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Mulher é demitida após revelar que estava sendo espionada pela webcam

Por| Editado por Claudio Yuge | 22 de Julho de 2022 às 19h20

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Pexels/cottonbro
Pexels/cottonbro

Uma mulher norte-americana, em regime de home office, foi demitida após descobrir que a empresa para a qual trabalhava a espionava por meio da webcam do computador. O caso viralizou depois que Michae Jay publicou sobre o caso no TikTok, publicação que levou à sua dispensa de uma companhia que prestava serviços de atendimento online para uma fintech.

Na postagem, Jay mostra como seu computador foi travado depois que o sistema, pela câmera, identificou que ela não estava em sua mesa de trabalho. A americana aparece ao fundo, na cozinha da própria casa, e afirma que estava preparando um lanche; a liberação do acesso, agora, dependia da autorização de um supervisor.

Em vídeos também postados no TikTok, ela diz, por exemplo, que a câmera precisava permanecer ligada durante todo o expediente e tirava fotos do que acontecia no ambiente, travando a máquina, por exemplo, quando o funcionário não estava na mesa, era visto mexendo no celular ou quando havia mais alguém no recinto. Ela conta que a orientação da companhia era para que os trabalhadores travassem suas telas sempre que fossem se ausentar ou estivessem na presença de terceiros.

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Jay disse ter sido demitida pelo departamento de recursos humanos da empresa, que associou a dispensa à postagem no TikTok. Entretanto, ao solicitar manuais internos que poderiam incluir proibições relacionadas ao uso de redes sociais, ela afirmou ter sido convidada a uma reunião por meio do Zoom, onde foi informada que, na realidade, estava suspensa até que uma investigação interna sobre o assunto fosse finalizada.

Ainda nas publicações, a mulher afirmou que não lidava com dados sensíveis de clientes, motivos que poderiam justificar bloqueios e práticas de monitoramento como as citadas. Além disso, ela disse que a empresa tinha uma alta rotatividade de funcionários por causa de tais práticas de gestão, bem como um sistema de pagamentos variável, e que não havia sido informada sobre proibições de postagens em redes sociais.

Legislação brasileira não permite monitoramento por câmera

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Em março deste ano, o presidente Jair Bolsonaro (PL) assinou medida provisória que regulamenta uma série de regras para o trabalho em home office ou em regimes híbridos. O monitoramento de funcionários não faz parte dos termos, mas pode ser considerado inconstitucional por violar a privacidade e a intimidade do trabalhador.

“O local monitorado não serve apenas de posto de trabalho, mas também como residência, eventualmente também de sua família”, explica a advogada Maria Helena Autuori, sócia do escritório Autuori Burmann Sociedade de Advogados. “[A Constituição Federal] estabelece que ‘a casa é asilo inviolável do homem’, portanto câmeras de vídeo e microfones invadem essa esfera privada.”

Ela ressalta que existem outros instrumentos tecnológicos que podem ajudar empresas a aferirem a jornada de trabalho de funcionários em regime de home office. Aplicativos de ponto e softwares dedicados ao acompanhamento de produção são exemplos que não incluem a captura de vídeo e áudio e, por isso, não ferem as leis nacionais.

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De acordo com a advogada, tais garantias valem tanto para funcionários em regimes autônomo quanto CLT, bem como a prestadores de serviços de qualquer natureza. “Caso o trabalhador perceba estar sendo espionado por câmeras, deve recolher provas antes de qualquer outra atitude, especialmente documentais e periciais, que lhe permitirão rescindir o contrato de trabalho por falta grave do empregador e pedir indenização por danos morais”, completa Autuori.