Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Análise | NeoGeo Pocket Color Selection traz olhar sobre clássicos desconhecidos

Por| Editado por Jones Oliveira | 30 de Março de 2021 às 13h15

Link copiado!

Divulgação/SNK
Divulgação/SNK

Quase todo fã de games já colocou as mãos em um Game Boy, Nintendo DS, PSP ou até no PlayStation Vita. Devido à representação nacional pela TecToy, muita gente também teve contato com o Game Gear, a única aventura portátil da SEGA. Mas quando se fala na SNK, a história é bem diferente e, para muitos brasileiros, o NeoGeo e, principalmente, sua versão Pocket, eram sonhos distantes.

É justamente por isso que a coletânea de títulos da produtora, lançada em março para o Nintendo Switch, tem ares especiais. Afinal de contas, se trata da primeira vez que os títulos clássicos do NeoGeo Pocket Color ficam disponíveis fora do próprio portátil, chegando a novas audiências e tendo seu alcance multiplicado, além, é claro, de se tornar mais acessível àqueles que foram adeptos do console e, agora, podem ter acesso aos games em uma plataforma contemporânea.

São 10 jogos, considerados como definidores do portátil pela SNK. E em um console da marca, é claro que não poderiam faltar os suspeitos usuais como The King of Fighters, Samurai Shodown, Metal Slug e Fatal Fury, aqui em versões convertidas e que chegam a soar impressionantes em um console com potencial gráfico defasado em relação aos arcades, onde essas sagas nasceram, e sem os controles precisos e cheios de botões dos consoles domésticos onde estes títulos, no começo dos anos 2000, também faziam sucesso.

Continua após a publicidade

A realidade é que, ao olhar os games dessa coletânea, a inventividade chama bastante a atenção. Os personagens assumem o formato Chibi, com cabeções e cores bem pronunciadas, mas não perdem as características originais; Terry, Kyo, Haohmaru e Mai são plenamente reconhecíveis e, mais do que isso, aparecem charmosos, com direito a listas de movimentos e reações semelhantes às suas contrapartes na franquia principal.

Os cenários e trilhas sonoras, claro, são simplificados ou alterados, mas também apresentam um resultado impressionante, em um todo combinado que mostra a capacidade da SNK em converter seus títulos célebres para uma plataforma portátil. Em um tempo no qual nem mesmo consoles de mesa eram capazes de reproduzir fielmente o que víamos nos fliperamas, poder levar uma versão competente para qualquer lugar, ainda que condensada e simplificada, era suficiente para fazer com que os adeptos olhassem o console com atenção.

Continua após a publicidade

A NeoGeo Pocket Color Selection Vol. 1 também faz um trabalho apurado de curadoria, efetivamente entregando, em um pacote, os principais games da plataforma. Estão presentes clássicos como Fatal Fury First Contact e The King of Fighters R-2, assim como Samurai Shodown 2 e The Last Blade. Ideias adicionais aparecem nas lutas de Gals’ Fighters, que capitaliza no sucesso do elenco feminino da principal franquia de luta da SNK, e nos dois títulos de Metal Slug, que levaram aos portáteis o tiroteio, representando que o toque arrojado da produtora não se aplicou, apenas, na conversão de seus games de luta.

Presentes, também, estão títulos menos comentados deste lado do mundo, mas não menos importantes para a história do NeoGeo Pocket. É o caso, por exemplo, de Big Tournament Golf e do curioso Dark Arms: Beast Buster, que mistura elementos de RPG e terror enquanto coloca o jogador para caçar monstros e enfrentar demônios usando armas que evoluem de acordo com o próprio progresso.

Não poderia faltar, claro, SNK Vs. Capcom: The Match of the Millenium, motivo que levou muito aficionado por jogo de luta a querer comprar um NeoGeo Pocket Color. A decisão acertada de levar o crossover, primeiro, ao portátil, fez com que ele desse um salto de popularidade no Japão antes mesmo da chegada de Capcom Vs. SNK: Millenium Fight 2000 aos arcades e Dreamcast, com produção da empresa de Osaka.

Continua após a publicidade

É aqui que aparece, claramente, o maior potencial dos games lançados pela SNK para o portátil. Afinal de contas, não estamos falando de uma conversão ou versão de um game maior, mas de uma série efetivamente pensada para o NeoGeo Pocket Color, que chamou atenção pela ampla quantidade de personagens e, também, pelas diferentes opções, que permitiam tanto batalhas individuais quanto em trios ou grupos, além de conter diversos modos extras.

É interessante ver como a empresa se aproveita da experiência acumulada até ali e, também, faz bom uso dos controles limitados do console, com apenas dois botões e um analógico não muito preciso. O sonho da união entre Ryu e Ryo, Terry e Ken ou Mai Shiranui e Chun-Li se tornou realidade primeiro aqui e, novamente, há de se levar em conta o caráter de acessibilidade trazido pela coletânea que disponibiliza, pela primeira vez, este e os outros títulos em uma plataforma popular e globalmente disponível.

Esse aspecto também passa pela preservação, com os títulos aparecendo no Switch sem adições ou melhorias, exatamente como eram no passado. A NeoGeo Pocket Color Selection traz até mesmo reproduções 3D das caixas e cartuchos originais, para serem “manipulados” pelos jogadores, assim como manuais completos e até mesmo versões digitais de diferentes variantes do próprio portátil, assim como opção de jogar as edições japonesas dos títulos, além das ocidentais.

Continua após a publicidade

Entretanto, esse aspecto também acompanha alguns dos aspectos mais negativos da coletânea, que não traz as tradicionais opções de filtros, bordas ou seleção de tamanho de tela. Por um lado, temos os jogos efetivamente rodando na resolução original do console portátil, por outro, o preciosismo na conservação faz com que boa parte da tela do Switch não seja aproveitada ou exiba apenas elementos estáticos, enquanto os jogos, em si, rodam somente no centro do display.

Outras melhorias de qualidade de vida também poderiam aparecer aqui, como uma correção em quedas nas taxas de frames vistas em jogos como Metal Slug 2nd Mission e Samurai Shodown 2, assim como um pouco mais de precisão nos controles que nem sempre respondem bem aos comandos e uma adaptação dos sistemas de link do console original, que aqui acabaram inutilizados. O que temos, no fim das contas, é uma experiência preservada, para o bem e, também, para o mal.

Jogar a NeoGeo Pocket Color Selection, hoje, é como ver um testamento do porquê a SNK, mesmo após anos mal das pernas, ainda se posiciona como uma das maiores empresas japonesas de jogos eletrônicos. É por meio da inventividade vista em pacotes assim que ela se consagrou e se mantém no coração dos jogadores, enquanto, agora, entrega aos saudosistas e curiosos um pacote elegante e sem firulas, contando uma parte importante de sua história e do caminho complexo percorrido até aqui.

Continua após a publicidade

A NeoGeo Pocket Color Selection Vol. 1 foi lançada em 17 de março de 2021, exclusivamente no Nintendo Switch. No Canaltech, o título foi analisado em cópia digital gentilmente cedida pela SNK.