Review Hades 2 | O rei dos roguelites
Por Diego Corumba • Editado por Jones Oliveira |

Para quem diz que um raio não cai 2 vezes no mesmo lugar, ver Hades 2 brilhar pode até confundir as ideias. Após o estrondoso sucesso do primeiro roguelite, a Supergiant Games acertou de novo com a sua nova experiência.
Na sequência, você controla Melinoe — irmã de Zagreus. Seu objetivo é um só: resgatar o irmão das garras de Cronos, o deus do tempo. Para isso, ela contará com sua própria habilidade e o apoio dos seus parentes olimpianos.
Tudo o que fez sucesso no primeiro retorna em Hades 2, mas não só isso: a aventura expande para melhor todos os elementos do seu antecessor e se estabelece como a jornada definitiva pela mitologia grega dentro do gênero.
Prós
- Ação desenfreada continua em alta
- Personagens extremamente carismáticos
- Boa escalada de dificuldade e da história
Contras
- Pode soar uma “repetição” do anterior
Hades 2 brilha mais
Hades 2 traz tudo que tornou seu antecessor aclamado. A exploração de forma isométrica, a dinâmica dos combates, os cenários criados de forma procedural e o enxame de inimigos que aparece para te atormentar são fatores que foram replicados e mantém sua estrutura emblemática.
A construção é similar, mas tudo parece maior. Melhor. Não digo apenas em questões gráficas, mas também no universo que existe ao seu redor. Os diálogos são riquíssimos, o carisma dos personagens (aliados ou oponentes) é grande e facilmente vai te encantar.
Assim como Hollow Knight: Silksong no início de setembro, Hades 2 me fez sentir que reencontrei algo mágico — que agora sabe bem o que funciona e o que não, para trazer a experiência definitiva que todos buscaram.
Ou seja, se você achava o primeiro “perfeito”, sinto lhe informar que a sequência é o que estabelece o ápice destes padrões criados em 2020. A base está toda ali, agora aperfeiçoada e com diversas nuances para expandir sua percepção sobre suas mecânicas e a própria mitologia grega.
Ação é o ponto principal
Assim como o anterior, Hades 2 já começa te jogando no meio da ação. Não demora nada para ter uma completa ideia de como funcionam os ataques, equipar as habilidades e até as formas como pode interagir com os seres do submundo.
E, caros leitores, não tem nada mais delicioso do que usar as armas de Melinoe para abrir caminho. A cada horda de oponentes que aparecia diante de mim, me lembrava de como era ótimo dilacerá-los em 2020 e como continua incrível em pleno 2025.
Um aspecto importante é que, por ser treinada por Hécate, seus poderes mágicos são mais acentuados do que os do herói anterior. Isso torna a protagonista mais suscetível a usar outras armas, o que traz novas opções dentro do arsenal que se abre conforme avança.
Hades 2 até me surpreendeu, por reverter minhas preferências. Com Zagreus eu adorava usar armas corpo-a-corpo (punhal e espada eram minhas principais escolhas). Com Melinoe, as Chamas Umbrais — varinhas que disparam fogo mágico — descobri uma nova paixão dentro do roguelite.
Cuidado na dificuldade de Hades 2
Toda a construção dos mapas de Hades 2 segue com uma curva de dificuldade afiadíssima. Cenário após cenário, desafios um atrás do outro, tudo cria uma atmosfera que mostra à Melinoe que sua jornada não é apenas contra Cronos, mas também contra ela própria e sua capacidade.
Nenhuma partida que joguei foi um “passeio no parque”, mesmo as que eu avancei com mais facilidade. Chefões são duros na queda, a disposição do mapa pode te atrapalhar e até mesmo a presença de mais objetos interativos que causam dano tornam cada piscar de olhos arriscado.
“Em determinados momentos, você ou o inimigo podem atingir objetos interativos e estourar uma armadilha que muda o rumo da batalha em definitivo” - Diego Corumba
Outro ponto que me encantou em Hades 2 é que o “grande vilão” da experiência não fica parado. Ao contrário do deus dos mortos, ele se cansa de esperar pela ascensão da heroína e se intromete de tempos em tempos — o que pode mudar as coisas subitamente.
Repetição de padrões?
Um aspecto que muitos podem ver de forma mista é que em determinados aspectos ele soa como uma experiência completamente inédita. Trama, presença de personagens carismáticos, mapas, inimigos, chefões, armas, dádivas e outros aspectos trazem todo um frescor que é muito bem-vindo.
Porém, em outros você sente que está vendo mais do mesmo em Hades 2. Em time que está ganhando não se mexe, mas a sequência podia ter se arriscado um pouco mais com inovações. Mesmo empolgado enquanto avançava, muitas coisas me pareciam “familiares demais”.
Ouso dizer que isso funciona bem para quem, assim como eu, jogou em 2020 e queria revisitar este universo 5 anos depois. Porém, se você fez isso de forma mais recente, voltar “tão cedo” assim pode não ser a melhor ideia do mundo.
É importante mencionar que há mudanças, porém elas são bem sutis e integram o pacote que foi herdado do original. Melinoe, por exemplo, possui uma habilidade a mais que Zagreus: ela cria um círculo mágico que acaba desacelerando (ou até paralisando) inimigos.
“Hades 2 é um trabalho de aperfeiçoamento, mas não se distancia muito do que o original estabeleceu” - Diego Corumba
Além disso, temos atividades a mais em Hades 2 conforme avança, assim como mais personagens para interagir e criar fortes conexões no jogo — algo que muitos podem não ter a paciência para “esperar e ver”.
Hades 2 faz lar no Nintendo Switch 2
O desempenho de Hades 2 no Nintendo Switch 2 não foi nada menos do que espetacular. Em grandes resoluções não vi falhas ou problemas durante a execução do jogo, assim como me surpreendeu o alto desempenho enquanto me divertia no modo portátil.
Nem mesmo com o excesso de inimigos em tela, algo que não é tão incomum de acontecer em Hades 2, foram registrados travamentos ou lentidão. Pelo contrário, a dinâmica só me deixava mais empolgado para abrir caminho e chegar aos próximos cenários.
Não é de se estranhar que a Supergiant Games tenha selecionado a plataforma da Nintendo para atendê-la neste primeiro momento entre os consoles de mesa, ao lado dos computadores. Ali é o lar da série e a aventura de Melinoe se encaixa muito bem ao seu formato.
Se você possui um PlayStation ou Xbox em casa, ainda que não existam anúncios, Hades 2 pode eventualmente chegar até eles — assim como o primeiro, que foi disponibilizado após um tempo de sua chegada no Switch e PCs.
Hades 2 vale a pena?
Assim como Hollow Knight há alguns anos, o primeiro Hades criou uma grande comunidade de fãs e se tornou uma das maiores referências dentro do seu próprio gênero. Subir o mundo dos mortos ao lado de Zagreus se tornou emblemático e muitas expectativas giravam em torno do novo jogo.
Dito isso, Hades 2 honra tudo o que foi deixado no passado e eleva o patamar. Isso é tão difícil de conquistar que muitos estúdios e grandes franquias tentam fazer isso e falham —- algo que a indústria gaming está até “acostumada”.
Como sucessor, ele dá um baile e cria a experiência definitiva da Supergiant Games. Porém, é importante ressaltar que não há grandes inovações ou diferenças que vão impactar quem veio do original. Aqui a metodologia é aprimorar, não revolucionar tudo o que tornou o 1º bem-sucedido.
Ou seja, pule em Hades 2 com as expectativas no lugar. Ele é um roguelite excelente e reforça que tudo faz parte de um grande universo que o estúdio independente vem preparando ao longo dos últimos anos. Se você amou o 1º ou busca um novo vício no PC ou Nintendo Switch/Switch 2, é indispensável.
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