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Análise | Remake de Bob Esponja do PS2 é boa surpresa, mas repete erros

Por| 07 de Julho de 2020 às 09h40

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THQ Nordic
THQ Nordic

Bob Esponja é um dos personagens mais icônicos do universo infantil, com episódios na TV há mais de uma década. Contudo, nunca foi um personagem de sucesso nos games. Batalha pela Fenda do Biquíni é um game de 2003, lançado em meio à febre de jogos rentáveis do PlayStation 2 e sua geração.

O cenário era fértil para grandes franquias debutarem nos consoles. O PlayStation 2 vinha com uma base de usuários enorme, que estavam dispostos a testar toda sorte de novas propostas de games. Assim, grandes empresas do entretenimento viram a oportunidade de alçar suas marcas nesse universo, entre elas a Nickelodeon com Bob Esponja.

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Acontece que, apesar do interesse, nem todas as companhias queriam investir tanto para produzir um game de qualidade, motivo pelo qual há tanta coisa ruim inspirada em filmes e séries de TV para o PS2. Também por esse motivo, Batalha pela Fenda do Biquíni não é lá muito inovador. Entretanto, ele é surpreendentemente bem-acabado para sua época, revelando-se um jogo mediano para o sua geração.

Batalha pela Fenda do Biquíni carrega um estilo de ação e coleta de itens em um mapa aberto ao melhor estilo Super Mario 64, Banjo-Kazzoie, Spyro ou Gex. Assim, o jogador entra em uma fase, um ambiente grande em 3D, e precisa coletar itens, resolver missões e, possivelmente, enfrentar um chefão no final.

Agora, em 2020, a THQ Nordic resolveu lançar um remake (até a página dois, mas discutimos isso depois) para as novas gerações de consoles e PC. O game foi refeito com o motor gráfico Unreal Engine 4, que possibilita mudanças gráficas e de jogabilidade. Talvez por isso ele tenha a carinha de “jogo de Bob Esponja feito na Unreal Engine”, com assets genéricos misturados ao carisma do personagem. O game também ganhou músicas remasterizadas, um modo multiplayer e fases que haviam sido cortadas da versão de PlayStation 2.

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Por que raios agora? 

Voltando a 2003, Batalha pela Fenda do Biquíni não foi exatamente o game de maior destaque da época, nem mesmo entre o gênero de aventura em plataforma 3D. Jogos como os citados Super Mario 64, Banjo-Kazooie e até Spyro souberam trabalhar o gênero muito melhor que o jogo de Bob Esponja.

Neste sentido, por que a THQ Nordic estaria interessada em reviver este game que é um grandessíssimo ponto comum da geração do PlayStation 2?

Pesquisas da Newzoo e SuperData apontam que o gamer com poder de compra está na casa dos seus 30 anos agora. Isso quer dizer que lá em 2003, esse jogador estava na sua adolescência quando botou as mãos em Batalha pela Fenda do Biquíni. Assim, a THQ Nordic aposta forte na nostalgia que o estilo e o game podem provocar aos saudosos jogadores do PlayStation 2.

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Ainda, Bob Esponja é um personagem que caminha bem na corda-bamba entre o humor para crianças e adultos. Embora seja focado nos pequenos, também funciona como bom entretenimento para os pais. Por isso, não surpreende que uma das principais novidades deste remake seja exatamente a possibilidade do multiplayer.

O convite aqui é claro: “Oi, você que jogou lá na sua infância este game de Bob Esponja. Era legal, não era? Que tal transmitir este sentimento para seu filho dividindo a aventura com ele?”. Pois bem, se você busca exatamente isso, Batalha pela Fenda do Biquíni é um prato cheio.

Aventura

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A narrativa envolve um experimento que deu errado e faz com que todos os robôs da Fenda do Biquíni se voltem contra os humanos. Na sua inocência, Bob Esponja é convencido a ajudar os outros e lutar contra esses temíveis equipamentos em troca de ganhar algumas espátulas douradas (um item inútil para o personagem, mas que serve como chave para desbloquear novas fases).

Para isso, o jogador precisa entrar em diversos mapas e ajudar outros personagens a se livrarem dos robôs. O que impressiona em Batalha pela Fenda do Biquíni é a quantidade de diferentes mecânicas.

A começar, o jogador pode escolher (mas não livremente) entre Bob Esponja, Patrick e Sandy, cada um com habilidades especiais que também permitem chegar a lugares diferentes nas fases. Por conta disso, o multiplayer também já estava fácil de ser feito já que as fases são projetadas pensando em pelo menos dois personagens cambiáveis.

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Embora tenha um enredo até que bobo e com uma história simples, Batalha pela Fenda do Biquíni diverte pelo texto típico da série, com piadas inocentes e o nonsense típicos do desenho animado. Se você já gosta do programa de TV, vai perceber que o tom se mantém no game.

Remake? 

A versão Rehydrated é uma remasterização do game de 2003. Isso quer dizer que o jogo foi refeito em um novo motor gráfico, agora na Unreal Engine 4. Com isso, esta versão está bem mais bonita e com mais capacidades gráficas que a de 2003.

De fato, os mapas agora têm mais profundidade, com detalhes de grama e efeitos de luz mais bonitos. Se você sobe em uma montanha, por exemplo, é possível ver com detalhes todos os inimigos abaixo, o que não acontecia na versão anterior.

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Ainda, agora também há música remasterizada, trazendo a qualidade de som do desenho para o jogo. Aliás, é preciso atentar para uma falha na versão brasileira: não há dublagem do Wendell Bezerra, somente legendas na nossa língua. Em se tratando de um game com público infantil, esse seria um chamariz e tanto.

Contudo, os aprimoramentos do remake param aí e na possibilidade do multiplayer, sem que haja mudanças em mecânicas que funcionavam muito mal no PlayStation 2. Desta forma, o gancho da Sandy nas fases mais aéreas continua quebrado e com movimentação esquisita, por exemplo.

Como a THQ Nordic apresentou Batalha pela Fenda do Biquíni Rehydrated como um remake, era de se esperar que algumas melhorias pudessem aparecer. Infelizmente, não é o que acontece.

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O game ainda incorre em alguns momentos, embora raros, de queda de frames (aqui os testes foram com PlayStation 4 Slim), principalmente quando você elimina muitos inimigos de uma só vez. A queda é leve, mas perceptível para um game que se propõe como remake, principalmente quando se joga no multiplayer.

Vale a pena? 

Bob Esponja: Batalha pela Fenda do Biquíni Rehydrated é o famoso caso de um remake que não parece exatamente ser necessário, mas que chega como uma boa brisa para o gênero. Desde títulos como Yokaa-Laylee (dos mesmos criadores de Banjo-Kazooie), não há um novo lançamento que explore exatamente esses mesmos elementos de plataforma em 3D, no qual é preciso coletar itens pelo cenário.

Ainda, é uma excelente pedida para dividir o controle com o filho em casa, em um ambiente seguro para ele. Pode ter certeza que o jogo não trará temas nocivos, nem palavras inapropriadas para os pequenos.

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Contudo, ele ainda é um jogo de 2003, com um envelope de game de 2020, com todos os problemas de jogabilidade e design antiquado que um jogo mediano do PlayStation 2 pode ter atualmente. A falha fica em não atualizar algumas mecânicas e arrumar problemas da sua versão mais antiga.

Assim, Bob Esponja: Batalha pela Fenda do Biquíni Rehydrated é uma boa pedida para uma diversão leve e compartilhada, com o texto característico que a série animada já entrega há anos na TV.

O game foi lançado em 23 de junho para PC, Xbox One, PlayStation 4 e Switch. Desenvolvido pela Purple Lamp Studios, ele foi publicado pela THQ Nordic. No Canaltech, a análise foi feita com uma cópia para PlayStation 4 gentilmente cedida pela publicadora.