Apps brasileiros agora têm normas técnicas da ABNT para acessibilidade
Por Claudio Yuge |
A tecnologia vem ajudando cada vez mais o acesso de pessoas com deficiências a produtos e serviços. Estima-se que o Brasil tenham mais de 17 milhões de pessoas com alguma deficiência, e, agora, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) dá um grande passo para a evolução do tema: desenvolvedores de apps e sites móveis passam a responder à nova norma técnica de acessibilidade, a NBR 17060.
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Criada pela ABNT, em parceria com o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e a colaboração de mais de 90 especialistas no assunto, a NBR 17060 compreende os aplicativos nativos para Android e iOS, softwares híbridos, web apps e sites móveis. O objetivo é contribuir para que a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015) seja efetivamente cumprida, com a ampliação da acessibilidade para:
- Pessoas sem visão;
- Pessoas com visão limitada;
- Pessoas sem percepção de cor;
- Pessoas sem audição;
- Pessoas com audição limitada;
- Pessoas sem fala;
- Pessoas com manipulação ou força limitadas;
- Pessoas com alcance limitado;
- Pessoas com epilepsia fotossensível;
- Pessoas com cognição limitada.
“Sem essa norma a nossa legislação sobre acessibilidade, que é bastante avançada, não pode ser exercida. Não diria que é letra morta, mas letra dormente. E com essa norma a gente acorda a lei”, destaca Cid Torquato, CEO da ICOM Libras, empresa especializada em acessibilidade para pessoas com deficiência auditiva, que participou do evento de apresentação nesta quarta-feira (26), segundo o Mobile Time.
O que a norma de acessibilidade da ABNT prevê
A nova norma é composta por 54 requisitos e recomendações, que são divididos em quatro grupos:
- Percepção e compreensão;
- Controle e interação;
- Mídia;
- Codificação.
Tudo isso serve para facilitar o acesso para quem não consegue ver ou ouvir, por exemplo. Os requisitos envolvem elementos não textuais, legendas, interação por toque, distinção de sons, entre outros. Por exemplo, as diretrizes agora tratam como um botão deve ser descrito, além de seu tamanho para área de toque.
A acessibilidade digital ganhou mais atenção durante a pandemia, e, embora não hajam estudos detalhando a participação de pessoas com deficiências no comércio, há um aumento de consumidores dessa fatia do mercado. A vinda da norma técnica, além de facilitar a vida de uma pessoa que não consegue comprar comida porque não encontra um botão no app, pode também aumentar o faturamento das empresas.
“O cumprimento desses requisitos permite que pessoas com limitação de enxergar, ouvir, falar, se mover ou compreender possam ter uma experiência digital amigável, com segurança e autonomia, como se espera de sociedade digital em constante evolução”, comentou Mario William Esper, presidente da ABNT, segundo o Mobile Time.