e inclui a mensagem de que o trabalho não está concluído, já que a tecnologia deve continuar evoluindo para oferecer mais serviços, e simultaneamente irá encontrar novos desafios.

A diferença que existe nestes momentos supera indiscutivelmente qualquer promessa observada ao longo dos anos, nos quais as operadoras poderiam se diferenciar da concorrência, dependendo dos conteúdos que detém seja por desenvolvimento próprio ou pela compra de terceiros. Este mundo compartilhado do qual a operadora participava, definido por iMode já se foi.

Aqueles tempos apresentavam um modelo de negócios no qual a infraestrutura mudava conforme a operadora contratada, mas com o passar dos anos muitas das alternativas propostas foram parecendo localizadas em quase todo o planeta na mesma rota evolutiva definida pela 3GPP por meio da LTE e, posteriormente com as 5G.

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Ante as similaridades das redes, a diferença entre os jogadores do mercado que proporcionam serviços de acesso às telecomunicações se dá por meio de alianças com outras entidades e pela disponibilidade de aplicações, majoritariamente audiovisuais.

Precisamente este é um tema que encontramos astrônomos e astrólogos com similaridades de analistas e consultores. Cada um apresenta a verdade absoluta acerca das plataformas audiovisuais ou videotecas conhecidas comumente como OTT de Vídeo. Ótimas análises sobre o conglomerado global com faturamento de bilhões de dólares descobriram que a fórmula é lucrativa. Pode ser mais apropriado dar um passo atrás e oferecer conteúdo que seja do interesse do usuário final, sem a necessidade de enfrentar grandes custos para acessar o mesmo.

Existem aqueles que tentam adivinhar sobre o mercado de OTT baseado em números produzidos, que não apresenta um crescimento simples de linhas ou de assinantes, mas uma linha ascendente para onde vai a projeção de renda gerada por seres humanos. Crescimento Infinito, independentemente das condições macroeconômicas dos mercados, da distribuição de riqueza e do poder de compra das massas.

Afinal de contas quando a operadora decide massificar o serviço, cedo ou tarde precisa compreender a chegada do mesmo aos quintis econômicos que forneceram aos seus clientes durante o boom de crescimento de células, graças a implementação de um esquema de cobrança pré-pago acompanhado de subsídios interessantes para facilitar a compra de telefones.

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Durante esta contemplação se dão conta de que Jorge Manrique poderia ter tido um pouco de reconhecimento, pois compreendem que aqueles tempos passados de mensagem de texto e telefonia básica era um século de ouro dos serviços móveis. Agora o problema é outro, em um mundo no qual todas as redes das operadoras oferecem serviços similares (utilizam equipamentos dos mesmos provedores), o problema é como evitar imitar os versos do arque-sacerdote de Hita sobre o grande agitador que é o Dom Dinheiro.

Agitador porque agora as operadoras que tanto desejam obter dinheiro precisam ter responsabilidade de compartilhar entre uma multiplicidade de gastos um monte de dinheiro que anteriormente se destinava a cumprir os gastos de apenas um provedor. Agora, precisa pagar parte desse celular que já não se subsidia, cobrir parcialmente os custos do novo telefone e a tarifa mensal do plano de pagamento e telefonia.

Talvez esta seja de fato a grande discussão das telecomunicações, que fala de forma abstrata em oportunidades de crescimento.

É como se fosse um ente independente da economia, mas ignora aspectos de desenvolvimento básicos que impactam diretamente nos níveis de adoção das novas tecnologias. Por exemplo, quando menciona a pobreza como obstáculo imediato menciona o impacto das TIC na economia criando um círculo vicioso.

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A simples verdade é que para avançar com a adoção das telecomunicações e dos serviços oferecem é imperativo reduzir os níveis de pobreza, melhorar a educação, reduzir o desemprego, melhorar a infraestrutura básica e atender às demandas por serviços de saúde, entre outras. Se não existe dinheiro não se pode pagar por um serviço, sobretudo quando a prioridade para muitos é buscar o que comer para si e para sua família.

Uma simples razão que forçará o desaparecimento de tantas plataformas audiovisuais, pois como diz a canção “no hay cama pa´ tanta gente (não existe cama pra tanta gente)".

*Esta coluna é escrita em caráter pessoal.